Dói-me a morte
nesta réstia de vida que desconheço
onde os rostos desfocados
se reproduzem na cal,
em papéis impressos num registo qualquer
onde habita o medo,
ainda ontem saltei o muro de Berlim
A paisagem decompõe-se
e outro muro mais alto se levanta
nesta terra improdutiva,
onde os ossos são visíveis a olho nu.
Levem-me este corpo
onde a vida pernoita, em limos incendiados
tolhida no último fio de tinta,
ainda ontem saltei o muro de Berlim
Conceição Bernardino
4 comentários:
Cara Conceição, basta de baixar os braços e começar a compor a paisagem. Para tal, deve começar uma caça aos responsáveis a este local onde «habita o medo».
Estes não são difíceis de encontrar: estão na Banca, na Política e nos Media.
Do que é que estamos à espera para assassinar os assassinos?
Um poema lindíssimo e sempre actual.
Foi ontem, foi hoje e talvez amanhã tudo isto volte a acontecer,
Olá Victor.
Depois de ver no blog da Ana Martins, de quem sou seguidora, que o irmão foi em parte "responsável", dado o apoio e incentivo, na publicação do seu primeiro livro de poesia, não resisti ao impulso de vir visitá-lo.
Agora foi, apenas, uma visitinha rapida. Mas, voltarei com tempo e, para já, vou ficar seguidora.
Quanto ao poema, que é o reflexo do sentimento da autora, digo que, felizmente, o muro de Berlim já não existe. Contudo, ainda há muitos muros e obstáculos a derrubar, para que as paisagens não se decomponham e a terra volte a ser produtiva.
Saudações cordiais.
Janita
Olá Conceição.
Venho pedir desculpa pelo lapso cometido, por pura distração, da minha parte.
Sei que este é um blog colectivo, no entanto, não me apercebi que quem publicou o poema foi a própria autora.
Para o facto, peço a sua boa compreensão.
Saudações cordiais.
Janita
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