31 outubro 2012

Os milhões roubados ao país - Porque querem alterar a Constituição?


         
Dados históricos
      Caríssimos, eis uma extensa lista dos milhões roubados de Portugal e que agora todos os portugueses têm de pagar. Certo é que os criminosos estão todos à solta, e nem sequer foram apresentados a qualquer julgamento em Tribunal. Chegamos a um ponto em que o poço já não tem fundo, todo dinheiro que lá cai desaparece, sem no entanto se vislumbrar qualquer melhoria nas contas públicas ou qualquer dos indicadores económicos.

 Não será de espantar, dado que, o que o senso comum, está farto de ver e saber,  temos um Governo que não vê e não sabe, não  se apercebe dos logros e erros em que está metido, e teima em levar o país para o abismo.  Pudera, com tão esmerados e sapientes técnicos, doutos "(operadores de calculadora)", que aínda não conseguiram acertar uma só previsão relativamente ao comportamento do mercado. O que nos leva a duvidar da experiência, conhecimentos e das capacidades destes senhores para desempenharem os cargos que ocupam, à frente dos destinos de um País e de um povo. No entanto, se atentarmos nas teorias da conspiração, Clube de BilderbergNWO ( Nova Ordem Mundial ) e Goldman Sachs, então diremos que este Governo está de facto ao serviço dos interesses instalados, do clientelismo e corporativismo da banca e mercados financeiros, encontrando em Vitor Gaspar o mais fiel subdito, que é realmente um bom liquidatário do país ao serviço desses interesses. Segundo a Constituição da República Portuguesa  É TRAIÇÃO.
      Estes senhores estão dar ao desbarato toda a estrutura empresarial do Estado, como se sabe o próprio BPN, foi vendido 60% abaixo do valor de mercado, o que foi um grande negócio para os compradores. Continuam a rapinar o que resta no erário público e lamentávelmente a espoliar toda a sociedade portuguesa.

         
            SERÁ POR ISSO QUE PASSOS COELHO QUER MEXER NA CONSTITUIÇÃO?

          A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, É PARA REPEITAR. ESTE GOVERNO NÃO TEM LEGITIMIDADE POLÍTICA, NÃO TEM O AVAL POPULAR, PARA ALTERAR UMA SÓ VÍRGULA.


 Links em : Não Votem mais neles, pensem...
 http://apodrecetuga.blogspot.com, by Zita.


  • 1 milhão em carros do parlamento.
  • 1,2 milhões por terreno da igreja.
  • 1,5 milhões em festas..
  • 1,6 MIL milhões, devidos BPN
  • 1.000 milhões ajustes directos!
  • 1.341 milhões, prejuízos hospitais.
  • 10 MIL MILHÕES duvidosos
  • 10 mil milhões euros oferecidos, SCUT.
  • 10 mil milhões, enganam TC
  • 10 milhões/minuto imobiliário corrupto.
  • 10.000 euros oferecidos, na lei?
  • 100 milhões roubados impunemente?
  • 1000 milhões para incompetências.
  • 11 negócios ruinosos? Estado compra.
  • 12 mil milhões para 3 bancos
  • 121 milhões DESPERDIÇADOS?
  • 121 universidades e o caos
  • 127 mil euros luxos na EP,sem crise
  • 130 milhões para a AR.
  • 135 votos dão 1 salário min?
  • 14 milhões roubados aos CTT.
  • 14 milhões sem fundos.
  • 15 mil euros por reunião? Ufaa
  • 15 milhões e siga a obra...
  • 150 mil euros em um parecer.
  • 152 MIL sobe a despesa pública/minuto
  • 16 mil milhões para a EDP??
  • 16 milhões em 10 minutos
  • 16.800 euros, desviados no PSD.
  • 161 milhões do povo, oferecidos EDP
  • 178 MILHÕES MAL GERIDOS.
  • 19 milhões oferecidos. Gebalis/ PSD
  • 196 mil em disco party!
  • 1º lugar carga fiscal?
  • 2 euros, valem nossos palácios?
  • 2 milhões para a Palestina.
  • 2,2 milhões em abortos de luxo.
  • 2,2 milhões luxos do IFAP
  • 2,5 milhões em subsídios políticos.
  • 2,5 milhões ninguém se entende
  • 2,6 igreja na Madeira.
  • 2.7 MIL milhões gastos ao acaso.
  • 20 mil/euros candeeiros escola Tomar.
  • 200 mil de luvas, provadas mas ignoradas.
  • 200 mil/mês em hospitais fantasmas.
  • 2012 receita desce/despesa sobe?
  • 22.265 euros em tapetes???
  • 224 mil em móveis? ++
  • 235 NOMEAÇOES SÓ NUM MÊS.
  • 24 MIL milhões condenados?
  • 25 milhões para juventude, ou não.
  • 25 milhões para o lixo. Entendam-se
  • 25 MILHÕES POR DIA no SNS, PORQUÊ.
  • 250 euros acabavam com a corrupção!
  • 250 euros/ambulância, matam pobres.
  • 250 milhões/ano para a RTP.
  • 3 classes protegidas da crise??
  • 3 milhões para empresa amiga, Madeira
  • 3 milhões para luzes do Jardim.
  • 3 milhões para Valentim Loureiro
  • 3 milhões, por 100m de areia na Madeira
  • 3 países com maior desigualdade social
  • 3,5 MIL milhões para poupar?
  • 3,5 milhões perdidos, povo paga.
  • 30 milhoes oferecidos a TV privadas
  • 300 milhões mais buracos BPN
  • 32 milhões, aumento para deputados
  • 33 mil euros em bolos.
  • 33 milhões perdidos, pavilhão atlantico
  • 33mil euros/dia, luxo da selecção.
  • 35 milhões ás moscas.
  • 383 milhões família Sócrates!
  • 4 milhões em caixotes, IPO
  • 4 VIDEOS que ofendem, pasme
  • 4,4 milhões ruinosos, no Seixal.
  • 400 carros luxo nas AP.
  • 41 mil milhões irregulares, TC
  • 41% dos portugueses não usa net
  • 43 milhões para"alcatifas" de Braga.
  • 45 mil/mês, Catroga merece mais.
  • 461mil, rotunda do Jardim.
  • 47 ajustes directos a fantasma
  • 47milhões, BPN sempre a subtrair.
  • 48 airbus...foi o que nos roubaram!?
  • 485 milhões entre amigos e família.
  • 49 mil directos para imagem
  • 5 mil milhões desperdiçados, Álvaro
  • 5 milhoes directos.
  • 5 milhões em tanques inúteis.
  • 5 milhões por 1 juiz?
  • 5 milhões vivem do estado
  • 5,9 milhões para fundações? Vergonha...
  • 50 mil milhões das estradas, para os privados?
  • 50 Milhões, saque disfarçado?
  • 500 MIL EM PALESTRA CTT.
  • 500 mil euros para rali!
  • 500 milhões prenda para Portugal 2012
  • 53 mil euros/mês para médico
  • 545 milhões de prejuízo, multa de 7000?
  • 58 euros em flores, por dia.
  • 6 milhões adjudicados a ele próprio.
  • 6.840 euros, vinho de Sócrates.
  • 60 milhões em pareceres e abstrações.
  • 600 mil por piscinas sem nadadores?
  • 600 milhões oferecidos e legais.
  • 600 milhões, BPN soma e segue.
  • 62 MILHÕES EM LUVAS.
  • 64 MIL EUROS DE ALMOÇOS corruptos.
  • 65 milhões ao clube do coração.
  • 665 mil euros. Carros de juízes.
  • 69 milhões só de taxas moderadoras
  • 695 milhões para amigos. Desleal.
  • 7 milhões para João Jardim.
  • 7,27 mil milhões, dividas SS.
  • 70 milhões financiam 3 campanhas
  • 70 milhões para o lixo.
  • 70 milhões, na Madeira, ás moscas.
  • 700 MIL euros perdoados.
  • 744 mil euros para um SPA?
  • 7450 euros, reforma de padre
  • 75 mil para mudar marca???
  • 750 mil para confundir Manoel Oliveira.
  • 77 MILHÕES deve a Madeira?
  • 775 milhões, buraco da CARRIS e luxos
  • 8 milhões fora da lei, no exército.
  • 8 milhões mal gastos
  • 8 milhões só em carros de luxo.
  • 8 milhões, abandonados em Braga.
  • 8 milhões, destino incerto.
  • 8.000 euros/ 2 computadores???
  • 80 milhões pagos por má gestão.
  • 800 carros na EP, viva a fartura
  • 800 mil adjudicados a amigo?
  • 800 mil roubados e devolve 40 mil
  • 81,62 MIL milhões despesa pública?
  • 83 milhões financiam partidos.
  • 83 MILHÕES para nos enganarem?
  • 85 mil euros por preguiça
  • 897 milhões, a ponte é de quem?
  • 9 milhões para as touradas
  • 9,7 milhões para o lixo.
  • 90 mil milhões? Obrigado Sócrates
  • 980 milhões nos cofres da fantasia

  • 26 outubro 2012

    Despesas. Onde as cortar !!!







    Investir para haver crescimento

    Notícia do expresso tem o título Álvaro diz que "sem investimento Portugal não vai crescer" o que é uma verdade incontroversa mas, para investir, é preciso haver capacidade de poupança, é preciso que depois das despesas indispensáveis reste algum saldo disponível, o que para a generalidade dos portugueses está a ser um sonho irrealizável.

    Por isso, pedimos ao Sr ministro Álvaro Santos Pereira o especial favor de explicar essa sua ideia ao «operador de calculadora» Gaspar, alertando-o que a austeridade que aniquila a classe média não permite fazer poupanças que resultem em investimentos, nem sequer desenvolver a economia fazendo compras em novas empresas criadas por estrangeiros.

    Tal investimento só poderá vir dos protegidos do regime (se não optarem pelo offshore ou pelo investimento em outros países), como se vê dos bons resultados a seguir indicados:

    - BPI teve um lucro líquido consolidado de 117,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 15,3% face a idêntico período de 2011

    - Lucros do Totta cresceram para 230,4 milhões nos primeiros nove meses face aos 60,2 milhões registados em igual período de 2011

    - Lucros da Jerónimo Martins cresceram 6,2%

    Mas mesmo esses acabarão por ver secar as suas fontes de enriquecimento, se a política de austeridade continuar em aceleração crescente. Eles não conseguem viver sem clientes apesar da «capitalização dos bancos» a qual também se tornará impossível quando o povo já não tiver um cêntimo que o Estado lhe possa sacar.

    Imagem de arquivo

    A Salvaguarda das famílias de mais baixos rendimentos e a progressividade dos impostos, de Vitor Gaspar é uma grande mentira


    Vítor Gaspar, nas intervenções públicas que tem feito, e também no relatório da proposta de Orçamento do Estado para 2013 (pág. 68), aprovado pela "troika", tem procurado fazer passar a ideia junto da opinião pública de que a proposta de OE-2013 salvaguarda as famílias de mais baixos rendimentos e aumenta a progressividade dos impostos. A análise da proposta de Lei do OE-2013 mostra que isso não é verdade; o que se verifica é precisamente o contrário. Para concluir isso, basta ter presente que o número de escalões diminui de 8 para 5. Qualquer pessoa normal conclui facilmente que a tabela de IRS do ministro é menos progressiva que a atual, no entanto isso está para além da inteligência V. Gaspar. Mas a situação é ainda mais grave, pois a proposta de OE-2013 agrava muito a injustiça fiscal e torna insustentável a vida dos portugueses como vamos mostrar. As palavras do ministro, só podem ser interpretadas como enquadradas numa operação de engano e manipulação da opinião pública.

    85% DO AUMENTO DAS RECEITAS FISCAIS EM 2013 TÊM COMO ORIGEM A SUBIDA DO IRS, E 82% DO RENDIMENTO BRUTO TRIBUTÁVEL EM IRS SÃO RENDIMENTOS DE TRABALHO E DE PENSÕES

    Para se poder ficar com uma ideia como o governo pretende distribuir em 2013 o aumento brutal pelas diferentes classes sociais interessa analisar a repartição das receitas fiscais por impostos. O quadro1, construído com dados constantes do Relatório do OE-2013, mostra isso.

    Quadro 1 – Aumento das receitas de impostos em 2013 e sua repartição
    IMPOSTOS
    2012
    Milhões €
    2013
    Milhões €
    Variação
    Milhões €
    % Variação
    do TOTAL
    IMPOSTOS DIRETOS
    13.896,7 16.635,9 2.739,2 82,5%
    IRS 9.234,9 12.066,3 2.831,4 85,3%
    IRC 4.386,8 4.559,5 172,7 5,2%
    Outros 275,0 10,1 -264,9 -8,0%
    IMPOSTOS INDIRETOS
    18.730,3 19.311,8 581,5 17,5%
    ISP (produtos petrolíferos) 2.143,6 2.173,4 29,8 0,9%
    IVA 13.016,8 13.308,0 291,2 8,8%
    ISV (sobre veículos) 385,5 380,1 -5,4 -0,2%
    Imposto sobre o tabaco 1.350,0 1.386,4 36,4 1,1%
    IABA (bebidas alcoólicas) 170,3 172,9 2,6 0,1%
    Imposto selo 1.429,5 1.649,2 219,7 6,6%
    IUC (veículos) 198,6 198,6 0,0 0,0%
    Outros 36,0 43,2 7,2 0,2%
    TOTAL RECEITA FISCAL
    32.627,0 35.947,7 3.320,7 100,0%
    Fonte: Relatório do OE-2013, pág. 190
    Como revelam os dados do próprio Vítor Gaspar, 85,3% (2.831,4 milhões €) do aumento total de receitas fiscais constante do OE-2013 (3.320,7 milhões €) tem como origem o IRS. E como mostra o quadro 2, construído com os últimos dados divulgados pela Autoridade Tributária e Aduaneira, em 2010 (e a situação em 2013 não é diferente, pois ela tem-se agravado de ano para ano, como revelam também os dados do quadro 2); repetindo, 89,1 % do rendimento bruto sujeito a IRS são rendimento do trabalho e dos pensionistas.

    Quadro 2 – Rendimentos brutos sujeitos a IRS
    CATEGORIAS
    2008
    Milhões €
    2009
    Milhões €
    2010
    Milhões €
    Rendimentos do trabalho e pensões 73.550 75.348 76.907
    RENDIMENTO BRUTO TOTAL (sujeito a IRS) 83.801 85.054 86.267
    % que representam rendimentos do trabalho e pensões no rendimento bruto total sujeito a IRS 87,8% 88,6% 89,1%
    Fonte: Estatísticas - IRS - Autoridade Tributária e Aduaneira
    Portanto, em 2010, apenas 10,9% dos rendimentos brutos totais sujeitos a IRS tiveram como origem rendimentos do capital e da propriedade. Por outro lado, segundo a Autoridade Tributária e Aduaneira, dos 8.502 milhões de IRS liquidado em 2010, apenas 1.606 milhões €, ou seja, 18,9% é que não tiveram qualquer parcela como origem rendimentos do trabalho e de pensões. Afirmar, como fez Vítor Gaspar, que a proposta de OE-2012 aumenta a progressividade dos impostos, estando implícito uma maior justiça fiscal, é faltar deliberadamente à verdade. E isto quando em 2010, segundo o INE, os rendimentos do capital e da propriedade distribuídos atingiram 41.100 milhões €, como revela o quadro 3

    Quadro 3 – Rendimentos de capital (Milhões de euros)
    ANO
    TOTAL
    Juros
    Rendimentos
    Distribuídos
    das Sociedades
    Rendimentos de Propriedade
    atribuídos aos detentores
    de apólices de seguro
    Rendas
    2010 44.084 23.331 17.958 2.189 606
    2011 51.961 32.581 16.657 2.198 526
    Fonte: INE, Contas económicas anuais para o total economia, 2012
    Todos estes rendimentos deviam ser declarados à Autoridade Tributária e Aduaneira. No entanto, como rapidamente se conclui, comparando os dados de 2010 divulgados no Portal das Finanças e pelo INE, uma parte muito importante dos rendimentos do capital não está sujeita a IRS, e não o paga imposto, ou porque está isenta ou porque foge ao fisco. Por isso são os trabalhadores e pensionistas que suportam a esmagadora maioria da carga fiscal do IRS.

    AS SUBIDAS NAS TAXAS DE IMPOSTOS DOS ESCALÕES MAIS BAIXOS MUITO SUPERIORES À DOS ESCALÕES MAIS ALTOS DE RENDIMENTO, AGRAVANDO AINDA MAIS A INJUSTIÇA FISCAL

    Comecemos por analisar as alterações que se verificam nas taxas da tabela de IRS. Contrariamente ao que afirma Vítor Gaspar não se regista uma maior progressividade do imposto; o que realmente sucede é que se observa um agravamento ainda maior da injustiça fiscal em consequência das novas tabelas de IRS como o gráfico 1 revela.


    '.


    Os escalões do gráfico foram construídos com base nas tabelas de IRS de 2012 e de 2013 mas de forma que permitisse fazer uma análise comparativa. O aumento percentual que se verifica na taxa de IRS entre 2012 e 2013 (em 2012, inclui a taxa de solidariedade de 2,5% sobre rendimentos superiores a 153.300€; em 2013 inclui a sobretaxa de 4% e a taxa de solidariedade de 2,5% sobre os rendimentos superiores a 80.000 €; ) é muito mais elevado nos escalões de rendimentos mais baixos do que nos escalões de rendimento mais elevados. Por exemplo, nos três primeiros escalões de IRS que construímos (até 4898€; de 4899 até 7000€; e de 7001€ a 7410€) o aumento da taxa de IRS é, respetivamente de 61%; de 32% e de 132%; enquanto nos três escalões mais elevados (de 61245€ até 66045€; de 66046€ até 80000€; e superior a 80000€) a subida é, respetivamente, de apenas 13%, de 25% e de 11%, portanto subidas muito inferiores às que se verificam nos três escalões mais baixos de IRS. Perante estes dados afirmar que existe equidade é mentir descaradamente para enganar.

    GOVERNO REDUZ AS DEDUÇÕES NO IMPOSTO QUE BENEFICIAVAM PRINCIPALMENTE TRABALHADORES E PENSIONISTAS, AGRAVANDO AINDA MAIS A CARGA FISCAL

    Os media tem falado muito das alterações à tabela IRS, mas têm-se "esquecido" das reduções nas deduções do imposto que também se verificam, cujo efeito negativo deve ser adicionado ao efeito das tabelas, que agrava ainda mais a carga e a injustiça fiscal em 2013.

    Para que se possa avaliar a importância destas deduções, e a dimensão do agravamento da carga fiscal que a sua redução determina, interessa recordar o que aconteceu em 2012, que passou inicialmente despercebido à maioria dos portugueses, mas cujos efeitos serão dramáticos quando, em 2013, tiveram de fazer o pagamento final do IRS referente a 2012. Em 2012, o governo PSD/CDS reduziu a percentagem das despesas de saúde que podem ser descontadas no IRS de 30% para 10%. Segundo dados das Finanças, o valor das despesas de saúde deduzidas pelos contribuintes no IRS rondava os 650 milhões € por ano. A redução de 30% para 10%, significa que, relativamente aos rendimentos de 2012, os portugueses terão de pagar mais 433 milhões € de IRS só como consequência da diminuição desta dedução. Vítor Gaspar pretende não só manter esta redução mas também acrescentar muitas outras como revela o quadro 4.

    Quadro 4 – alterações nas deduções ao imposto e ao rendimento em 2013
    DEDUÇÕES NO IRS
    2012
    2013
    2013-2012
    Dedução à colecta (no IRS) por sujeito passivo de IRS 261 € 214 € -48 €
    Dedução especifica dos rendimentos do trabalho em famílias monoparentais 380 € 333 € -48 €
    Dedução à colecta (no IRS) por cada filho 190 € 214 € 24 €
    Dedução na colecta (no IRS) de juros do credito à habitação 591 € 296 € -295 €
    Dedução na IRS de prestações pagas a cooperativas de habitação 591 € 296 € -295 €
    Regime simplificado (independentes) - rendimento sujeito a IRS 70% 80% 14,3%
    Rendimento da categoria B - Percentagem de retenção 21,5% 25,0% 16,3%

    Para que se possa avaliar os efeitos das alterações das deduções vamos procurar quantificar os efeitos de duas que são: (1) A redução da dedução à coleta por sujeito passivo; (2) A redução dos juros do credito à habitação que podem ser deduzidos no IRS.

    Segundo as estatísticas divulgadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira o número de agregados que liquidam IRS em Portugal ronda os 2 milhões, como cada agregado é constituído, em média, por dois sujeitos passivos dá 4 milhões, o que multiplicado pela diminuição da dedução à coleta por sujeito passivo em 2013 – 48 euros – dá um aumento de imposto estimado em 192 milhões €. Mesmo se admitirmos que um milhão de agregados são constituídos apenas por um sujeito passivo, mesmo assim o aumento de IRS determinado por esta dedução na coleta atinge 144 milhões € a adicionar o aumento de IRS resultante da alteração da tabela de IRS. Este aumento de IRS não é progressivo; é igual (em €) para todos os contribuintes que tenham um rendimento anual sujeito a imposto de 5000€ ou 200.000€.

    Mas o aumento provocado pela redução das deduções não se limita a este. Outra redução que atinge centenas de milhares de famílias trabalhadoras é a diminuição da dedução no IRS de juros de crédito de habitação cujo limite máximo passa de 591€ para 296 €, ou seja, sofre uma redução de 49,9%. A redução do IRS determinada pela dedução dos juros de crédito à habitação deverá rondar atualmente, segundo a Autoridade Tributária e Aduaneira, 570 milhões € (em 2010, de acordo com dados divulgados pelas Finanças, foi de 569 milhões €), uma redução de 49,9% neste valor representa um aumento de IRS que estimamos em 284,5 milhões €. Mesmo admitindo que um terço dos contribuintes tem a dedução majorada em 20% por pertencerem ao 2º escalão do rendimento coletável, mesmo assim o aumento de IRS determinado por esta redução da dedução é de 268 milhões €.

    Se somarmos o aumento de IRS em 2013 determinada pela redução destas duas deduções – 144 milhões € mais 268 milhões € - obtém-se 412 milhões € a juntar ao efeito de agravamento da carga fiscal causada pelas alterações da tabela de IRS.

    Para finalizar, interessa referir a matéria coletável sujeita a IRS dos independentes, nos quais se incluem os chamados "recibos verdes", sendo muito deles trabalhadores por conta de outrem, aumenta, administrativamente de 70% para 80%, o que fará subir o IRS a pagar em14%, e a retenção na fonte sobe de21,5% para 25%, ou seja, aumenta em 16,3% o que provocará uma diminuição no seu rendimento disponível anual, agravando ainda mais a situação difícil em que já se encontram a maioria dos trabalhadores a "recibo verde".

    Perante este quadro geral afirmar, como afirmou Vítor Gaspar, que esta austeridade é equitativa e teve a preocupação de salvaguardar as classes de mais baixos rendimentos, ou é fruto de grande incompetência que o impede de ver as consequências sociais do OE que elaborou, ou então é uma mentira descarada que visa enganar a opinião pública.

    O leitor encontrará em www.eugeniorosa.com , na pasta ULTIMO ESTUDO, a partir de 23/10/2012, uma folha de Excel com dois programas que lhe permitirá, introduzindo os seus dados pessoais (rendimento e composição do agregado familiar), calcular o valor do IRS a pagar em 2012 e em 2013. Faça esses cálculos e prepare-se para uma surpresa muito desagradável .
     
    Concluirá que o seu rendimento liquido disponível sofrerá um corte brutal devido ao aumento do IRS. Os portugueses têm-se de unir para alterar esta situação que é inaceitável e insuportável a qual revela uma total insensibilidade social. E ainda mais quando tais sacrifícios são inúteis pois o país com esta politica afunda-se cada vez mais.

    25 outubro 2012

    " Os juros dos empréstimos bancários: que justificação têm e porque não deveriamos pagá-los?

    Por: Juan Torres López
    in: ganas de escribir


    Qualquer pessoa que tenha precisado de devolver um empréstimo sabe o que significam os juros na hora de pagá-lo. Um empréstimo recebido, por exemplo, a 7% ao ano suporia ter de devolver quase o dobro do capital recebido ao fim de dez anos.

    Tanto é o peso dos juros acarretados pelos empréstimos que durante muito tempo considerou-se que cobrá-los acima de determinados níveis mais ou menos razoáveis era considerado não só um delito de usara como também uma acção imoral, ou inclusive um pecado grave que condenaria para sempre quem o cometesse.

    Hoje em dia, contudo, quase todos os governos eliminaram essa figura delitiva e parece a toda gente natural que se cobrem juros legais de até 30% (isto é o que cobram neste momento os bancos espanhóis aos clientes que ultrapassam a sua linha de crédito) ou que haja países afundados na miséria não exactamente pelo que devem e sim pelo montante dos juros que hão de pagar.

    Os países da União Europeia renunciaram a ter um banco central que os financiassem quando precisassem dinheiro e portanto têm que recorrer à banca privada. Em consequência, ao invés de financiarem-se a 0%, ou a um juro mínimo que simplesmente cobrisse os gastos da administração da política monetária, têm de fazê-lo e 4, 5, 6 ou inclusive a 15% em certas ocasiões. E isso faz com que a cada ano os bancos privados recebam entre 300 mil milhões e 400 mil milhões de euros em forma de juros (tenho, então, de explicar quem esteve e porque por trás da decisão de que o Banco Central Europeu não financiasse os governos?),

    Os economistas franceses Jacques Holbecq e Philippe Derudder demonstraram que a França teve de pagar 1,1 mil milhões de euros em juros desde 1980 (quando o banco central deixou de financiar o governo) até 2006 para fazer frente à dívida de 229 mil milhões existente nesse primeiro ano (Jacques Holbecq e Philippe Derudder, La dette publique, une affaire rentable: A qui profite le système?, Ed. Yves Michel, París, 2009). Ou seja, se a França houvesse sido financiada por um banco central sem pagar juros teria poupado 914 mil milhões de euros e a sua dívida pública seria hoje insignificante.

    Na Espanha verificou-se o mesmo. Nós já pagámos, por conta dos juros (227 mil milhões no total desde então), três vezes a dívida que tínhamos em 2000 e apesar disso ainda continuamos a dever o dobro do que devíamos nesse anos (Yves Julien e Jérôme Duval, España: Quantas vezes teremos de pagar uma dívida que não é nossa? ). Eduardo Garzón calculou que se um baco central houvesse financiado os défices da Espanha desde 1989 até 2011 a 1%, a dívida agora seria também insignificante, de 14% do PIB e não de quase 90% (Situação do cofres públicos se o estado espanhol não pagasse juros de dívida pública) .

    E o curioso é que este juros que os bancos cobram às pessoas, às empresas ou aos governos e que lastram continuamente a sua capacidade de criar riqueza não têm justificação alguma.

    Poder-se-ia entender que alguém cobrasse um determinado juro quando concedesse um empréstimo a outro sujeito se, ao fazê-lo, renunciasse a algo. Se eu empresto a Pepe 300 euros e isso me impede, por exemplo, de passar um fim de semana de férias com a minha família poderia talvez justificar-se que eu lhe cobrasse um juro pela renúncia que faço das minhas férias. Mas não é isso o que acontece quando um banco empresta.

    O que a maioria das pessoas não sabe, porque os banqueiros encarregam-se de dissimular e de que não se fale disso, é que quando os bancos emprestam não estão a renunciar algo porque, como dizia o Prémio Nobel da Economia Maurice Allais, o dinheiro que emprestam não existe previamente e, na verdade, é criado ex nihilo, ou seja, do nada.

    O procedimento é muito simples e o explicamos, Vicenç Navarro e eu, no nosso livro Los amos del mundo. las armas del terrorismo financiero (p. 57 e seguintes):
    "Suponhamos que Pedro se deixa convencer por um banqueiro e deposita os 100 euros de que dispõe num banco, em troca do recebimento de um juro de 4% ao ano. Nesse momento, o banco faz duas anotações no seu balanço, que é o livro onde regista suas contas:

    - Por um lado, anota que tem 100 euros como um activo (os activos são os bens ou direitos sobre outros possuídos por alguém) e, mais concretamente, em dinheiro metálico entregue por Pedro.

    - Por outro, anota que tem um passivo (os passivos são as obrigações de alguém) de 100 euros, uma vez que esse dinheiro é na realidade do Pedro e terá que ser devolvido no momento em que ele o reclame.

    Ao ser feito este depósito tão pouco mudou a quantidade de dinheiro na economia. Continua a haver 100 euros, ainda que agora estejam fisicamente em outro lugar, na caixa do banco.

    Agora suponhamos que outra pessoa, Rebeca, precisa de 20 euros e vejamos o que acontece na economia se Pedro lhe empresta essa quantia ou se for o banco que o faz.

    Se Pedro tem 100 euros e dá 20 em empréstimo a Rebeca a quantidade dinheiro existente na economia continua a ser a mesma: 100 euros, só que agora 20 estão no bolso da Rebeca e 80 continuam no de Pedro. O empréstimo entre particulares não alterou a quantidade dinheiro total ainda que produza um efeito importante: Pedro renunciou a poder gastar uma parte do seu dinheiro, os 20 euros que emprestou a Rebeca.

    Mas o que acontece se não for Pedro quem dá um empréstimo de 20 euros à Rebeca e sim o banco?

    Rebeca irá certamente atemorizada à agência bancária a perguntar-se se o senhor banqueiro lhe fará o favor de concedê-lo. Mas o banqueiro não tem dúvida: desde que recebeu o depósito de Pedro está a pensar que este, com toda a segurança, não vai retirar de repente a quantidade depositada, de modo que se deixar uma parte desses 100 euros depositado para atender aos seus reembolsos e encontrar outra pessoa que deseje um crédito pode fazer um bom negócio desde que lhe cobre mais do que os 4%.

    Quando Rebeca chega ao seu banco, o banqueiro esfrega as mãos e, ainda que certamente disfarce para dissimular quem faz o favor a quem, conceder-lhe-á a seguir o empréstimo desejado de 20 euros a uma taxa certamente superior a 4%, digamos que a 7%.

    Suponhamos que lhe põe essa quantia à sua disposição num depósito em seu nome e que lhe entrega alguns cheques ou um cartão com os quais pode utilizá-lo.

    Quanto dinheiro há na economia no momento em que se concedeu o referido crédito?

    Como a imensa maioria das pessoas pensa que o dinheiro é simplesmente o dinheiro legal, responderá que continua a haver 100 euros. Mas se entendemos que o dinheiro é o que é, ou seja, meios de pagamento, veremos claramente que há mais: Pedro pode fazer pagamentos com o seu livro de cheques no valor de 100 euros e Rebeca pode gastar os 20 euros que lhe deram de empréstimo. Portanto, desde o próprio momento em que se tornou efectivo o empréstimo, na economia há 120 euros em meios de pagamento. Não foram criadas nem moedas nem papel-moeda (continua a existir no valor de 100 euros) mas sim meios de pagamentos a que chamamos dinheiro bancário no valor desses 20 euros".

    É assim que os bancos criam dinheiro a partir do nada quando dão um empréstimo. O banco cria dinheiro na medida em que cria dívida, mas o certo é que esta também se cria a partir do nada: simplesmente anotando o banco no activo do seu balanço que os 100 euros que Pedro havia depositado convertem-se agora em 80 mantidos na caixa e 20 num empréstimo concedido a Rebeca e que esta se obriga a devolver. Se não fosse assim, se o dinheiro que os bancos criam não nascesse do nada, a quantidade de dinheiro não poderia aumentar, uma vez que um bilhete ou uma moeda não se podem reproduzir a partir de si mesmos.

    E se soubermos estas coisas tão simples já poderemos responder à pergunta do título: como se justifica que os bancos cobrem juros quando concedem empréstimos e por que não deveríamos pagá-los?

    A resposta é clara: não há nenhuma justificação e não deveríamos pagá-los porque procedem de dinheiro criado do nada. Se os pagamos é só porque os banqueiros têm um privilégio exorbitante que nos impõem graças ao seu enorme poder.

    Uma agência pública poderia criar esses meios de pagamento sem ânimo de lucro e sem nenhum custo, simplesmente controlando para que se mantenha a proporção adequada entre actividade económica e meios de pagamento.

    Mas quando a criação de dinheiro é convertida no negócio da banca, é lógico que esta o cria sem cessar, promovendo a maior geração de dívida possível. A banca privada tende assim a aumentar a circulação monetária sem necessidade, artificialmente, e sem que ao mesmo esteja a aumentar a circulação de activos reais (porque isto obviamente não está ao seu alcance).

    Está é a razão para que aumente tanto a dívida e não a de vivermos acima das nossas possibilidade ou de se gastar muito em educação ou saúde, como nos dizem sempre.

    Já sabemos portanto o que é preciso fazer para que a economia funcione muito melhor: acabar com o privilégio da banca e impedir que possa criar dinheiro a partir do nada aumentando a dívida.

    Outro dia explicarei a forma alternativa como poderia funcionar perfeitamente o sistema bancário sem que os banqueiros desfrutem deste privilégio que nos arruína constantemente.

    24 outubro 2012

    Bruxelas ampara Gaspar

    É ridículo que tenha que ser lembrado aos «operadores de calculadoras» que o défice é o resultado de uma operação aritmética denominada subtracção e que ocorre quando o aditivo é inferior ao subtractivo, isto é, quando as receitas são inferiores às despesas. Dito de forma a ser melhor compreendido, no caso actual, há défice sempre que as despesas são superiores às receitas, quando se gasta mais do que se pode pagar.

    Isso foi explicado no post Governo não pensa em orçamento. Só pensa em receitas, isto é, os «operadores das calculadoras» centraram toda a sua capacidade nas receitas e criaram a austeridade que deu recessão mas, não satisfeitos com os maus resultados, agravaram as medidas antes aplicadas. Depois, o post Défice, receita e despesa. Bruxelas avisa mostrou que a UE pretendia chamar à razão os nossos fanáticos dos números e indiferentes às pessoa, para os levar a ver alternativas e o nosso compatriota João Salgueiro explicou que Há alternativa para a austeridade.

    Mas a obsessão é tal que nada demoveu os autores do OE de seguirem pelo caminho pedregoso que conduz ao despenhadeiro e a UE não resistiu á tentação de intervir ostensivamente para impedir a catástrofe e, depois de os avisos terem batido contra orelhas moucas, decidiu ser mais acutilante e impôs que o Governo tem um mês para apresentar um plano B a Bruxelas, com medidas de redução da despesa, para a eventualidade de a receita fiscal não atingir valor suficiente. Esta medida apresenta-se muito paternalista dado que o Governo parece indiferente ao facto de que a receita fiscal já caiu 4,9% até Setembro.

    E é preciso reflectir que as despesas a reduzir não devem ser aquelas que vão prejudicar os cidadãos mais carentes que, devido à austeridade, já apertam o cinto á volta das vértebras descarnadas. Há que olhar seriamente para o esbanjamento do dinheiro público como as despesas inúteis, não essenciais e desnecessárias, com apoios financeiros às «fundações» que os não mereçam pela fraca qualidade ou ausência de resultados realmente úteis para os cidadãos e/ou com gestão desadequada e exageradamente custosa que só dão benefício para os administradores tachistas da amizade e da «confiança» dos políticos. O mesmo se pode dizer de observatórios sem utilidade prática ou proporcional aos custos, de apoios a actividades sem justificação que não seja apenas o apoio a amigos, de quantidade desnecessária de assessores, de especialistas, de conselheiros, de consultores, etc. Por exemplo, para que servem tantos deputados eleitos pelo povo se, apesar da sua qualidade e quantidade, o Parlamento vai gastar 406 mil euros em estudos encomendados a gabinetes amigos, nos quais, eventualmente, poderão trabalhar deputados?

    Também o Governo, apesar da quantidade de assessores e especialistas, não se poupa à generosidade de encomendar estudos e pareceres a gabinetes de advogados amigos. Recorde-se que o Governo anterior tinha pago centenas de estudos e pareceres a justificar o Aeroporto de Lisboa na OTA, o qual acabou por ser destinado à região de Alcochete. Assim se criam e agravam as crises que resultam no empobrecimento imposto à classe média e baixa, apesar de, ocasionalmente, se ouvir falar do desejo de obter «justiça social».

    Imagem de arquivo

    19 outubro 2012

    Comunicar com objectividade

    Se o aparecimento de responsáveis políticos nos órgãos de comunicação não for para comunicar com verdade, clareza e precisão, pode tornar-se perda de tempo, propaganda ou pantomina de diversão.

    «O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, criticou nesta quinta-feira os anos de governação socialista e acusou o PS de ser o responsável pelo Orçamento do Estado que o Governo apresentou na segunda-feira ao país.»

    No momento actual, nada adianta estar a tomar culpas aos causadores da crise. Esses deveriam estar a contas com a Justiça se ela funcionasse. Os actuais governantes é que têm responsabilidade de resolver todos os problemas agora existentes e procurar, para eles, as melhores soluções. Foi para isso que nos pediram o voto. É para isso que lá estão.

    O nosso papel de eleitores e contribuintes deve ser a crítica civilizada e construtiva para os pressionar a reparar aquilo que não está bem. Um político, por norma, como ser humano, é avesso à mudança, às alterações, e preguiçoso e, diz a experiência que, nada fará se não for pressionado e empurrado.

    O nosso dever é estimular a sua acção para defender os interesses nacionais e melhorar a vida dos portugueses. Fazer isso não é ser do contra, nem revolucionário, é ser patriota, amigo de Portugal.

    O ministro da economia, mostrou grande incompetência ontem por ter dito mal do governo anterior, já saído há quase ano e meio, em vez de mostrar obra feita neste já largo tempo de governação do actual Governo. Ou será que, ao fim de todos estes meses, não tem resultados a mostrar, de que se orgulhe? É pena ver políticos no poder a perder tempo fazendo guerras partidárias, em vez de falarem dos reais problemas que afectam os portugueses. Em momento de grave crise, todos os esforços devem ser orientados para atrair todos os sectores a colaborar na escolha das melhores soluções com consenso alargado, a fim de serem obtidos os melhores resultados para bem dos portugueses. Lutas partidárias não são, neste momento, o que o país mais precisa nem são patrióticas. Façam e digam os resultados, mostrem as razões que os levam a tomar cada decisão. Tal informação, com verdade, transparência e objectividade, é que deve ser o tema das suas palavras em público, para conseguir a maior convergência de esforços.

    Essa é que será a mais eficaz propaganda que os eleitores gostarão de ouvir.

    Imagem de arquivo

    18 outubro 2012

    Londres: O Paraíso para Parasitas

     
    Ler artº completo ( Inglês ) em Global research

     




    (...) A crise económica global é uma bênção para as empresas imobiliárias de alta gama, quando milionários e multimilionários do ultramar, fulanos que fogem aos impostos, assaltantes políticos do erário público, abandonam as economias saqueadas e despejam milhares de milhões em mansões e prédios de apartamentos. Senhorios monárquicos super-ricos dos estados déspotas do Golfo juntam-se a especuladores de produtos básicos e aos novos chineses ricos, proprietários de oficinas de exploração desenfreada para licitarem propriedades com códigos postais prestigiados em Belgravia (Ebury Street, Eton Place, e Eton Square) Knightbridge, Mayfair (Park Street). Corpulentos oligarcas russos e a piedosa realeza saudita refastelam-se em mansões na província em Hertfordshire, Herefordshire e Cheshire, com vista para os elegantes jardins ingleses e deliciam-se com o ronronar e as carícias dos seus cortesãos britânicos muito sofisticados, num ou noutro das suas duas dúzias de quartos. A tolerância do governo britânico e a atitude de abertura para com os oligarcas gangsters russos e albaneses, cujo acesso sangrento à riqueza rivaliza com qualquer padrinho siciliano, lubrificam as rodas para a escalada do que o Financial Times opta por chamar de 'indústria' do imobiliário, financiada pela 'comunidade' financeira e alinhada com os 'investidores' dos seguros.

    Os predadores internacionais tomam o chá da tarde às 4 horas, o sherry às 6:30 da tarde. São entretidos pelos mexericos da Corte de Sua Majestade e pela Celebração do Aniversário da Rainha e dedicam-se à vida desportiva (equipas de futebol mais do que polo a cavalo). Cultivam o gosto pela cultura. Acompanhados por especialistas de Oxbridge compram artigos de "colecção" – pinturas no Ordovas em Saville Row, no Richard Nagy em Old Bond Street, no Frank Auerbach em Malborough, esculturas no Jean & Luc Baroni em St. James e vão a joalharias à procura de um Vacheron Constatin.

    Os oligarcas do petróleo do Golfo, que extorquem rendas exorbitantes de energia aos países pobres africanos e asiáticos e os multimilionários chineses e indianos que exploram centenas de milhões de operárias asiáticas e negam aos imigrantes o direito de residência, de descanso e de seguro de saúde, gastaram 9 mil milhões de libras (14,4 mil milhões de dólares) em casas no centro de Londres em 2010-2011. Entre 2011 e meados de 2012, 60 por cento dos compradores no valorizado mercado do centro de Londres foram milionários e multimilionários estrangeiros.

    O regime de Cameron-Clegg exige sacrifícios, austeridade e o apertar do cinto na Grécia, condenando milhões à miséria, ao suicídio e à desolação, enquanto encoraja os 1% do topo dos cleptocratas gregos a "investir" e a residir nos refinados bairros do centro de Londres. Segundo o FMI há 56 mil plutocratas gregos que fogem aos impostos. De acordo com um estudo americano sobre os seus rendimentos anuais, não são declarados 28 mil milhões de euros (36 mil milhões de dólares americanos). A maior parte dos quais é depositada em bancos de Londres ou "investido" em propriedades de luxo em Mayfair, Belgravia ou lá perto. Se as contas ilegais fossem sujeitas a imposto ou, melhor ainda, para pagar a dívida externa, isso obedeceria à lei grega, reduziria o défice e os cortes sociais e talvez vivificasse a economia. Mas respeitar as leis gregas significaria menos comissões para os magnatas do imobiliário em Savells, Marsh and Parsons, Knight Frank; menos contas privadas para o HSBC e para o Barclay's; menos vendas nas galerias de arte sofisticadas; menos utilizadores para as agências de 'acompanhamento' de ambos os sexos.

    O crime compensa. O *FIRE rejubila. Os hospitais públicos encerram. As propinas sobem. As clínicas e escolas privadas dirigidas para os oligarcas do ultramar e para os seus parceiros britânicos florescem. Onde estão "as crises"? Não se encontram no centro de Londres, nem na City; nem no sistema legal; nem nas Forças Especiais. Os especuladores da banca florescem. A litigação judicial entre oligarcas compensa. As guerras sujas mercenárias no Afeganistão, na Líbia, na Síria e noutros locais fornecem contratos lucrativos ao coronel Blimps reformado – segundo as melhores tradições do império.

    As crises? Isso é para a outra Inglaterra do lado de fora da City, que tem os códigos postais errados. Para os trabalhadores que se apinham em salas de urgências, para os pobres que aguardam o despejo do que outrora eram habitações sociais e para que aqueles que estudam e trabalham só possam antever dívidas e empregos sem saída.

    Deus abençoe e amaldiçoe Londres, o Paraíso dos Parasitas!

    *FIRE (sigla para a troika parasita Finance, Insurance and Real Estate (Finanças, Seguros e Imobiliário)
     
    In: globalresearch.ca  11/Out/2012 by James Petras

    17 outubro 2012

    Agora mostrem quanto valem !!!

    Em época de o ministro das Finança levar muita pancada, vinda de variados sectores, inclusivamente da Coligação, ele teve uma atitude de rara ousadia na nossa viciada política, desafiando os deputados a proporem cortes na despesa do Estado.

    Esta atitude vem recordar-me os tempos de rapaz em que se usava a expressão «não és homem nem és nada se não reages ao desafio». Espera-se que os senhores deputados, principalmente os da oposição, aceitem este desafio e evidenciem o seu valor, a sua moralidade, o seu patriotismo e não deixem de indicar ao senhor ministro as soluções tão faladas, e que não exigem invenção, pois basta ir aos países nórdicos e adaptar ao nosso País as soluções que lá usam.

    Só para uma pequena sugestão: cortar a quantidade de deputados, de assessores, de especialistas, de consultores, de apoios a fundações sem utilidade indispensável ou mal geridas, de observatórios não absolutamente necessários, de comissões, de grupos de trabalho, de empresas públicas, de contratos com PPP, dos carros de deputados e de outros servidores do Estado, de municípios, de freguesias e de muitas e diversas mordomias e outras despesas não directamente contributivas para o bom funcionamento da máquina pública e para a vida dos portugueses, etc. etc.

    E não esquecer de legislar para reduzir a burocracia ao mínimo indispensável, para combater eficazmente a corrupção, o tráfico de influências e o enriquecimento ilícito, etc.

    Na verdade, este desafio não pode ser desprezado por deputados patrióticos que queiram mostrar a sua dedicação ao interesse nacional, como deve ser seu apanágio. Não lhes falta campo para dominar a bola que lhes é passada e a devolver à baliza de Vítor Gaspar.

    Ficamos à espera de saber se são homens para isso…

    Imagem de arquivo

    14 outubro 2012

    Cerco a S.Bento 15 de Outubro - 18h





    In: Jornal de Notícias ( on line ) de 14.10.2012
    Com os novos escalões e taxas, há famílias de rendimentos modestos que vão pagar o dobro do IRS em 2013. E até a dedução mais generosa dada a cada filho é aparente, pois só funciona para quem tem mais de três.

    foto KIM KYUNG-HOON/Reuters
    IRS duplica para rendimentos baixos
    Vítor Gaspar, ministro das Finanças
    Os filhos vão dar um desconto adicional de 23 euros ao IRS dos pais, mas esta generosidade, prevista na versão preliminar da proposta de Orçamento do Estado para 2013, é apenas aparente, já que a dedução dos progenitores é reduzida e num valor mais significativo. Este é apenas mais um dos muitos pormenores que contribuirá para que famílias de rendimentos modestos vejam a fatura do IRS duplicar no próximo ano.
    O rearranjo dos escalões e taxas do IRS traz à partida uma garantia: o imposto será mais pesado, quer se ganhe 800, mil, dois mil ou 10 mil euros por mês. Um casal em que cada um dos elementos ganha 820 euros brutos por mês pagará neste ano 693,98 euros de IRS. Em 2013 - se esta versão do OE se mantiver inalterada - terá de entregar ao fisco 1430 euros do seu rendimento. A subida é de 106%.
     
    Vários fatores contribuem para esta situação. A par de um aperto nos escalões e de uma subida das taxas (que basicamente atira para o patamar seguinte uma maior fatia do rendimento), o OE reduz ainda mais os limites das deduções com despesas de educação, casa e saúde e corta até nas deduções pessoais - que estavam inalteradas há anos, porque o seu valor de referência congelou também no salário mínimo a 475 euros. E a aparente subida de crédito fiscal que é dada aos filhos é de seguida retirada aos pais. Ou seja, os primeiros abatiam até agora 190 euros e vão passar a "valer" 213,75 euros. Com os pais sucede o inverso: a sua dedução desce de 261,25 euros para 213,75 euros. Contas feitas, os dependentes valem mais 23 euros, mas cada pai perde 48 euros. A "troca" é mais do que desvantajosa e apenas é eliminada quando há mais de três filhos, porque nestes casos foi criada uma majoração, fazendo com que cada um "desconte" 237,75 euros.
     
    Em 2013, passa a ser possível pela primeira vez optar por continuar a somar as rendas de casas aos restantes rendimentos (de trabalho ou pensões) ou de as sujeitar a uma taxa autónoma de 28%. Mas quem o faça terá também de englobar outros rendimentos, como juros de depósitos ou mais-valias.

    11 outubro 2012

    Camarate - O Crime por julgar! Confissão de Fernando Farinha Simões

                " (...) Eles ganham fortunas para servir interesses estrangeiros criminosos, para se servirem a eles próprios, para colocar a nação ao serviço do tráfico, para nos roubar, para nos enganar, para nos falir e para nos matar... se for preciso?
    O clube Bildberg, a CIA, a Maçonaria, o tráfico de armas, os atentados, os partidos ao serviço de tráfico de armas, parece uma história de países distantes... Ou de filmes americanos!
    Mas é afinal... a história de Portugal? Sá Carneiro e Camarate... (...) " 


    Camarate, volta a estar nos temas de primeira linha. O problema é que já passaram 32 anos e não há meio de se vislumbrar uma investigação séria. Aguardamos pois a 10ª Comissão de Inquérito, precisamente agora que surgem estas confissões!

    "A 8 de Abril de 2012, José Esteves foi visitar Fernando Farinha Simões no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus e recebeu uma carta de 18 páginas com a confissão de Farinha Simões sobre o caso Camarate - que provocou a morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro e ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, a 4 de Dezembro de 1980."
     
     


         "É a confissão de Fernando Farinha Simões, a cumprir pena em Vale de Judeus, da co-autoria no atentado de Camarate que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e os que acompanhavam no Cessna que se despenhou na noite de 4 de Dezembro de 1980 em Camarate.
    A «conexão» denunciada por este autêntico 007 «portuga» envolve a CIA, a secreta francesa, traficantes de armas,  Henry Kissinger, Oliver North, Frank Carlucci, Conselheiros da Revolução, o Grupo Bilderberg e …Francisco Pinto Balsemão".
     
     
     
     Carta de Fernando Farinha Simões escrita em Lisboa,
          26 de Março de 2012
      in: Pastebin  19 de Abril de 2012
       
  • Eu, Fernando Farinha Simões, decidi finalmente, em 2011, contar toda a verdade sobre Camarate. No passado nunca contei toda a operação de Camarate, pois estando a correr o processo judícial, poderia ser preso e condenado. Também porque durante 25 anos não podia falar, por estar obrigado ao sígilo por parte da CIA, mas esta situação mudou agora, ao que acresce o facto da CIA me ter abandonado completamente desde 1989. Finalmente decidi falar por obrigação de consciência.

  • Fiz o meu primeiro depoimento sobre Camarate, na Comissão de Inquérito Parlamentar, em 1995. Mais tarde prestei alguns depoimentos em que fui acrescentando factos e informações. Cheguei a prestar declarações para um programa da SIC, organizado por
  • Emílio Rangel, que não chegou contudo a ir para o ar. Em todas essas declarações públicas contei factos sobre o atentado de Camarate, que nunca foram desmentidos, apesar dos nomes que citei e da gravidade dos factos que referi. Em todos esses relatos, eu desmenti a tese oficial do acidente, defendida pela Polícia Judiciária e pela Procuradoria Geral da Republica. Numa tive dúvidas de que as Comissões de Inquérito Parlamentares estavam no caminho certo, pois Camarate foi um atentado. Devo também dizer que tendo eu falado de factos sobre camarate tão graves.e do envolvimento de certas pessoas nesses factos, sempre me surpreendeu que essas pessoas tenham preferido o silêncio. Estão neste caso o Tenente Coronel Lencastre Bernardo ou o Major Canto e Castro. Se se sentissem ofendidos pelas minhas declarações, teria sido lógico que tivessem reagido. Quanto a mim, este seu silêncio só pode significar que, tendo noção do que fizeram, consideraram que quanto menos se falar no assunto, melhor.

  •  
  • Nessas declarações que fiz, desde 1995, fui relatando, sucessivamente, apenas parte dos factos ocorridos, sem nunca ter feito a narração completa dos acontecimentos. Estavamos ainda relativamente proximos dos aconntecimentos e não quis portanto revelar todos os pormenores, nem todas as pessoas envolvidas nesta operação. Contudo, após terem passado mais de 30 anos sobre os factos, entendi que todos os portugueses tinham o direito de conhecer o que verdadeiramente sucedeu em Camarate. Não quero contudo deixar de referir que hoje estou profundamente arrependido de ter participado nesta operação, não apenas pelas pessoas que aí morreram, e cuja qualidade humana só mais tarde tive ocasião de conhecer, como do prejuízo que constituiu, para o futuro do país, o desaparecimento dessas pessoas. Naquela altura contudo, camarate era apenas mais uma operação em que participava, pelo que não medi as consequências. Peço por isso desculpa aos familiares das vítimas, e aos Portugueses em geral, pelas consequências da operação em que participei.

  •  
  • Gostaria assim de voltar atrás no tempo, para explicar como acabei por me envolver nesta operação. Em 1974 conheci, na África do Sul, a agente dupla alemã, Uta Gerveck, que trabalhava para a BND (Bundesnachristendienst) - Serviços de Inteligência Alemães Ocidentais, e ao mesmo tempo para a Stassi. A cobertura legal de Uta Gerveck é feita atravez do conselho mundial das Igrejas (uma espécie de ONG), e é através dessa fachada que viaja praticamente pelo Mundo todo, trabalhando ao mesmo tempo para a BND e para a Stassi. Fez um livro em alemão que me dedicou, e que ainda tenho, sobre a luta de liberdade do PAIGC na Guiné Bissau. O meu trabalho com a Stassi veio contudo a verificar-se posteriormente, quando estava já a trabalhar para a CIA. A minha infiltração na Stassi dá-se por convite da Uta Gerveck, em l976, com a concordância da CIA, pois isso interessava-lhes muito.
  • Úta Gerveck apresenta-me, em 1978, em Berlim Leste, a Marcus Wolf, então Director da Stassi. Fui para esse efeito então clandestinamente a Berlim Leste, com um passaporte espanhol, que me foi fornecido por Úta Gerveck. 0 meu trabalho de infiltração na Stassi consistiu na elaboração de relatórios pormenorizados acerta das “toupeiras" infiltradas na Alemanha Ocidental pela Stassi. Que actuavam nomeadamente junto de Helmut Khol, Helmut Schmidt e de Hans Jurgen Wischewski. Hans Jurgen Wischewski era o responsável pelas relações e contactos entre a Alemanha Ocidental e de Leste, sendo Presidente da Associação Alemã de Coopenção e Desenvolvimento (ajuda ao terceiro Mundo), e também ia às reuniões do Grupo Bilderberg. Viabilizou também muitas operações clandestinas, nos anos 70 e 80. de ajuda a gupos de libertação, a partir da Alemanha Ocidental. Estive também na Academia da Stassi, várias vezes, em Postdan - Eiche.
  • Relativamente ao relatodos factos, gostaria de começar por referir que tenho contactos, desde 1970, em Angola, com um agente da CIA, que é o jornalista e apresentador de televisão Paulo Cardoso (já falecido). Conheci Paulo Cardoso em Angola com quem trabalhei na TVA - Televisão de Angola na altura.

  •  
  • Em 1975, formei em Portugal, os CODECO com José Esteves, Vasco Montez, Carlos Miranda e Jorge Gago (já falecido). Esta organização pretendia, defender, em Portugal, se necessário por via de guerrilha, os valores do Mundo Ocidental.

  •  
  • Atrav´s de Paulo Cardoso sou apresentado, em 1975, no Hotel Sheraton, em Lisboa, a um agente da CIA, antena, (recolha de informações), chamado Philip Snell. Falei então durante algum tempo com Philip Snell. O Paulo Cardoso estava então a viver no Hotel Sheraton. Passados poucos dias, Philip Snell, diz-me para ir levantar, gratuitamente, um bilhete de avião, de Lisboa para Londres, a uma agência de viagens na Av. de Ceuta, que trabalhava para a embaixada dos EUA. Fui então a uma reunião em Londres, onde encontrei um amigo antigo, Gary Van Dyk, da África do Sul, que colaborava com a CIA. Fui então entrevistado pelo chefe da estação da CIA para a Europa, que se chamava John Logan. Gary Van Dyk, defendeu nessa reunião, a minha entrada para a CIA, dizendo que me conhecia bem de Angola, e que eu trabalhava com eficiência. Comecei então a trabalhar para a CIA, tendo também para esse efeito pesado o facto de ter anteriormente colaborado com a NISS - National Intelligence Security Service ( Agência Sul Africana de Informações). Gary Van Dyk era o antena, em Londres, do DONS - Department Operational of National Security ( Sul Africana ).

  •  
  • Regressando a Lisboa, trabalhei para a Embaixada dos EUA, em Lisboa entre 1975 e 1988, a tempo inteiro. Entre 1976 e 1977, durante cerca de uma ano e meio vivi numa suite no Hotel Sheraton, o que pode ser comprovado, tudo pago pela Embaixada dos EUA. Conduzia então um carro com matrícula diplomática, um Ford, que estacionava na garagem do Hotel. Nesta suite viveu também a minha mulher, Elsa, já grávida da minha filha Eliana. O meu trabalho incluia recolha de informações /contra informações, informações sobre tráfico de armas, de operações de combate ao tráfico de droga, informações sobre terrorismo, recrutamento de informadores, etc. Estas actividades incluem contactos com serviços secretos de outros países, como a Stassi, a Mossad, e a "Boss" (Sul Africana), depois NISS - National Information Sectret Service, depois DONS e actualmete SASS.
  • Era pago em Portugal, reccebendo cerca de USD 5.000 por mês. Nestas actividades facilita o facto de eu falar seis línguas. Actuei utilizando vários nomes diferente, com passaportes fornecidos pela Embaixada dos EUA em Lisboa. Facilitava também o facto de eu falar um dialecto angolano, o kimbundo.
  • A Embaixada dos EUA tinha também uma casa de recuo na Quinta da Marinha, que me estava entregue, e onde ficavam frequentemente agentes e militares americanos, que passavam por Portugal. Era a vivenda "Alpendrada".
  • A partir de 1975, como referi, passei a trabalhar directamente para a CIA. Contudo a partir de 1978, passei a trabalhar como agente encoberto, No chamado "Office of Special Operations", a que se chamava serviços clandestinos, e que visavam observar um alvo, incluindo perseguir, conhecer e eliminar o alvo, em qualquer país do mundo, excepto nos EUA. Por pertencermos a este Office, éramos obrigados a assinar uma clausula que se chamava "plausible denial" que significa que se fossemos apanhados nestas operações com documentos de identificação falsos, a situação seria por nossa conta e risco, e a CIA nada teria a ver com a situação. Nessa circunstância tínhamos o discurso preparado para explicar o que estavamos a fazer, incluindo estarmos preparados para aguentar a tortura.
  • Trabalhei para o "Office of Special Operations ” até 1989, ano em que saí da CIA.
  • Para fazer face a estes trabalhos e operações, as minhas oontas dos cartões de crédito do VISA, American Express e Dinners Club, tinham, cada uma, um planfond de 10.000 USD, que podiam ser movimentados em caso de necessidade. Estes cartões eram emitidos no
  • Brasil, em bancos estrangeiros sedeados no Brasil, como o Citibank, o Bank of Boston ou o Bank of America. Entre 1975 e 1989, portanto durante cerca de 14 anos, gastei com estes cartões cerca de 10 milhões de USD, em operações em diversos paises, nomeadamente pagando a informadores, politicos, militares, homens de negócios, e também traficantes de armas e de drogas, em ligação com a DEA (Drug Enforcement Agency), Existiram outros valores movimentados à parte, a partir de um saco azul, “em cash”, valores esses postos à disposição pelo chefe da estação da CIA, no local onde as operações eram realizadas. Este saco azul servia para pagar despesas como viagens, compras necessárias, etc.

  •  
  • Posso referir que a operação de Camarate, que a seguir irei transcrever custou a preços de 1980 entre 750000 e 1 milhão de USD. Só o Sr, José António dos Santos Esteves recebeu 200000 USD. Estas despesas relacionadas com a operação de Camarate, incluiram os pagamentos a diversas pessoas e participantes, como o Sr. Lee Rodrigues, como seguidamente irei descrever.

  •  
  • Entre 1975 e 1988, partoicipei em vários cursos e seminários em Langley, Virginia e Quantico, pago pela CIA, sobre informação, desinformação, contra-informação. terrorismo, contra-terrorismo, infiltrações encobertas, etc, etc.

  •  
  • Trabalhei em serviços de infiltração pela CIA e pela DEA (Drug Enforcement Agency), em diferentes países, como Portugal, El Salvador, Bolívia, Colômbia,Venezuela, Peru, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Chile, Líbano, Síria, Egipto, Argélia, Marrocos, Filipinas.

  •  
  • A minha colaboração com a DEA, iniciou-se em 1981, através de Richard Lee Armitage.
  • Em 1980, Richard Armitage viria também a estar comigo e com o Henry Kissinger em Paris, Richard Lee Armitage era membro do CFR (Counceil for Foreign Affairs and Relations) e da Organização e Cooperação para a Segurança da Europa (OSCE), criada pela CIA, Richard Armitage era também membro, na altura, do Grupo Carlyle, do qual o CEO era Frank Carlucci. O Grupo Carlyle dedica-se à construcção civil, imobiliário e é uma dos maiores grupos de tráfico de armas no Mundo, junto com o Grupo Haliburton, chefiado por Richard "Dick" Cheney. O Grupo Carlyle pertence a vários investidores privados dos EUA, por regra do Partido Republicano. Este grupo promove nomeadamente vendas de armas, petróleo e cimento para países como o Iraque, Afeganistão e agora para os países da primavera árabe.

  •  
  • A lavagem do dinheiro do tráfico de armas e da droga, era feito, na altura, pelo Banco BCCI, ligado à CIA e à NSA - National Security Agency. O BCCI foi fundado em 1972 e fechado no princípio dos anos 90, devido aos diversos escândalos em que esteve envolvido.

  •  
  • Oliver North pertencia ao Conselho Nacional de Segurança, às ordens de william walker, ex-embaixador dos EUA em El Salvador. Oliver North seguiu e segue sempre as ordens da CIA, dependente de William Casey. Oliver North está hoje retirado da CIA , e é CEO de vários grupos privados americanos, tal como Frank Carlucci.

  •  
     
  • Da DEA conheci Celerino Castilho, Mike Levine. Anabelle Grimm e Brad Ayers, tendo trabalhado para a DEA entre 1975 até 1989. Da CIA trabalhei também com Tosh Plumbey, Ralph Megehee - tenente coronel da NSA, actualmente reformado. Da CIA trabalhei ainda com Bo Gritz e Tatum. Estes dois agentes tinham a sua base de operações em El Salvador, (onde eu também estive durante os anos 80, durante o tráfico Irão - Contras), desenvolvendo nomeadamente actividades com tráfico de armas. Uma das suas operações consistiu no transporte de armas dos EUA para El-Salvador, que eram depois transportadas para o Irão e a Nicarágua. Os aviões, normalmente panamianos e colombianos regressavam depois para os EUA com droga, nomeadamente cocaina, proveniente de países como a Colômbia, Bolivia e El Salvador, que serviam para financiar a compra de armas. Esta actividade desenvolveu-se essencialmente desde os finais dos anos 70 até 1988.
  • A cocaina vinha nomeadamente da Ilha Normans Cay, nas Bahamas, de que era proprietário Carlos Lheder Rivas. Carlos Rivas era um dos chefes do Carte de Medellin, trabalhando para este cartel e para ele próprio. Carlos Rivas era, neste contexto um personagem importante, sendo o braço direito de Roberto Vesco, que trabalhava para a CIA e para a NSA. Roberto Vesco era proprietário de Bancos nas Bahamas, nomeadamente o colombus trust. Carlos rivas fazia toda a logística de Roberto Vesco e forneciam armas a troco de cocaina, nomeadamente ao movimento de guerrilha Colombiano M19. Roberto Vesco está hoje refugiado em Cuba.

  •  
  • O dinheiro das operações de armas e de droga são lavadas no Banco BCCI e noutros bancos, com o nome de código "Amadeus". Há no entanto contas activas nas Bahamas e em Norman's Cay, nas Ilhas Jersey, que gerem contas bancárias, nomeadamente para o tráfico de armas para os “Contras” da Nicarágua, e para o Irão.

  •  
  • Como acima referi, muito desse dinheiro foi para bancos americanos e franceses, o que em parte explicará porquê é que Manuel Noriega foi condenado a 60 anos de prisão, tendo primeiro estado preso nos EUA, depois em França, e actualmente no Panamá. Foi preso porque era conveniente que estivesse calado, não referindo nomeadamente que partilhava com a CIA, o dinheiro proveniente da venda de armas e da venda de drogas. Noriega movimentava contas bancárias em mais de 120 bancos, com conhecimento da CIA. Noriega fazia também parte da operação Black Eagle, dedicada ao tráfico de armas e de droga, que
  • em 1982 se transformou numa empresa chamada Enterprise, com a colaboração de Oliver North e de Donald Gregg da CIA. Em face do grau de informações e de conhecimento que tinha, é fácil de perceber porquê se verificou o derrube e a prisão de Noriega. Devo dizer que estou pessoalmente admirado que não o tenham até agora “suicidado", pois deve ter muitos documentos ainda guardados. Noriega tinha a intenção de contar tudo o que sabia sobre este tráfico, nomeadamente sobre os serviços prestados à CIA e a Bush Pai, tendo por isso sido preso. Washington e a CIA são assim veículos importantes do tráfico de armas e de droga, utilizando nomeadamente os pontos de apoio de South Flórida e do Panamá.

  •  
  • No início dos anos 80 conheci um traficante do cartel de Cali, de nome Ramon Milian Rodriguez, que depois mais tarde perante uma comissão do Senado Americano, onde falou do tráfico de armas e de droga, do branqueamento de dinheiro, bem como das cumplicidades de Oliver North neste tráfico às ordens de Bush Pai e do Donald Gregg.
  • Muito do dinheiro gerado nessas vendas foi para bancos americanos e franceses. Este dinheiro servia também para compras de propriedades imobiliárias. Por estar ligado a estas operações, Noriega foi preso pelos EUA.

  •  
  • Foi numa operação de droga que realizei na Colômbia e nas Bahamas, em 1984, onde se deu a prisão de Carlos Lheder Rivas, do Cartel de Medallin, em que eu não concordei com os agentes da DEA da estação de Maiami, pois eles queriam ficar com 10 milões de dólars e com o avião "lear-jet" provenientes do tráfico de droga. Não concordando, participei desses agentes ao chefe da estação da DEA de Maiami. Este chefe mandou-lhes então levantar um inquerito, tendo sido presos pela própria DEA. A partir de aí a minha vida tornou-se num verdadeiro inferno, nomeadamente com a realização de armadilhas, e detenções, tendo acabado por sair da CIA em 1989, a conselho de Frank Carlucci. O principal culpado da minha saida da CIA foi e da DEA foi John C. Lawn, director da estação da DEA e amigo de Noriega e de outros traficantes. John Lawn encobriu, ou tentou encobrir, todos os agentes da DEA que denunciei aquando da prisão de Carlos Rivas. Ápos a minha saida da CIA, Frank carlucci continuou contudo a ajudar-me com dinheiro, com conselhos e com apoio logístico, sempre que eu precisei até 1994.

  •  
  • Regressando contudo à minha actividade em Portugal, anteriormente a camarate e ao serviço da CIA, devo referir que conheci Frank Carlucci, em 1975, atravez de duas pessoas: um jornalista Português da RTP, já falecido, chamado Paulo Cardoso de Oliveira, que conhecera em Angola, e que era agente da CIA, e Gary Van Dyk, agente da BOSS (Sul Africana) que conheci também em Angola. Mantive contactos directos frequentes com Frank Carlucci, sobretudo entre l975 e 1982, de quem recebi instruções para vários trabalhos e operações. Os meus contactos com Frank Carlucci mantêm-se até hoje, com quem falo ainda ocasionalmente pelo telefone. A última vez que estive com ele foi em Madrid, em 2008, na escala de uma viagem que Frank Carlucci realizou à Turquia.
  • Em Lisboa, também lidei e recebi ordens de William Hasselberg - antena da CIA em Lisboa, que além de recolher informacões em Lisboa actua como elo de ligação entre portugueses e americanos. Tive inclusivamente uma vida social com William Hasselberg, que inclui uma vida nocturna em Lisboa, em diferentes bares, restaurantes, e locais
  • públicos. William Hasselberg gostava bastante da vida nocturna, onde tinha muito gosto em aparecer com as suas diversas “conquistas” femininas. Trabalhei também com outros agentes da CIA, nomeadamente Philip Agee. Neste ambito, trabalhei em operações de
  • tráfico de armas, e em infiltrações em organizações com o objectivo de obter informações políticas e militares, “Billie” Hasselberg fala bem português, e era grande amigo de Artur Albarran, Hasselberg e Albarran conheceram-se numa festa da embaixada da Colômbia ou
  • Venezuela, tendo Albarran casado nessa altura, nos anos 80, com a filha do embaixador, que foi a sua primeira mulher.

  •  
  • Das reuniões que tive com a embaixada americana em Lisboa, a partir de 1978, conheci vários agentes da CIA. O Chefe da estação da CIA em Portugal, John Logan, oferece-me um livro seu autografado. Conheci também o segundo chefe da CIA, Sr. Philip Snell, Sr. James Lowell, e o Sr. Arredondo. Da parte militar da CIA conheci o cor Wilkinson, a partir de quem conheci o coronel Oliver North e o coronel Peter Bleckley. O coronel Oliver North, militar mas também agente da CIA e o coronel Peter Bleckley, são os principais estrategas nos contactos internacionais, com vista ao tráfico e venda de armas, nomeadamente com países como Irão, Iraque, Nicarágua, e o El Salvador. Na sequência do conhecimento que fiz com Oliver North , tendo várias reuniões com ele e com agentes da CIA, por causa do tráfico e negócio de armas. Estas reuniões têm lugar em vários países, como os EUA, o México, a Nicarágua, a Venezuela, o Panamá. Neste último país contacto com dois dos principais adjuntos de Noriega, José Bladon, chefe dos serviços secretos do Panamá, que me disse que práticamente todos os embaixadores do Panamá em todo o Mundo estavam ao serviço de Noriega.

  •  
  • Blandon pediu-me na altura se eu arranjava um Rolls Royce Silver Spirits, para o embaixador do Panamá em Lisboa, o que acabei por conseguir.

  •  
  • Em meados de 1980, Frank Carlucci refere-me, por alto, e pela primeira vez, que eu iria ser encarregue de fazer um "trabalho" de importância máxima e prioritária em Portugal, com a ajuda dele, da CIA, e da Embaixada dos EUA em Portugal, sendo-me dado, para esse efeito, todo o apoio necessário.

  •  
  • Tenho depois reuniões em Lisboa, com o agente da CIA, Frank Sturgies, que conheço pela primeira vez. Frank Sturgies é uma pessoa de aspecto sinistro e com grande frieza, e é organizador das forças anti-castristas, sediadas em Miami, e é elo de ligação com os "contra" da Nicarágua. Frank Sturgies refere-me então, que está em marcha um plano para afastar, definitivamente, (entenda-se eliminar) uma pessoa importante, ligada ao Governo Português de então, sem dizer contudo ainda nomes.
  • Algum tempo depois, possívelmente em Setembro ou Outubro de 1980, jogo ténis com Frank Cariucci quase toda a tarde, na antiga residência do embaixador dos EUA, na Lapa. Janto depois com ele, onde Frank Cartucci refere novamente que existem problemas em Portugal para a venda e transporte de armas, e que Francisco Sá Carneiro não era uma pessoa querida dos EUA. Depois já na sobremesa, juntam-se a nós o General Diogo Neto, o Coronel Vinhas, o Coronel Robocho Vaz e Paulo Cardoso, onde se refere novamente a necessidade de se afastarem alguns obstáculos existentes ao negócio de armas. Todos estes elementos referem a Frank Caducci que eu sou a pessoa indicada para a preparação e implementação desta operação.
  • Em Outubro de 1980, num juntar no Hotel Sharaton onde participo eu, Frank Sturgies (CIA), Vilfred Navarro (CIA), o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas (já falecidos), onde se refere que há entraves ao tráfico de armas que têm de ser removidos. Depois há um outro jatar também no Hotel Sharaton, onde participam, entre outros, eu e o Coronel OliverNorth, onde este diz claramente que "é preciso limar algumas arestas" e "se houver necessidade de se tirar aguém do caminho, tira-se", dando portanto a entender que haverá que eliminar pessoas que criam problemas aos negócios de venda de armas. Oliver North diz-me também que está a ter problemas com a sua própria organização, e que teme que o possam querer afastar e "deixar cair", o que acabou por acontecer.

  •  
  • Há também Portugueses que estavam a benificiar com o tráfico de armas, como o Major Canto e Castro, o General Pezarat Correia, Franco Charais e o empresário Zoio. Sabe-se também já nessa altura que Adelino Amaro da Costa estava a tentar acabar com o tráfico de armas, a investigar o fundo de desenvolvimento do Ultramar, e a tentar acabar acabar com lobbies instalados. Afastar essas duas pessoas pela via política era impossível, pois a AD tinha ganho as eleições. Restava portanto a via de um atentado.

  •  
  • Passados alguns dias, recebo um telefonema do Major Canto e Castro (pertencente ao conselho da revolução), que eu já conhecia de Angola, pedindo para eu me encontrar com ele no Hotel Altis. Nessa reunião está também Frank Sturgies, e fala-se pela primeira vez em "atentado", sem se referirem ainda quem é o alvo. referem que contam comigo para esta operação. O Major Canto e Castro diz que é preciso recrutar alguém capaz de realizar esta operação.

  •  
  • Tenho depois uma segunda reunião no Hotel Altis com Frank Sturgies e Philip Snell, onde Frank Sturgies me encarrega de preparar e arranjar alguns operacionais para uma possível operação dentro de pouco tempo, possívelmente dentro de 2 ou 3 meses. Perguntam-me se já recrutou a pessoa certa para realizar este atentado, e se eu conheço algum perito na fabricação de bombas e em armas de fogo. Respondo que em Espanha arranjaria alguém da ETA para vir cá fazer o atentado, se tal fosse necessário. Quem paga a operação e a preparação do atentado é a Cia e o Major Canto e Castro. Canto e Castro colabora na altura com os serviços Secretos Franceses, para onde entrou através do sogro na época. O sogro era de Nacionalidade Belga, que trabalhava para a SDEC, os serviços de inteligência franceses, em 1979 e 1980. Canto e Castro casou com uma das suas filhas, quando estava em Luanda, em Angola, ao serviço da Força Aérea Portuguesa. Em Luanda, Canto e Castro vivia perto de mim.

  •  
  • Tendo que organizar esta operação, falo então com José Esteves
  • e mais tarde com Lee Rodrigues ( que na altura ainda não conhecia). O elo de ligação de Lee Rodrigues em Lisboa era Evo Fernandes, que estava ligado à resistância moçambicana, a renamo. Falo nessa altura também com duas pessoas ligadas à ETA militar, para caso do atentado ser realizado através de armas de fogo.

  •  
  • Depois, noutro jantar em casa de Frank Carlucci, na Lapa, na Mansarda, no último andar, onde jantamos os dois sozinhos, Frank Carlucci diz abertamente e pela primeira vez, o que eu tinha de fazer, qual era a operação em curso e que esta visava Adelino Amaro da Costa, que estava a dificultar o transporte e venda de armas a partir de Portugal ou que passavam em Portugal, e que havia luz verde dada por Henry Kissinger e Oliver North. Cumprimento ambos, referindo que sou "o homem deles em Lisboa".

  •  
  • Três semanas antes dos atentado, Canto e Castro e Frank Surgies, referem pela primeira vez, que o alvo do atentado é Adelino Amaro da Costa. O Major Canto e Castro afirma que irá viajar para Londres. Frank Sturgies pede-me que obtenha um cartão de acesso ao aeroporto para um tal Lee Rodrigues, que é referido como sendo a pessoa que levará e colocará a bomba no avião.

  •  
  • Recebo depois um telefonema de Canto e Castro, referindo que está em Londres e para eu ir ter lá com ele. Refere-me que o meu bilhete está numa agência de viagens situada na Av. da Republica , junto à pastelaria Ceuta. Chegado a Londres fico no Hotel Grosvenor, ao pé de Victoria Station. Canto e Castro vai buscar-me e leva-me a uma casa perto do Hotel, onde me mostra pela primeira vez, o material, incluindo explosivos, que servirão para confeccionar a "bomba" nesta operação. Essa casa em Londres, era ao mesmo tempo residência e consultório de um dentista indiano, amigo de Canto e Castro, Canto e Castro refere-me que esse material será levado para Portugal pela sua companheira Juanita Valderrama. O Major Canto e Castro pede-me então que vá ao Hotel Altis recolher o material. Vou então ao Hotel acompanhado de José esteves, e recebemos uma mala e uma carta da senhora Juanita, José Esteves prepara então uma bomba destinada a um avião, com esses materiais, com a ajuda de Carlos Miranda.

  •  
  • O Major Canto e Castro volta depois de Londres, encontra-se comigo, e digo-lhe que a bomba está montada. Lee Rodrigues é-me apresentado pelo Major Canto e Castro. Alguns dias depois Lee Rodrigues telefona-me e encontramo-nos para jantar no restaurante galeto, junto ao Saldanha, juntamente com Canto e Castro, onde aparece também Evo Fernandes, que era o contacto de Lee Rodrigues em Lisboa. Fora Evo Fernandes que apresentara Lee Rodrigues a Canto e Castro. Lee Rofrigues era moçambicano e tinha ligações à Renamo. Nesse jantar alinham-se pormenores sobre o atentado. Canto e Castro refere contudo nesse jantar que o atentado será realizado em Angola. Perante esta afirmação, pergunto se ele está a falar a sério ou a brincar, e se me acha com “cara de palhaço"- fazendo tenção de me levantar. Refiro que, através de Frank Carlueci, já estava a par de tudo. Lee Rodrigues pede calma, referindo depois Canto e Castro que desconhecia que eu já estava a par de tudo, mas que sendo assim nada mais havia a esconder.
  • Possivelmente em Novembro, é-me solicitado por Philip Snell que participe numa reunião em Cascais, num iate junto á antiga marina (na altura não existia a actual marina). Vou e levo comigo José Esteves. Essa reunião tem lugar entre as 20 e as 23 horas, nela participando Philips Snell, Oliver North, Frank Sturgies, Sydral e Lee Rodrigues e mais cerca de 2 ou 3 estrangeiros, que julgo serem americanos. Nesta reunião é referido que há que preparar com cuidado a operação que será para breve, e falam-se de pormenores a ter em atenção. É referido também os cuidados que devem ser realizados depois da operação, e o que fazer se algo correr mal. A língua utilizada na reunião é o Inglés. José Esteves recebeu então USD 200.000 pelo seu futuro trabalho. Eu não recebi nada pois já era pago normalmente pela CIA. Eu nessa altura recebia da CIA o equivalente a cinco mil dólares, dispondo também de dois cartões de crédito Diner's Club e Visa Gold, ambos com plafonds de 10.000 Doláres.
  • Lee Rodrigues pede-me então que arranje um cartão para José Esteves entrar no aeroporto.
  • Para este efeito, obtenho um cartão forjado, na mouraria, em Lisboa, numa tipografia que hoje já não existe. Lee rodrigues diz-me também que irá obter uma farda de piloto numa loja ao pé do Coliseu, na Rua das Portas de Santo Antão. A meu pedido, João Pedro Dias, que era carteirista, arranja também um cartão para Lee Rodrigues. Este cartão foi obtido por João Pedro Dias, roubando o cartão de Miguel Wahnon, que era funcionário da TAP.
  • Apenas foi necessário mudar-se a fotografia desse cartão, colocando a fotografia de Lee Rodrigues.
  • José Esteves preparaentão em sua casa no Cacém, um engenho para o atentado. Conta com a colaboração de outro operacional chamado Carlos Miranda, expecialista em explosivos, que é recrutado por mim, e que eu já conhecia de Angola, quando Carlos Miranda era comandante da FNLA e depois CODECO em Portugal. José Esteves foi também um dos principais comandantes da FNLA, indo muitas vezes a Kinshasa.
  • Depois do artefacto estar pronto, vou novamente a Paris. No Hotel Ritz, à tarde, tenho um encontro com Oliver North, o cor. Wilkison e Philip Snell, onde se refere que o alvo a abater era Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa.
  • Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado. É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton. Necesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North , chamado Penaguião. Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro. Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião. Penaguião afirma, de forma fria e directa que sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada! " Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava
  • incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do trático de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas. Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Fico muito receoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado. Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutadda. No final do jantar, juntam-se a nós três o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas.
  • Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi. Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo. Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA. Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS. Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo. Isto é a usual "realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será.
  • Três dias antes do atentado há uma nova reunião, na Rua das Pretas no Palácio Roquete, onde participam Canto e Castro, Farinha Simões, Lee Rodrigues, José esteves e Carlos Miranda. Carlos Miranda colaborou na montagem do engenho explosivo com José Esteves, tendo ido várias vezes a casa de José esteves. Nessa reunião são acertados os últimos pormenores do atentado. Nessa reunião, Lee Rodrigues diz que ele está preparado para a operação e Canto e Castro diz que o atentado será a 3 ou 4 de Dezembro. Nessa reunião é dito que o alvo é Adelino Amaro da Costa. No dia seguinte encontramo-nos com Canto e Castro no Hotel Sheraton, e vamos jantar ao restaurante "O Polícia".
  • No dia 4 de Dezembro, telefono de um telefone no Areeiro, para o Sr. William Hasselberg, na Embaixada dos EUA, para confirmar que o atentado é para realizar, tendo-me este referido que sim. Desse modo, à tarde, José Esteves traz uma mala a minha casa, e vamos os dois para o aeroporto. Conduzo José esteves ao aeroporto, num BMW do José Esteves.
  • Já no aeroporto, José Esteves e eu entramos no aeroporto, por uma porta lateral, junto a um posto da Guarda Fiscal, utilizando o cartão forjado, anteriormente referido. Depois José Esteves desloca-se e entrega a mala, com o engenho, a Lee Rodrigues, que aparece com uma farda de piloto e é também visto por mim. Depois de cerca de 15 minutos, sai já sem a mala, e sai comigo do aeroporto. Separamo-nos, mas mais tarde José esteves encontra-se novamente comigo no cabeleireiro Bacta, no centro comercial Alvalade.
  • Depois José esteves aparece em minha casa com a companheira da época, de nome Gina, e com um saco de roupa para lá ficar por precaução. Ouvi-mos depois o noticiário das 20 horas na televisão, e José Esteves fica muito surpreendido, pois não sabia que Sá Carneiro também ia no avião.
  • Afirma que fomos enganados. Telefona então para Lencastre Bernardo, que tinha grandes ligações à PJ e à PJ Militar, e uma Ligação ao General Eanes, Lencastre Bernardo tem também ligações a Canto e Castro, Pezarat Correia, Charais, ao empresário Zoio a José António Avelar que era ex-braço direito de Canto e Castro. José Esteves telefona-lhe, e pede para se encontrar com ele. Este aceita, pelo que, pelas 23 horas, José Esteves, eu, e a minha mulher Elza, dirigimo-nos para a Rua Gomes Freire, na PJ, para falar com ele. José Esteves sobe para falar com Lencastre Bernardo que lhe tinha dito que não se preocupasse, pois nada lhe sucederia. Passámos contudo por casa de José Esteves pois este temia que aí houvesse já um conjunto de polícias à sua procura, devido a considerarem que ele estava associado à queda do avião em camarate. José Esteves ficou assim aliviado por verificar que não existia aparato policial à porta de sua casa. Vem contudo dormir para minha casa.
  • Alguns dias depois falei novamente com Frank Carlucci. A quem manifestei o meu desconhecimento e ter ficado chocado por ter sabido, depois de o avião ter caído, que acompanhantes e familiares do Primeiro Ministro e do Ministro da Defesa também tinham ido no Avião. Frank Carlucci respondeu-me que compreendia a minha posição, mas que também ele desconhecia que iriam outras pessoas no avião, mas que agora já nada se podia fazer.
  • Em 1981, encontro-me com Victor Pereira, na altura agente da Polícia Judiciaria, no restaurante Galeto, em Lisboa. Conto a Victor Pereira que alguns dos atentados estão atribuidos às Brigadas Revolucionárias, relacionados com a colocação de bombas, foram porém efectuadas pelo José Esteves, como foram os casos dos atentados à bomba na Embaixada de Angola, de Cuba ( esta última com conhecimento de Ramiro Moreira), na casa de Torres Couto, na casa do prof. Diogo Freitas do Amaral, na casa do Eng. Lopes Cardoso, e na casa de Vasco Montez, a pedido deste, junto ao Jumbo em Cascais, para obter sencionalismo á época, tendo José Esteves espalhado panfletos iguais aos da FP25. Não falei então com Victor Pereira de camarate. Tomei conhecimento no entanto que Victor Pereira, no dia 4 de Dezembro de 1980, tendo ido nessa noite ao aeroporto da Portela, como agente da PJ, encontrou a mala que era transportada pelo eng. Adelino Amaro da Costa. Nessa mala estavam documentos referentes ao tráfico de armas e de pessoas envolvidas com o Fundo de defesa do Ultramar. Salvo erro, Victor Pereira entregou essa mala ao inspector da PJ Pedro Amaral, que por sua vez a entregou na PJ. Disse-me então Victor Pereira que essa mala, de maior importância no caso de Camarate, pelas informações que continha, e que podiam explicar os motivos e as pessoas por detrás deste atentado, nunca mais voltou a aparecer. Esta informação foi-me transmitida por Victor Pereira, quando esteve preso comigo na prisão de Sintra, em 1986. Não referi então a Victor Pereira que, como descrevo a seguir, eu tinha já tido contacto com essa mala, em finais de 1982, pelo facto de trabalhar com os serviços secretos na Embaixada dos EUA.
  • Também em 1981, uns meses depois do atentado, eu e o José Esteves fomos ter com o Major Lencastre Bernardo, na Polícia Judiciária, na Rua Gomes Freire. Com efeito, tanto o José Esteves como eu, andávamos com medo do que nos podia suceder por causa do nosso envolvimento no atentado de Camarate, e queríamos saber o que se passava com a nossa protecção por causa de Camarate. Eu não participo na reunião, fico à porta. Contudo José Esteves diz-me depois que nessa conversa Lencastre Bernardo lhe referiu que, numa anterior conversa com Francisco Pinto Balsemão, este lhe havia dito ter tido conhecimento prévio do atentado de Camarate, pois em Outubro de 1980, Kissinger o informou de que essa operação ia ocorrer. Disse-lhe também que ele próprio tinha tido conhecimento prévio do atentado de Camarate. Disse-lhe ainda que podíamos estar sossegados quanto a Camarate, pois não ia haver problemas connosco, pois a investigação deste caso ia morrer sem consequências.
  • A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre Bernardo, num restaurante ao pé do edifício da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro. No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro Ministro de Portugal seria pinto Balsemão. E importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização.
  • Deste modo, aquando da conversa com Lencastre Bernardo, em 1986, relacionei o que ele me disse sobre Pinto Balsemão, com o que tinha ouvido em Paris, em 1980. Tive também esta informação, mais tarde, em 1993, numa conversa que tive com William Hasselberg, em Lisboa, quando este me confirmou de que Pinto Balsemão estava a par de tudo.
  • Em finais de 1982, pelas informações que vou obtendo na Embaixada dos EUA, em Lisboa, verifico que se fala de nomes concretos de personalidades americanas com tendo estado envolvidas em tráfico de armas que passava por Portugal. Pergunto então a William Hasselberg como sabem destes nomes. Ao fim de muitas insistências minhas, William Hasselberg acaba por me dizer que a Pj entregou, na embaixada dos EUA, uma mala com os documentos transportados por Adelino Amaro da Costa, em 4 de Dezembro de 1980, e que ficou junto aos destroços do avião, embora não me tenha dito quem foi a pessoa da PJ que entregou esses documentos. Peço então a William Hasselberg que me deixe consultar essa mala, uma vez que faço também parte da equipa da CIA em Portugal. Ele aceita, e pude assim consultar os documentos aí existentes. que consistiam em cerca de 200 páginas. Pude assim consultar este Dossier durante cerca de uma semana, tendo-o lido várias vezes, e resumido, à mão, as principais partes, uma vez que não tinha como fotografa-lo ou copia-lo.
  • Vejo então, que apesar do desastre do avião, e da pasta de Avelino Amaro da Costa ter ficado queimada, e ter sido substituida por outra, os documentos estavam intactos. Estes documentos continham uma lista de compra de armas, que incluia nomeadamente RPG-7, RPG-27, G3, lança granadas, dilagramas, munições, granadas, minas, rádios, explosivos de plástico, fardas, kalashiskovs AK-47 e obuses. Referia-se também nesses documentos que para se iludir as pistas, as vendas ilegais de armas eram feitas através de empresas de fachada, com os caixotes a referir que a carga se tratava de equipamentos técnicos, e peças sobresselentes para maquinas agrículas e para a construção civil. Esta forma de transportar armas foi-me confirmada várias vezes por Oliver North, no decorrer da década de 80, até 1988, e quando estive em Ilopango, no El Salvador, também na década de 80, verifiquei que era verdade.
  • Nestes documentos lembro-me de ver que algumas armas vinham da empresa portuguesa Braço de Prata, bem como referências de vendas de armas de Portugal e de países de Leste, como a Polónia e a Bulgária, com destino para a Nicarágua, Irão, El Salvador, Colombia, Panamá, bem como para alguns países Africanos que estavam em guerra, como Angola, ANC da África do Sul, Nigéria, Mali, Zimbawe, Quénia, Somália, Líbia, etc. Está também claramente referido nesses documentos que a venda de armas é feita atraves da empresa criada em Portugal chamada "Supermarket" (que operava através da empresa mãe "Black - Eagle").
  • Nos referidos documentos ví também que as vendas de armas eram legais através de empresas portuguesas, mas também havia vendas de armas ilegais feitas por empresas de fachada, com a lavagem de dinheiro em bancos suíços e "off-shores" em nome dos detentores das contas, tanto pessoas civis como militares.
  • As vendas ilegais de armas ocuriam por várias razões, nomeadamente: Em primeiro lugar muitos dos paises de destino, tinham oficialmente sanções e embargos de armas. Em segundo lugar os EUA não queriam oficialmente apoiar ou vender armas a certos países, nomeadamente aos contra da Nicarágua, ou ao Irão e ao Iraque, a quem vendiam armas ao mesmo tempo, e sem conhecimento de ambos. Em terceiro lugar a venda de armas ilegal é mais rentável e foge aos impostos. Em quanto lugar a venda de armas ilegal permite o branqueamento de capitais, que depois podiam ser aproveitados para outros fins.
  • Entre os nomes que vi referidos nestes documentos figuravam:
  • - José Avelino Avelar
  • - Coronel Vinhas
  • - General Diogo Neto
  • - Major Canto e Castro
  • - Empresário Zoio
  • - General Pezarat Correia
  • - General Franco Charais
  • - General Costa Gomes
  • - Major Lencastre Bernardo
  • - Coronel Robocho Vaz
  • - Francisco Pinto Balsemão
  • Francisco Balsemão e Lencastre Bernardo eram referidos como elementos de ligação ao grupo Bildeberg e a Henry Kissinger, Francisco Balsemão pertence também à loja maçónica "Pilgrim", que é anglo-saxónica, e dependente do grupo Bildeberg. Lencastre Bernardo tinha também assinalada a sua ligação a alguns serviços de inteligência, visto ele ser, nos anos 80, o coordenador na PJ e na Polícia Judiciária Militar.
  • Entre as empresas Portuguesas que realizavam as vendas de armas atrás referidas, entre os anos 1974 e 1980, estavam referidas neste Dossier:
  • - Fundição de Oeiras (morteiros, obuses e granadas)
  • - Cometna (engenhos explosivos e bombas)
  • - OGMA (Oficinas Gerais Militares de Fardamento e OGFE (Oficinas de Fardamento do Exercito)
  • - Browning Viana S.A.
  • - A. Paukner Lda, que existe desde 1966
  • - Explosivos da trafaria
  • - SPEL (Explosivos)
  • - INDEP (armamento ligeiro e monições)
  • - Montagrex Lda, que actuava desde 1977, com Canto e Castro e António José Avelar. Só foi contudo oficialmene constituida em 1984, deixando, nessa altura, Canto e Castro de fora, para não o comprometer com a operação de Camarate. A Montagrex Lda operava no Campo Poqueno, e era liderada por António Avelar que era o braço direito de Canto e Castro e também sócio dessa empresa. O escritório dessa empresa no Campo Pequeno é um autentico “bunker", com portas blindadas, sensores, alarmes, códigos nas portas, etc.
  • Canto e Castro e António Avelar são também sócios da empresa inglesa BAE - Systems, sediada no Reino Unido. Esta empresa vede sistemas de defesa, artilharia, mísseis, munições, armas submarinas, minas e sobretudo sistemas de defesa anti-mísseis para barcos.
  • Todos estes negócios eram feitos, na sua maior parte, por ajuste directo, através de brokers - intermediarios, que recebiam as suas comissões, pagas por oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica, etc.
  • Nestes documentos era referido que, como consequência desta vendas de armas, gerava-se um fluxo considerável de dinheiro, a partir destas exportações, legais e ilegais. Estes documentos referiam também a quem eram vendidas estas armas, sobretudo a países em guerra, ou ligados ao terrorismo internacional. Era também referido que todas estas vendas de armas eram feitas com a conivência da autoridade da época, nomeadamente militares como o General Costa Gomes, o General Rosa Coutinho (venda de armas a Angola) e o próprio Major Otelo Saraiva de Carvalho ( venda de armas a Moçambique). Vi várias vezes o nome de Rosa Coutinho nestes documentos, que nas vendas de armas para Angola utilizava como intermediário o general reformado angolano, José Pedro Castro, bastante ligado ao MPLA, que hoje dispõe de uma fortuna avaliada em mais de 500 milhões de USD, e que dividia o seu tempo entre Angola, Portugal e Paris. O seu filho, Bruno Castro é director adjunto do Banco BIC em Angola.
  • No referido dossier estavam também referidos outros militares envolvidos neste negócio de armas, nomeadamente o Capitão Dinis de Almeida, o Coronel Corvacho, o Vera Gomes e Carlos Fabião.
  • Todas estas pessoas obtinham lucros fabulosos com estes negócios, muitas vezes mesmo antes do 25 de Abril de 1974 e até 1980. Era referido que estas pessoas, nomeadamente militares, que ajudavam nesta venda de armas, beneficiavam através de comissões que recebiam. Estavam referidos neste Dossier os nomes de "off-shores", que eram usadas para pagar comissões às pessoas atrás referidas e a outros estrangeiros, por Oliver North ou por outros enviados da CIA. Estas "off-shores" detinham contas bancárias, sempre numeradas.
  • Esta referência batia certo com o que Oliver north sempre me contou, de que o negócio das armas se proporciona através de "off-shores" e bancos controlados para a lavagem de dinheiro.
  • Vale a pena a este respeito referir que no negócio das armas, empresas do sector das obras públicas aparecem frequentemente associadas, como a Haliburton, a Carlyle, ou a Blackwater, (empresa de armas, construção e mercenários), entre outras. Esta relação está referida, há anos, em vários relatórios, nomeadamente nos relatórios do Bribe Payer Index (indice internacional dos pagadores de subornos), que é uma agencia americana. A indicação deste tipo de práticas foi desenvolvida mais tarde, pela Transparency International e pelo Comité Norte Americanos de Coordenação e Promoção do Comercio do Senado Americano, que referem que há muitos anos , mais de 50% do negócio e comercio de armas em Portugal, é feito através de subornos. Os americanos sempre usaram Portugal para o tráfico de armas, fazendo também funcionar a Base das Lajes, nos Açores, para este efeito, nomeadamente depois de 1973, aquando da guerra do Yom Kippur, entre Israel e os países árabes. Este tráfico de armas deu origem a várias contrapartidas financeiras, nomeadamente através da FLAD, que foi usada pela CIA para este efeito. A FLAD recebeu diversos fundos específicos para a requalificação de recursos humanos.
  • Não ví contudo neste Dossier observações referindo referindo que estas vendas de armas eram condenáveis ou que tinham efeitos negativos. Havia contudo uma pequena nota, em que algumas folhas de que se devia tomar cuidade com tudo o que aí estava escrito, e que portanto se devia actuar. Havia também na primeira página um carimbo que dizia "confidentical and restricted".
  • Estas vendas de armas continuaram contudo depois de 1980. Tanto quanto eu sei, estas vendas de armas continuaram a ser realizadas até 2004, embora com um abrandamento importante a partir de 1984, a partir do escandalo das fardas vendidas à Polónia.
  • No referido Dossier estavam também referidas personalidades americanas envolvidas no negócio de armas, nomeadamente Bush (Pai), dick Cheney, Frank Carlucci, Donald Gregg, vários militares, bem como a empresas como a Blackwater. são ainda referidas empresas ligadas aos EUA, como a Carlyle, Haliburton, Black Eagle Enterprise, etc, que estavam a usar Portugal para os seus fins, tanto pela passagem de armas através de portos portugueses, como pelo fornecimento de armas a partir de empresas portuguesas. Tirei apontamentos desses documentos, que ainda hoje tenho em meu poder.

  •  
  • A empresa atrás referida, denominada supermarket, foi criada em Portugal em 1978, e operava através da empresa mão, de nome Black-Eagle, dirigida por William Casey, (membro do CFR(counceil for Foreign Affairs and Relations), ex-embaixador dos EUA nas Honduras e também com ligações à CIA). A empresa supermarker organizava a compra de armas de fabrico soviético, através de Portugal, bem como a compra de armas e munições portuguesas, referidas anteriormente, com toda a cumplicidade de Oliver North. Estas armas iam para entrepostos nas Honduras, antes de serem enviadas para os seus destinos finais. Oliver North pagou muitas facturas destas compras em Portugal, através de uma empresa chamada Gretsh World, que servia de fachada à Supermarket. Mais tarde, cerca de 1985, quando se começou muito a falar de camarate, Oliver North cancelou a operação "Supermarket, e fechou todas as contas bancárias.

  •  
  • Devo ainda referir que William Hasselberg e outros americanos da embaixada dos EUA, em Lisboa, comentaram comigo, várias vezes o que estava escrito neste Dossier.
  • Relativamente a Hasselberg isso era lógico, pois foi ele que me deu o Dossier a ler.
  • Posteriormente comentei também o que estava escrito neste Dossier com Frank Carlucci, que obviamente já tinha conhecimento da informação nele contida.

  •  
  • Tanto William Hasselberg, como membro da CIA, como outros elementos da CIA atrás referidos e outros, comentaram várias vezes comigo o envolvimento da CIA na operação de Camarate e neste negócio de armas. Lembro-me nomeadamente que quando alguém da CIA, me apresentava a outro elemento da Cia, dizia frequentemente "this is the portuguese guy, the one from Camarate, the case in Portugal with the plane!".

  •  
  • As vendas de armas, a partir e através de portugal, foram realizadas ao longo desses anos, pois era do interesse politico dos EUA. A CIA organizou e implementou estas vendas de armas em Portugal, à semelhança do que sucedeu noutros países, pois era crucial para os EUA que certs armas chegassem aos países referidos, de forma não oficial, tendo para isso utilizados militares e empresários Portugueses, que acabaram também por beneficiar dessas endas.

  •  
  • Como anteriormente referi, William Casei e Oliver North estavam, nas décadas de 70 e 80 conluiados com o presidente Manuel Noriega, no escândalo Irão - contras (Irangate). Foi sempre Oliver North que se ocupou da questão dos refénsamericanos no Irão, bem como da situação da América Central. Recebeu pessoalmente por isso uma carta de agradecimentos de George Bush Pai, Vice Presidente à época de Ronald Reagan.

  •  
  • Devo dizer a este respeito que John Bush, filho de Bush Pai, então com 35 anos, a fiver na Flórida, pertencia em 1979 e 1980 ao “Condado de Dade", que era e é uma organização republicana, situada em South Florida, destinada a angariar fundos para as campanhas eleitorais republicanas. John Bush era um dos organizadores de apoios financeiros para os "contra" da Nicarágua.

  •  
  • Conheci também Monzer Al Kasser um grande traficante de armas que tinha uma casa em Puerto Banus em Marbella, e que me foi apresentado, em Paris, por Oliver North, em 1979.
  • Era um dos grandes vendedores de armas para os “Contra” na Nicarágua, trabalhando simultaneamente para os serviços secretos sírios, búlgaros e polacos. Na sua casa em Marbella, referiu-me também que, por vezes, o tráfico de armas era feito através de África, para que no Iraque não se apercebessem da sua proveniência, pois também vendiam ao mesmo tempo ao Irão e mesmoa Portugal. Este tráfico de armas, que estava em curso, desde há vários anos, em 1980, e o começo do caso Camarate.

  •  
  • Através de Al Kasser conheci, em Marbella, no final de 1981, outro famoso traficante de armas, numa festa em casa de Monzer, que se chamava Adrian Kashogi. Kashogi, como pude testemunhar em sua casa, tinha relações com políticos e empresários europeus, árabes e africanos, por regra ligados ao tráfico de armas e drogas.

  •  
  • Sou preso em 1986, acusado de tráfico de drogas. Esta prisão foi uma armadilha montada pela DEA, por elementos que nessa organização não gostavam de mim, por eu ter levado à detenção de alguns deles, como referi anteriormente. Fui então levado para a prisão de Sintra. Estou na prisão com o Victor Pereira,, que aí também estava preso. Sei, em 1986, que estavam a preparar para me eliminar na prisão, pelo que peço à minha mulher Elza, para ir falar, logo que possível com Frank Carlucci. Em consequência disso recebo na prisão a visita de um agente da CIA, chamado Carlston, juntamente com outro americano. estes, depois de terem corrompido a direcção da prisão, incluindo o director, sub-director e chefe da guarda, bem como um elemento que se reformou muito recentemente, da Direcção Geral dos serviços Prisionais, chamada Maria José de Matos, conseguem a minha fuga da prisão. Contribu ainda para esta minha fuga, mediante o recebimento de uma verba elevada, paga pelos referidos agentes americanos esta directora-adjunta da Direcção Geral dos serviços Prisionais. Estes agentes americanos obtêm depois um helicóptero, que me transporta para a Lousã, onde fico cerca de 20 dias. Vou depois para Madrid, com a ajuda dos americanos, e depois daí ara o Brasil. as despesas com a minha fuga da prisão custaram 25000 euros, o que na época era uma quantia elevada.

  •  
  • Só mais tarde no Brasil, depois de 1986, é que referi a José Esteves que sabia que Sá Carneiro ia no avião, contando-lhe a história toda. José Esteves, responde então, que nesse caso, tinha-mos corrido um grande risco. Eu tranquilizei-o, referindo que sempre o apoiei e protegi neste atentado. Dei-lhe apoio no Brasil no que pude. Assegurei-lhe também o transporte para o Brasil, obtendo-lhe um passaporte no Governo Civil de lisboa, entreguei-lhe 750 contos que me foram dados para esse efeito pela embaixada dos EUA, em Lisboa, e arranjei-lhe o bilhete de avião de Madrid para o Rio de Janeiro . Na viagem de Lisboa para Madrid, José Esteves foi levado por Victor Moura, um amigo comum. No Rio de Janeiro ajudei-o a montar uma loja, numa roulote. Como trabalhava ainda para a embaixada dos EUA, em Lisboa, estas despesas foram suportadas pela Embaixada. Ficou no Brasil cerca de dois anos. Eu, contudo andava constantemente em viagem.

  •  
     
  • José Esteves recebe depois um telefonema de Francisco Pessoa de Portugal, onde Francisco Pessoa o aconselha a voltar a Portugal, e a pedir protecção, a troco de ir depor na Comissão de Inquerito Parlamentar sobre Camarate. Esse telefonema foi gravado, mas José Esteves nunca chegou a obter uma protecção formal.

  •  
  • Telefono a Frank Carlucci, em 1987, pedindo-lhe para falar com ele pessoalmente. Ele aceita, pelo que viajo do Brasil, via Miami, para Washington. Pergunto-lhe então, em face do que se tinha falado de Camarate, qual seria a minha situação, se corria perigo por causa de Camarate, e se continuarei, ou não a trabalhar para a CIA. Frank Carlucci responde-me que sim, que continuarei a trabalhar para a CIA, tendo efectivamente continuado a ser pago pela CIA até 1989. Frank Carlucci confirma nessa reunião que puderam contar com a colaboração de Penaguião na operação de Camarate, e que ele, Frank Carlucci, esteve a par dessa participação.

  •  
  • Em 1994, foi-me novamente montada uma armadilha em portugal, por agentes da DEA que não gostavam de mim, por causa da referida prisão de agentes seus, denunciados por mim. Nesta armadilha participam também três agentes da DCITE - Portuguesa, os hoje inspectores Tomé, Sintra e Teófilo Santiago. Depois desta detenção, recebo a visita na prisão de Caxias de dois procuradores do Ministério Público, um deles, se não estou em erro, chamado Femando Ventura, enviados por Cunha Rodrigues, então Procurador Geral da República. Estes procuradores referem-me que me podem ajudar no processo de droga de que sou acusado, desde que eu me mantenha calado sobre o caso Camarate.

  •  
  • Por ser verdade. e por entender que chegou o momento de contar todo o meu envolvimento na operação de Camarate, em 4 de Dezembro de 1980, decidi realizar a presente Declaração, por livre vontade. Não podendo já alterar a minha participação nesta operação,
  • que na altura estava longe de poder imaginar as trágicas consequências que teria para os familiares das vítimas e para o país, pude agora, ao menos, contar toda a verdade, para que fique para a História, e para que nomeadamente os portugueses possam dela ter pleno conhecimento.

  •  
  • Não quero, por ultimo, deixar de agradecer à minha mãe, à minha mulher Elza Simões, que ao longo destes mais de 35 anos, tanto nos bons como nos maus momentos, sempre esteve a meu lado, suportando de forma extraordinária, todas as dificuldades, ausências, e faltas de didicaçâo à familia que a minha profissão impliava. Só uma grande mulher e um grande amor a mim tornaram possível este comportamento. Quero também agradecer à minha filha Eliana, que sempre soube aceitar as consequêncais que para si representavam a minha vida profissional, nunca tendo deixado de ser carinhosa comigo. Finalmente quero agradecer à minha mão que, ao longo de toda a minha vida me acarinhou e encorajou, apesar de nem sempre concordar com as minhas opções de vida. A natureza da sua ajuda e apoio, tiveram para mim uma importância excepcional, sem, as quais não teria conseguido prosseguir, em muitos momentos da minha vida. Posso assim afirmar que tive sempre o apoio de uma família excepcional, que foi para mim decisiva nos bons e maus momentos da minha vida.

  •  
     
    Lisboa, 26 de Março de 2012
  • Fernando Farinha Simões
  • B.I. n.º 7540306

  •  

    Prémio

    Prémio
    Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

    Indicadores de Interesse

    My Popularity (by popuri.us)

    DESDE 11 DE JUNHO DE 2010

    free counters

    Twitter

    eXTReMe Tracker
    My BlogCatalog BlogRank




     Global Voices Online em Português - O mundo está falando. Você está ouvindo?
     Global Voices Online em Português - O mundo está falando. Você está ouvindo?

    Etiquetas