22 janeiro 2007

Dito e escrito...

A Nefasta Hiperdemocracia dos Nossos Tempos

Ninguém, creio eu, deplorará que as pessoas gozem hoje em maior medida e número que antes, já que têm para isso os apetites e os meios. O mal é que esta decisão tomada pelas massas de assumir as actividades próprias das minorias, não se manifesta, nem pode manifestar-se, só na ordem dos prazeres, mas que é uma maneira geral do tempo. Assim (...) creio que as inovações políticas dos mais recentes anos não significam outra coisa senão o império político das massas. A velha democracia vivia temperada por uma dose abundante de liberalismo e de entusiasmo pela lei. Ao servir a estes princípios o indivíduo obrigava-se a sustentar em si mesmo uma disciplina difícil. Ao amparo do princípio liberal e da norma jurídica podiam atuar e viver as minorias. Democracia e Lei, convivência legal, eram sinónimos. Hoje assistimos ao triunfo de uma hiperdemocracia em que a massa actua directamente sem lei, por meio de pressões materiais, impondo suas aspirações e seus gostos.

É falso interpretar as situações novas como se a massa se houvesse cansado da política e encarregasse a pessoas especiais o seu exercício. Pelo contrário. Isso era o que antes acontecia, isso era a democracia liberal. A massa presumia que, no final de contas, com todos os seus defeitos e vícios, as minorias dos políticos entendiam um pouco mais dos problemas públicos que ela. Agora, por sua vez, a massa crê que tem direito a impor e dar vigor de lei aos seus tópicos de café. Eu duvido que tenha havido outras épocas da história em que a multidão chegasse a governar tão directamente como no nosso tempo. Por isso falo de hiperdemocracia.

Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

3 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Relvas, eu acredito na força do Povo e no crescimento dos Movimentos Civicos. Este nosso Blog-Jornal é um exemplo disso.
Basta-nos conjugar orientações e bater-nos por um Portugal Melhor.
Um Abraço

david santos disse...

Olá!
Quando nós tivermos uma perspectiva correta do que é a liberdade, de facto, sem preconceitos, é o que eu quero dizer, aí sim. Aí caminhamos todos, mesmo todos, para uma participação activa e digna. Já quando andamos a apregoar liberdade quando nós próprios de uma forma ou outra temos o "rabo" preso, aqui não. Aqui admitimos sempre não ser possível.
Por isso, como o texto me parece insinuar, os movimentos cívicos morreriam sempre pela base.
Por isso, meus amigos, vamos libertar-nos nós primeiro, pelo menos de alguns preconceitos dos quais ainda estamos imbuídos, e depois vamos ver se haverá ou não a participação geral. Claro que haverá.
Mas temos que partir para os movimentos cívicos, totalmente despidos. Porque se assim não for, nós próprios, ainda que não seja essa a nossa vontade, vamos miná-los.
Abraços para o Ludovicus e para o Relvas.
Parabéns.

Mário Margaride disse...

Aí está uma verdadeira cidadania, meus amigos, Movimentos Cívicos. Mas livres de influências partidárias, ou religiosas. Se não...de nada adiantarão! Estarão sempre condicionados. Mas só assim meus amigos, só assim...

Abraço

M.Margaride

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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