04 janeiro 2008

O ano de todos os aumentos

Passadas que foram as festas de final de ano – merecedoras do meu maior apreço como anarquista, visto que relacionadas com valores tradicionais que o sistema (ainda) não conseguiu destruir – é chegado o momento de enfrentarmos a crua e dura realidade do dia-a-dia deste novo ano de 2008. Quantas promessas de mudança não fizemos todos a nós mesmos e aos nossos entes queridos! Só que alguns, escondidos nos gabinetes do poder, estudaram mil e uma maneiras de nos torpedearem, a nós, cidadãos indefesos.

E tudo começa, como não podia deixar de ser neste neoliberalismo selvagem, à bruta, sem dó nem piedade. Aqueles que, como eu, davam umas fumaças para aliviar a ansiedade, ficaram liminarmente proibidos de o fazer. Confesso que ainda sou do tempo em que tinha o seu efeito social o slogan “É PROIBIDO PROIBIR!”, entre tantos outros ditos libertários... Só que... Deixámos de ser livres! Novas PIDES com outras siglas cercam-nos e vigiam os nossos mais ínfimos gestos.

Um dos piores pesadelos que nos aguardam neste “feliz ano novo” são os aumentos. Não, não são os salariais: esses já vêm cozinhados do ano anterior, com a lógica implacável dos 2,1%, como ninguém ignora. Falo, sim, dos aumentos dos bens e produtos que todos nós, consumidores, vamos ter de pagar, não para viver, mas antes para sobreviver. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, para que possam ter uma ideia completa do que estou a dizer. Por exemplo, o pão, alimento dos pobres, terá um aumento de 30 por cento. Na cidade de Lisboa, em 2007, uma carcaça custava 15 cêntimos. Em 2008 chegará aos 19,5 cêntimos! Será desta a revolução?

7 comentários:

Savonarola disse...

Venho aqui apenas para que possa seguir atentamente os comentários que vos aprouver fazer sobre este post.
Saudações anarquistas

A. João Soares disse...

Caro Savonarola,
Quanto ao fumo, como não sou fumador, gosto de ver que defendam o meu direito a respirar ar que não seja demasiado contaminado; já basta o que sai dos escapes dos carros!
Quanto aos preços, continuo a tentar perceber qual é o conteúdo do «cabaz de compras» que o Governo, ou o Banco de Portugal, utiliza para calcular a inflação de 2,1% quando tudo está aumentar muito mais do que essa percentagem. E os sindicatos acabam por aceitar esse número que lhes é imposto sem justificação honesta. Com as notícias que nos chegam, concluimos que a inflação não ficará abaixo dos 3%. E é por isso que o aumento dos juros esperado pelo BCE virá a ser uma realidade. Andamos a ser explorados mais do que se estivéssemos em regime ditatorial e poucos se manifestam de viva voz contra os partidos que se coligam para partilhar entre si o bolo do PODER. Poucos se dizem determinados a entregar o voto em branco nas próximas eleições, como prova de desprezo pela autodenominada «classe política» e para que a percentagem de vitória acabe por ser reduzida ao mínimo, aos votos dos parasitas do poder, que já são demasiados.
Abraço.

José Lopes disse...

Com uma enorme legião de pobres e com todas as facilidades para despedir por dá cá aquela palha, ou mesmo sem explicações, o patronato está nas suas 7 quintas, podendo praticar o novo tipo de escravatura do séc XXI a exploração desenfreada do factor trabalho. Sou do tempo em que se falava da exploração do homem pelo homem, hoje já poucos se lembram do slogan, embora a grande maioria esteja a ser vítima disso mesmo.
Cumps

david santos disse...

É verdade, Savanora.
Eu subscrevo o comentário de "o guardião" e estou de acordo quando apesar de eles dizerem que somos as vítimas do défice é outra grande mentira. Nunca o défice de 3% será atingido apesar de eles não terem aumentado em 2007 os subsídios nem as reformas. Só estas operações dariam mais 0,3 a 0,5%. Mas todo o bloco central está comprometido com esta mentira. Até o PCP e Bloco de Esquerda estão calados que nem ratos. Estamos (...)! Agora há uma coisa que me choca muito: porque será que o povo, pelo menos o mais oprimido e prejudicado com estas medidas não muda o sentido de voto?
Temos que responsabilizar quem vota nestes partidos. Temos de responsabilizar quem não quer mudar. Temos que responsabilizar quem mantém este estado de coisas. Enquanto não responsabilizarmos os eleitores que os elegem, estaremos sempre a ser enganados. Quer por quem nos governa, já lá vão trinta anos, como pelos próprios eleitores. Mesmo os mais pobres. Se contarmos o número de desempregados, de pobres e de reformados a viverem miseravelmente, verificamos que caso estes queiram, tudo pode mudar. Se não gostam dos partidos que temos, por que não arranjar alternativas? Assim sendo, ainda que pareça muito duro, há muitos espezinhados por estas políticas que fazem parte do seu sustento.
Por quê? É isto que me "estoira com os miolos..."
Parabéns pelo texto e pela forma pormenorizada. Só não entende, quem não quer.

David Santos

Anónimo disse...

Seguindo o seu raciocínio - Será desta a revolução?
j. gonçalves
(magudemagude.blogspot.com

Beezzblogger disse...

Havia de ser desta efectivamente a revolução aliás, devia ser desde que este bloco central de NEOLIBRALISTAS assolaram o poder.

REVOLUÇÃO JÁ!!!

Abraços do Beezz

Anónimo disse...

Amigo Savonarola:A cultura dos bufos voltou a atacar em nome do Estado quase 35 anos após o 25 de Abril.Aínda não temos um Salazar em cada esquina, mas há sempre um candidato da Pide na mesa de um qualquer estabeicimento de restauração!

Esta introdução serve para dar a entender que a hipócrita lei do tabaco saltou(muito inteligentemente)cá para fora na altura certa.Senão vejamos:Enquanto se discute acérridamente a idiotice da lei,não se fala nos escabrosos aumentos com que fomos brindados em 2008!COMEMTAR tal barbaridade(os aumentos), é quase impossivel sem descambar na linguagem, por isso prefiro mesmo dizer:REVOLUÇÃO JÁ
Beijo:MªSoledade Alves

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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