Sou actualmente anarquista por integral convicção política. Mas devo reconhecer que herdei esta mesma ideologia de tantas outras pessoas, mulheres e homens, que, no seu tempo, lutaram contra os poderes instaurados, a bem da liberdade e contra a ditadura e a opressão. Porque lutar contra o poder e o Estado é também afirmar o valor único do indivíduo e do cidadão. Este sistema capitalista neoliberal que se entranhou na nossa sociedade - portuguesa, e ocidental, e oriental, e norte, e sul-americana, e por todo o lado onde coube - tem gradual e subrepticiamente roubado um dos valores mais preciosos pelo qual tanto lutaram gerações: a Liberdade!
Sentados nos largos e confortáveis cadeirões do poder, na Assembleia da República ou nos gabinetes do Executivo, uns quantos figurões - com as costas quentes dos 30 por cento de eleitores que tiveram a ingenuidade de votar neles - decidiram ditar nova Proibição. É proibido fumar! Claro que nada impede uma charutada em pleno Réveillon do Casino, não. Os pobrezinhos é que não podem acender cigarros nas tascas horrorosas onde comem aquelas comidas gordurosas... Isso não, isso já é repugnante e mete nojo. Claro que nenhum agente da PIDE ou da ASAE, melhor dizendo - peço desculpa pelo lapsus linguae «à la Soares» - se atreveria jamais! (*em francês, no original) a entrar no gabinete do Manuel Alegre a multá-lo pelo trigésimo cigarro que estaria a acender naquela tarde. E até acho muito bem que ele fume, porque eu também sou um terrível toxicodependente nicotinómano. Um doente, em suma...
Retomando o meu ideário anarquista, considero-me herdeiro dos saudosos hippies que heroicamente lutaram contra o patriarco-matriarcado imposto pelo bem-estar do pós-guerra. E disseram: É proibido proibir! Os socialisto-capitalistas que agora nos governam entretêm-se a criar leis que, não só complicam a vida às pessoas, como também a eles próprios, porque acabam por ter que desfazer o clausulado das suas próprias leis. O propósito é claro. Já é tudo tão impopular que vamos alienar a sociedade com mais uns quantos shows... Impopulares. Assim, pode ser que as pessoas - esses ignorantes do cigarro ordinário ao canto da boca - se esqueçam da Ota, do desemprego, do custo de vida, dos salários vergonhosos que recebem e também, já agora, dos contratos de trabalho ilegais que são forçadas a assinar de cruz. Para sobreviverem.
Sentados nos largos e confortáveis cadeirões do poder, na Assembleia da República ou nos gabinetes do Executivo, uns quantos figurões - com as costas quentes dos 30 por cento de eleitores que tiveram a ingenuidade de votar neles - decidiram ditar nova Proibição. É proibido fumar! Claro que nada impede uma charutada em pleno Réveillon do Casino, não. Os pobrezinhos é que não podem acender cigarros nas tascas horrorosas onde comem aquelas comidas gordurosas... Isso não, isso já é repugnante e mete nojo. Claro que nenhum agente da PIDE ou da ASAE, melhor dizendo - peço desculpa pelo lapsus linguae «à la Soares» - se atreveria jamais! (*em francês, no original) a entrar no gabinete do Manuel Alegre a multá-lo pelo trigésimo cigarro que estaria a acender naquela tarde. E até acho muito bem que ele fume, porque eu também sou um terrível toxicodependente nicotinómano. Um doente, em suma...
Retomando o meu ideário anarquista, considero-me herdeiro dos saudosos hippies que heroicamente lutaram contra o patriarco-matriarcado imposto pelo bem-estar do pós-guerra. E disseram: É proibido proibir! Os socialisto-capitalistas que agora nos governam entretêm-se a criar leis que, não só complicam a vida às pessoas, como também a eles próprios, porque acabam por ter que desfazer o clausulado das suas próprias leis. O propósito é claro. Já é tudo tão impopular que vamos alienar a sociedade com mais uns quantos shows... Impopulares. Assim, pode ser que as pessoas - esses ignorantes do cigarro ordinário ao canto da boca - se esqueçam da Ota, do desemprego, do custo de vida, dos salários vergonhosos que recebem e também, já agora, dos contratos de trabalho ilegais que são forçadas a assinar de cruz. Para sobreviverem.
11 comentários:
Venho a esta área de comentários, para que possa humildemente seguir via email os comentários que vos aprouver fazer a este post.
Saudações cordiais
Que dizer, Savonarola!?
Não há mais... 100% de acordo. Não é que eu não mande umas "passas", mas...
Parabéns
David Santos
Amigo:É proíbido poíbir, ou devía ser, mas a verdade é que todos nos agachamos e vamos acatando as leis,sejam estas hipócritas ou não!!Eu continuo a fumar o meu cigarrito com o café.Foi questão de fazer uma "busca" e encontrar um café com as condições patéticas exigidas pela dita cuja lei, e encontrei.FELIZMENTE, pois já estava a bater mal.Primeiro porque gosto de fumar ponto.Segundo porque ODEIO que me proíbam o que conquistamos há mais de 30 anos.LIBERDADE
Com amizade
MªSoledade Alves
Creio que será oportuno relembrar que a única LIBERDADE que conseguimos conquistar há 30 anos foi únicamente a liberdade de expressão.
O acto de fumar não pode ser considerado um exemplo representativo dessa liberdade.
Será também oportuno relembrar a todos aqueles que se dizem defensores da "liberdade" que a nossa "liberdade" acaba onde começa a dos outros!
Ora o fumo do cigarro não só prejudica a saúde do fumador como também vai prejudicar a saúde dos não-fumadores presentes.
Pergunto: O fumo dos cigarros que o não-fumador NÃO FUMA vai prejudicar a saúde do fumador?
Esta lei convida o fumador a continuar com a sua liberdade mas desta feita sem prejudicar/negar a liberdade dos não-fumadores.
Estamos em democracia,e numa democracia é salvaguardado o interesse da maioría.
E os Não-Fumadores são a maioría!
Quem desejar defender o direito sagrado e universal da liberdade do ser humano,deve fazê-lo com seriedade e honestidade ...não com conversas de chacha!!
Por isso quem quiser fumar que fume mas que nunca diga que o faz para "honrar" a liberdade!!
Pensador:Só lhe vou pegar numa frase."A nossa liberdade acaba onde começa a dos outros"?! E a liberdade dos outros não acaba onde começa a minha????
Ah,esqueci-me de dizer-lhe que já se nota um cheirinho a saúde por todo o lado e todo o portuguesito poderá chegar aos cem anos finalmente purificado e liberto do maldito fumo dos cigarros!
Dona Maria Soledade,com todo o respeito.
Existe uma palavra chave nesta questão e essa palavra chama-se "Prejudicar".
Quando se diz que "A nossa liberdade acaba onde começa a dos outros",pretende-se dizer que a nossa liberdade não pode de forma alguma prejudicar/ameaçar a liberdade das outras pessoas.
Ora...se no caso do fumador o seu fumo vai prejudicar a saúde dos não-fumadores...o não-fumador por sua vez não vai causar qualquer maleficio aos fumadores por não fumar,pois não?
Podemos ser livres mas não podemos de forma alguma prejudicar a vida das outras pessoas.
Quando o seu visinho ouve música em alto som as 3 horas da manhã,você não chama a policia?
E porquê?
Porque os vicios do seu visinho estão a impedi-la de descansar!
Mas o seu SONO não vai com certeza prejudicar o seu visinho,pois não?
(A não ser que ressone muito alto)
Dona maria Soledade,eu também já fui fumador durante 15 anos e ficava sempre chateado quando as pessoas me pediam por vezes para apagar o meu cigarro.
Julgava que elas só diziam aquilo para me aborrecer e porque tinham a mania.
Mas não!
Só depois de deixar o tabaco é que me apercebi do mal que fazia aos outros.
É um cheiro nojento!!! acredite,mas um fumador está de tal forma familiarizado com o cheiro que já nem se dá conta.
Mas sabe uma coisa?
Se esta lei tivesse saido no tempo em que eu ainda era um fumador,de certeza que nunca mais teria deixado o vicio.
Chama-lhe Teimosia,orgulho,mania de ser do contra,ser português,alergia a obedecer às leis...ou o que mais quiser.
Creio que entendeu a mensagem...
Cumprimentos.
E tem razão...o ar está de facto mais puro...
Amigo Pensador: Agora sim! Já começamos a falar a mesma língua.Não gosto de pessoas agressivas,e o Pensador foi muito agressivo e até ofensivo!Podia ter dito a mesma coisa sem se julgar o snr.da RAZÃO ABSOLUTA.
Com este seu comentário "quase" me convenceu a deixar de fumar.Se já fumou, como disse, sabe que não é com agressividades ou proibições que se convence um dependente da nicotina a deixar o vício.Eu não precisava da lei para respeitar quem não suportava o fumo.Sempre que me apercebia que o meu fumo incomodava era a primeira a apagar disfarçadamente o cigarro.
A mim o que mais me aborrece é esta lei ter saltado cá para fora-já o disse- na altura certa. Enquanto os portugueses discutem a lei do tabaco, dispersam-se dos problemas reais do país.
Ah, eu não ressono e também não tenho por hábito chamar a polícia(nunca o fiz),apesar de já ter sido muitas vezes incomodada.É apenas uma questão de princípio...
Visitei o seu blog com a intenção de o conhecer melhor.Ok, tenho de lhe dar os parabéns.Gostei muito!
Cumprimentos
P.S.-É óbvio que já tinha entendido a mensagem, e vamos lá a ver se consigo transformar o "quase" em...
Agora sem ironia!Há muitos perigos a que estamos diáriamente sujeitos,que deterioram silenciosamente a nossa saúde: o fumo que se solta dos escapes dos veículos,os contentores de lixo, por vezes dias a fio sem serem despejados,cabos de alta tensão passando por cima de zonas residenciais,etc..etc...
Sería de louvar que tomassem também medidas drásticas de forma a acabar com tudo o que é prejudicial à saúde...de todos nós!
Cumprimentos
MªSoledade Alves
Olá, Soledade.
Aquelas reticências que deixei ao amigo Savonarola, ainda que não pareça, também são 100% de razão para o nosso (Pensador). Concordo com o nosso Pensador. Embora eu mande uma "passas, mas...
David Santos
Enviar um comentário