08 novembro 2006

Não vou dar fome à minha filha!

Esta é frase imperativa, de um filho em resposta às necessidades da sua mãe doente de AVC “ NÃO VOU DAR FOME À MINHA FILHA POR CAUSA DA MINHA MÃE”.
Esta mãe de quem eu falo e passo a citar aqui, será um exemplo de muitas por esse mundo fora. Uma lutadora que sempre protegeu as suas crias, que passou fome, frio as mágoas de uma vida sofrida para criar e educar da melhor forma possíveis os seus rebentos. A preocupação era sempre a mesma, como sobreviver mais um mês para que nada lhes falte?
Limpou escadas, trabalhou em casa das senhoras que lhe davam para lanchar, um pão com bolor e um chá meio frio, trabalhava horas a fio em troca de uns trocados. Tinha que aceitar todas as condições pois as carências eram muitas não podia reivindicar nada vezes nada, porque a porta da rua estava sempre aberta para quem não estivesse satisfeito.
Não conseguiu sequer garantir uma reforma mínima por falta dos descontos que lhe eram negados, foi-lhe atribuída a mínima quando fez 65 anos de idade, uma quantia de 150 euros, até lá vivia com uma pensão de sobrevivência de 100 euros.
Hoje com 71 anos vive com 350 euros por mês e com muitas necessidades devido ao seu estado de saúde.
Este filho a quem a mãe nada lhe deixou faltar nem mesmo amor, não é rico nem pobre é mais um daqueles que casou e passou a ser filho de pais incógnitos esqueceu-se que um dia teve uma mãe lhe deu a vida com muita honestidade.
Esta mãe deu à luz seis filhos, perdeu dois entre a doença e a miséria mas contendeu com todas as forças por todos de forma igual, agora não passa de um peso, inutilizada, dependente de tudo e de todos.
É com muita honra que digo esta é a minha mãe, de quem eu cuido com muito amor, com o mesmo que ela sempre nos deu.
Não me admira que a sociedade e o governo desprezem estas situações, quando os próprios filhos rejeitam e negam ajuda aos próprios pais. Talvez se lembrem deles no dia dos fies.



Conceição Bernardino

2 comentários:

Anónimo disse...

Cara Conceição,que belo post.

A realidade nua,cruel na primeira pessoa.

Bonito ter uma filha como a Conceição,nos dias que correm.Bonito amar,reconhecer o sofrimento de quem na vida lutou para que seus filhos crescessem,com as mcontingências naturais de uma civilização cruel,real,mas assim é a vida.

Quando os filhos esquecem os PAIS,que poderemos esperar nós deste povo!Que Portugal e mundo construimos hoje?

Obrigado Conceição

Mário Relvas

Mário Margaride disse...

É verdade Conceição. Ainda há mães verdadeiras, de corpo inteiro!
Daqui lhes presto a minha homenagem.
Um beijo
M.Margaride

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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