Depois do post Justiça Social ???, publicado há quase um ano, tem sido aqui referido, várias vezes, defendendo que deve ser dada mais atenção a este tema, como objectivo principal do acto de governar. Se ainda havia a mania doentia e míope de que tal preocupação é característica da esquerda, agora, o multi-milionário americano aparece espectacularmente a defender a mesma ideia.
Transcreve-se, sem comentários , o seguinte artigo do Jornal de Negócios:
"Parem de acarinhar os super-ricos", pede o milionário Warren Buffett
Jornal de Negócios. 15 Agosto 2011. Diogo Cavaleiro - diogocavaleiro@negocios.pt
O norte-americano escreve no "New York Times" um artigo em que indica que é altura de subirem as taxas de impostos sobre os milionários. "Enquanto a maior parte dos americanos luta para fazer face às despesas, nós os mega-ricos continuamos a ter isenções fiscais extraordinárias".
“Os nossos líderes têm pedido ‘sacrifícios partilhados’. Mas quando fazem o pedido, têm misericórdia de mim. Verifiquei com os meus amigos mega-ricos para saber que sacrifícios estavam à espera. Tal como eu, também eles ficaram intactos”.
É assim que Warren Buffett começa um artigo no “New York Times” intitulado “Parem de acarinhar os super-ricos”. No artigo, o conhecido milionário analisa as distintas formas de tratamento fiscal a quem consegue o dinheiro através do capital e a quem consegue através do trabalho.
“Enquanto as classes baixas e médias lutam por nós no Afeganistão, e enquanto a maior parte dos americanos luta para fazer face às despesas, nós os mega-ricos continuamos a ter isenções fiscais extraordinárias”, continua o presidente da Berkshire Hathaway.
No artigo no jornal norte-americano, Buffett escreve vários exemplos de taxas de imposto brandas sobre os que ganham milhões só num dia. “É bom ter amigos em lugares altos”, ironiza o norte-americano.
E dá o seu próprio exemplo. “No último ano, a minha conta fiscal – o imposto sobre rendimento que paguei, tal como os impostos sobre salários pagos por mim e por aqueles sobre o meu cuidado – era de 6.938.744 dólares. Parece muito dinheiro. Mas foi apenas 17,4% dos meus rendimentos tributáveis”, confessa. Além disso, salienta que representa uma diferença face às 20 pessoas que trabalham consigo. “As suas taxas de impostos iam de 33% a 41%”.
“Se fazem dinheiro com dinheiro, como muitos dos meus amigos super-ricos, a vossa percentagem pode ser ainda mais baixa do que a minha. Mas se fazem dinheiro através do emprego, a vossa taxa vai certamente superar a minha – muito provavelmente por muito”, avisa o milionário.
"Eu e os meus amigos temos sido acarinhados durante muito tempo"
Buffett insurge-se contra a teoria que indica que elevados impostos afastam os investidores. “As pessoas investem para ganhar dinheiro, e os possíveis impostos não os assustam”. “E para aqueles que defendem que as taxas mais altas impedem a criação de empregos, eu digo apenas que foram criados 40 milhões de postos entre 1980 e 2000. Sabem o que tem acontecido desde aí: impostos muito mais baixos e muito menor criação de emprego”, acrescenta num artigo bastante crítico à política fiscal de Washington.
Por essa razão, um dos homens mais ricos do mundo conhecido também por participar em várias acções de caridade, salienta que é altura de subir impostos aos milionários, ou seja, a quem tem um rendimento tributável acima de um milhão de dólares, incluindo “é claro”, dividendos e mais-valias.
E conclui: “Eu e os meus amigos temos sido acarinhados durante muito tempo pelos amigos dos milionários no Congresso. Já é tempo de o nosso Governo assumir seriedade no que diz respeito à partilha de sacrifícios”.
Transcreve-se, sem comentários , o seguinte artigo do Jornal de Negócios:
"Parem de acarinhar os super-ricos", pede o milionário Warren Buffett
Jornal de Negócios. 15 Agosto 2011. Diogo Cavaleiro - diogocavaleiro@negocios.pt
O norte-americano escreve no "New York Times" um artigo em que indica que é altura de subirem as taxas de impostos sobre os milionários. "Enquanto a maior parte dos americanos luta para fazer face às despesas, nós os mega-ricos continuamos a ter isenções fiscais extraordinárias".
“Os nossos líderes têm pedido ‘sacrifícios partilhados’. Mas quando fazem o pedido, têm misericórdia de mim. Verifiquei com os meus amigos mega-ricos para saber que sacrifícios estavam à espera. Tal como eu, também eles ficaram intactos”.
É assim que Warren Buffett começa um artigo no “New York Times” intitulado “Parem de acarinhar os super-ricos”. No artigo, o conhecido milionário analisa as distintas formas de tratamento fiscal a quem consegue o dinheiro através do capital e a quem consegue através do trabalho.
“Enquanto as classes baixas e médias lutam por nós no Afeganistão, e enquanto a maior parte dos americanos luta para fazer face às despesas, nós os mega-ricos continuamos a ter isenções fiscais extraordinárias”, continua o presidente da Berkshire Hathaway.
No artigo no jornal norte-americano, Buffett escreve vários exemplos de taxas de imposto brandas sobre os que ganham milhões só num dia. “É bom ter amigos em lugares altos”, ironiza o norte-americano.
E dá o seu próprio exemplo. “No último ano, a minha conta fiscal – o imposto sobre rendimento que paguei, tal como os impostos sobre salários pagos por mim e por aqueles sobre o meu cuidado – era de 6.938.744 dólares. Parece muito dinheiro. Mas foi apenas 17,4% dos meus rendimentos tributáveis”, confessa. Além disso, salienta que representa uma diferença face às 20 pessoas que trabalham consigo. “As suas taxas de impostos iam de 33% a 41%”.
“Se fazem dinheiro com dinheiro, como muitos dos meus amigos super-ricos, a vossa percentagem pode ser ainda mais baixa do que a minha. Mas se fazem dinheiro através do emprego, a vossa taxa vai certamente superar a minha – muito provavelmente por muito”, avisa o milionário.
"Eu e os meus amigos temos sido acarinhados durante muito tempo"
Buffett insurge-se contra a teoria que indica que elevados impostos afastam os investidores. “As pessoas investem para ganhar dinheiro, e os possíveis impostos não os assustam”. “E para aqueles que defendem que as taxas mais altas impedem a criação de empregos, eu digo apenas que foram criados 40 milhões de postos entre 1980 e 2000. Sabem o que tem acontecido desde aí: impostos muito mais baixos e muito menor criação de emprego”, acrescenta num artigo bastante crítico à política fiscal de Washington.
Por essa razão, um dos homens mais ricos do mundo conhecido também por participar em várias acções de caridade, salienta que é altura de subir impostos aos milionários, ou seja, a quem tem um rendimento tributável acima de um milhão de dólares, incluindo “é claro”, dividendos e mais-valias.
E conclui: “Eu e os meus amigos temos sido acarinhados durante muito tempo pelos amigos dos milionários no Congresso. Já é tempo de o nosso Governo assumir seriedade no que diz respeito à partilha de sacrifícios”.
8 comentários:
Amigo João, o que o sr.Buffett diz, é uma verdade incontestável! É de louvar o reconhecimento da verdade, mas na verdade, não é nada que já não se saiba, os políticos exercem o poder previligiando e protegendo quem é rico, afinal trata-se de garantir o emprego dando cobertura a quem detem o poder, perpectuar a classe dominante!
Um abraço.
PS: Seria bom se o nosso inteligente Ministro americanizado lesse este artigo...
Caro Víctor Simões,
É certo que não é novidade que os políticos são lacaios dos donos do dinheiro, mas Warren Buffet, sendo multimilionário, diz para se parar com tal vício anti-social.
É preciso que os governantes tenham capacidade e CORAGEM para dar essa volta e deixarem de seguir a vil rotina que nos conduziu à actual crise. Se eles não fizerem as reformas necessárias, estão sujeitos a que seja o povo a fazê-lo, com os custos que costumam vir de tais agitações, como se viu no Egipto, na Tunísia no Iémene, e estão a ter na Líbia e da Síria. E entre os países mais próximos, na Noruega e na Inglaterra. As agitações não acontecem por acaso, mas depois do amadurecimento de descontentamentos continuados e agravados pela insensibilidade dos governantes demasiado absorvidos pelos números que interessam aos capitalistas mas ignorando o povo que depende da governação, que a eles deve ser dirigida.
Se os políticos em democracia dependem dos votos e tudo parecem fazer para os obter, é sinal de grande estupidez ignorarem que a maior parte dos votos é proveniente dos mais explorados e espezinhados palas ambições dos ricaços e dos políticos. Pensem nisto e ajam com racionalidade. Warren Buffet faz um alerta muito sensato. Da mesma forma, Jacques Delors dá um bom conselho aos europeus. Também o Papa alerta para a necessidade de os políticos pensarem mais nas pessoas do que nas moedas.
Se os políticos, depois destes avisos, não encontrarem o caminho, acabará por ser o povo a deitar as mãos às rédeas do poder e passaremos um bocado difícil, mas a bagunça passará a ser diferente, talvez mais justa socialmente.
Um abraço
João
Meus caros, desculpem eu meter-me na conversa. Mas acreditam mesmo que Warren Buffet quer pagar mais impostos e quer ser tratado em pé de igualdade com os mitras? Talvez. Há que ser optimista e acreditar em alguém...
Eu cá sorriso e deixo-vos um abraço :)
Mário, por não acreditarmos que o homem agora depois de magnata super rico, não chegou à conclusão de que tem sido beneficiado pelo poder instalado? Afinal não é preciso ir muito longe para percebermos, que a má distribuição da riqueza, e a exploração do homem pelo homem, é a causa principal de toda esta acumulação de riqueza na mão de alguns.
Bill Gates doou metade da sua fortuna, e outros multimilionários o têm feito, será que a consciência assim lhes determina?
Um abraço, amigo MRelvas
Caro Victor, eu acredito piamente que ele sabe, como sempre soube, que tem sido beneficiado ao longo dos tempos. Deve ter lutado muito para o conseguir, de uma forma ou de outra. Ninguém alcança tal fortuna sem "pequenos" favores directos ou indirectos. Também sabem, e aí é que a porca torce o rabo, que se não pagarem "um pouquinho mais" e não derem pontapés de saída destes, os países poderão dar o estouro e com eles todo o estado actual da economia em que vivemos. Por outro lado, refreiam os ânimos das esquerdas que se batem contra o enriquecimento ilícito e também exigem tributação acrescida aos detentores de grandes fortunas. Nada como avançar pelo seu próprio pé, sem que o aumento seja efectivamente aquele que poderia vir a ser perpretado por outra forma numa conquista política contra os ditos. Por vezes, a melhor defesa é o ataque. Mas, o homem, pela sua boa idade e vivência, poderá, quiçá?, ter tido um ataque de boa vontade para com o seu país e para com a Europa.
Aguardemos...
Um abraço
Contra alguns incrédulos, a ideia de Warren Buffett está a frutificar. Vale sempre a pena contribuir para melhorar a Humanidade. O maior mal é nada fazer e aceitar todas as injustiças.
Super-ricos franceses querem pagar mais impostos
Tudo tem limites e já há super-ricos a pensar na crise e no escandaloso fosso entre os mais ricos e os mais pobres e que “se os ricos não fizerem nada agora, terão o antagonismo do público nos próximos anos”. Nessa ordem de ideias, Warren E. Buffett pediu “Parem de mimar os super-ricos”. Entretanto também George Soros considera que a Europa está em perigo. Depois 16 super-ricos franceses reúnem-se e concordam declarar que querem pagar mais impostos.
Aproveitando esta maré de vontade de melhorar a «justiça social», o primeiro-ministro da França, François Fillon, vai apresentar hoje um plano de austeridade que não poupará ninguém e deverá afectar sobretudo os mais ricos, na sequência do conhecido um apelo de 16 milionários franceses no sentido de os ricos contribuírem mais para as finanças públicas.
Sem fins publicitários mas apenas como homenagem a estes 16 franceses que quebraram todos os mitos da ambição imparável e deram um passo de inusitada generosidade, reproduz-se a lista destes pioneiros de uma nova era:
- Jean-Paul Agon, presidente executivo da L’Oréal;
- Liliane Bettencourt, accionista da L’Oréal;
- Antoine Frérot, presidente executivo da Veolia Environnement;
- Denis Hennequin, presidente executivo da Accor;
- Marc Ladreit de Lacharrière, presidente da Fimalac;
- Maurice Lévy, presidente executivo da Publicis;
- Christophe de Margerie, presidente executivo da Total;
- Frédéric Oudéa, presidente executivo do banco Société Générale;
- Claude Perdriel, presidente do conselho de supervisão do Nouvel Observateur;
- Jean Peyrelevade, presidente da Leonardo & Co France;
- Franck Riboud, presidente executivo da Danone;
- Stéphane Richard, presidente executivo da Orange;
- Louis Schweitzer, presidente da Volvo e da AstraZeneca;
- Marc Simoncini, presidente da Meetic e fundador da Jaïna Capital;
- Jean-Cyril Spinetta, presidente da Air France-KLM, e do conselho de supervisão da Areva;
- Philippe Varin, presidente da PSA Peugeot Citroën.
E por cá? O último sinal dos ricos foi a notícia Soares dos Santos defende redução do IRS e IRC e aumento do IVA que ainda não foi adaptada à corrente actual atrás referida.
Não retiro uma única palavra ao que atrás escrevi. Está lá quase tudo. Quase... Disse.
Cumprimentos
Este tema merece séria reflexão devido ao enquadramento nacional e internacional hoje existente e com perspectivas de evolução um pouco imprecisa e preocupante.
Os ricos, salvo raríssimas excepções, não estão habituados a ser generosos, mas apenas a orientar as suas atitudes em função de mais lucro, mais acumulação de riqueza. Para isso, desenvolveram uma esperteza indomável.
Porquê então esta ostentação de caridade, de generosidade? A resposta parece simples: eles olham para o Norte de África e Médio Oriente e vêm que o povo começa a acordar, os escravos deixaram de ser ovelhas dóceis e a revolta está prestes a invadir a Europa, já tendo havido vários sinais que são avisos ou precursores. Nessas condições, pensam que “se os ricos não fizerem nada agora, terão o antagonismo do público nos próximos anos” e, depois, o seu prejuízo pode ser total ou, pelo menos, incomensuravelmente maior do que a actual pequena generosidade.
Estão a jogar em benefício próprio, como é seu timbre, para evitar males maiores.
Mas temos que reconhecer que Bill Gates e Warren Buffett, há poucos anos, doaram metade da sua fortuna a obras de caridade e apoio social. Ainda os há com bom coração...
Por cá, temos uns frutos degenerados que repudiam qualquer ética, moral ou vergonha. O mais rico de Portugal até argumenta que não é rico mas um simples trabalhador, bem pago!!!
Estão a merecê-las!!! Não aprendem com o Egipto, a Tunísia, a Líbia, etc. Depois pouco lhes restará, provavelmente, nem as fortunas no off-shore...
Cumprimentos
João
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