Por: Lucas Carré
Da esqª para a Dtª, Caváco Silva, Dias Loureiro e Duarte Lima |
Fustigado coma polémica que tem sido alvo nos últimos dias, depois de referir que as suas duas reformas não chegam para cobrir as despesas que tem, Cavaco Silva vem agora esclarecer que a sua intenção foi ilustrar, com o seu próprio exemplo, que acompanha a situação dos portugueses que atravessam dificuldades. «Apenas quis ilustrar, com o meu exemplo, que acompanho as situações que chegam ao meu conhecimento de cidadãos que atravessam dificuldades e para as quais tenho chamado a atenção em diversas intervenções públicas», refere o Presidente.
Habituado a gerir silêncios de forma tenaz, o Presidente espalhou-se agora ao comprido, ao tentar mostrar, de forma atabalhoada, que ele também é um homem do povo, de origens humildes ( se bem que o pai fosse dono de uma bomba de gasolina no Algarve, o que indiciava na altura ter rendimentos acima da média), tentando colocar-se à parte de uma classe politica abastada, interesseira e que se aproveitou da sua sombra para projectar as mais variadas negociatas e clientelismo. Foi à custa de Cavaco, e com o seu beneplácito, que personagens dignas de figurar num episódio dos «Sopranos» singraram, enriqueceram e construíram o seu império, como foi o caso de Oliveira e Costa, o antigo dono do BPN, Dias Loureiro, que chegou a sentar-se no palácio de Belém como conselheiro de Estado, ou Duarte Lima, que à pala dos bons cargos que teve no PSD ( chegou a ser líder parlamentar) geriu e «engordou» à custa dos mais variados «lobbies» e negociatas.
Inúmeras vezes Cavaco fingiu distanciar-se da classe política, colocando-se sempre noutra classe de pessoas, apesar dos mais de 30 anos de participação activa, ao mais elevado nível, na condução dos destinos do país, desde que decidiu pôr-se ao volante da sua viatura e partir rumo à Figueira, para participar num congresso «laranja» onde saiu vencedor. De forma recorrente, recorda as suas origens humildes, a de ser um homem do povo, a de estudante a viver em quartos em Lisboa, e esgrime o seu orgulho pessoal de ter subido na vida a pulso, procurando incentivar o povo com o seu exemplo.
Cavaco Silva quer mostrar distanciamento da classe política. Não quer ser da classe dos ricos. Mas tem cinco propriedades no Algarve, uma luxuosa vivenda, um apartamento em Lisboa e um rendimento de dez mil euros mensais, segundo consta na sua declaração de rendimentos de 2010, fora um pecúlio amealhado ao longo de anos que ronda os 600 mil euros ( o tal pecúlio que diz agora ter de recorrer por via das suas magras pensões…) Não quer ser da classe dos poderosos, tem horror à burguesia e às festas do «croquete». Mas, entretanto, passou 30 anos a pisar passadeiras vermelhas por todo o Mundo, a lidar com os homens do grande capital, como foi o caso de Oliveira e Costa ou Dias Loureiro, seus antigos acólitos, amigos de casa, colegas de partido, de governo e de lideranças, companheiros de aventuras e lutas partidárias, vizinhos de Verão e sardinhadas e aos quais mantém agora um prudente distanciamento. Cavaco viu ao longo de décadas empresários, poetas, artistas, filósofos, políticos, músicos, nobres, jornalistas, professores, médicos, advogados, estadistas e todos os melhores representantes de todas as classes superiores a desfilar à sua frente, ouvindo-o, curvando-se, bajulando-o, adorando-o. Teria ou não acções no BPN, as quais, ao que parece, estavam em nome de familiares e a data de se descartar das mesmas terá sido uma simples coincidência? Terá ou não amparado o percurso político de Duarte Lima, enredado num crime de fraude de 44 milhões de euros ao BPN e numa acusação de autoria do assassínio da secretária de Tomé Feteira? Ou incentivado o percurso no partido de Dias Loureiro, que entrou na política a ganhar 40 mil escudos mensais como Governador Civil em Coimbra e dela saiu com os bolsos a abarrotar de dinheiro, depois do antigo conselheiro de Estado ter sido envolvido no escândalo BPN por via dos negócios ruinosos com Banco Insular de Cabo Verde?
O silêncio, o tal silêncio de chumbo que agora gere acerca dos acontecimentos envolvendo estes personagens, outrora pares próximos, foi a melhor estratégia do presidente, como também foi naquele episódio de um seu próximo assessor, Fernando Lima, ter inventado o caso das escutas no Palácio de Belém como arma de arremesso contra o governo de Sócrates em clima pré-eleitoral
Cavaco Silva fala muitas vezes em nome do povo, das suas misérias, quer ser solidário, tornar-se uma espécie de messias salvador, providencial, esgrimindo também ele, de forma farisaica, as suas próprias necessidades, esquecendo-se que ele foi um dos principais impulsionadores da assinatura do Acordo coma Troika e do recente Acordo de Concertação Social que se traduziu na machadada final ao Estado Social e nos direitos dos trabalhadores, até agora, intocáveis.
Gerindo no silêncio os mais variados interesses, quase sempre ligados à sua clique partidária e ao seu grupo de amigos partidários, Cavaco pôs a careca à mostra, ao decidir falar, vestindo a farpela do povo. Deveria regressar com a possível brevidade à sua função de sábio da Economia – e mesmo aí temos algumas dúvidas, pois foi durante o seu consulado como primeiro – ministro, e a protecção desmesurada aos grandes interesses económicos ligados ao «betão», que apressou a bancarrota do país…
Habituado a gerir silêncios de forma tenaz, o Presidente espalhou-se agora ao comprido, ao tentar mostrar, de forma atabalhoada, que ele também é um homem do povo, de origens humildes ( se bem que o pai fosse dono de uma bomba de gasolina no Algarve, o que indiciava na altura ter rendimentos acima da média), tentando colocar-se à parte de uma classe politica abastada, interesseira e que se aproveitou da sua sombra para projectar as mais variadas negociatas e clientelismo. Foi à custa de Cavaco, e com o seu beneplácito, que personagens dignas de figurar num episódio dos «Sopranos» singraram, enriqueceram e construíram o seu império, como foi o caso de Oliveira e Costa, o antigo dono do BPN, Dias Loureiro, que chegou a sentar-se no palácio de Belém como conselheiro de Estado, ou Duarte Lima, que à pala dos bons cargos que teve no PSD ( chegou a ser líder parlamentar) geriu e «engordou» à custa dos mais variados «lobbies» e negociatas.
Inúmeras vezes Cavaco fingiu distanciar-se da classe política, colocando-se sempre noutra classe de pessoas, apesar dos mais de 30 anos de participação activa, ao mais elevado nível, na condução dos destinos do país, desde que decidiu pôr-se ao volante da sua viatura e partir rumo à Figueira, para participar num congresso «laranja» onde saiu vencedor. De forma recorrente, recorda as suas origens humildes, a de ser um homem do povo, a de estudante a viver em quartos em Lisboa, e esgrime o seu orgulho pessoal de ter subido na vida a pulso, procurando incentivar o povo com o seu exemplo.
Cavaco Silva quer mostrar distanciamento da classe política. Não quer ser da classe dos ricos. Mas tem cinco propriedades no Algarve, uma luxuosa vivenda, um apartamento em Lisboa e um rendimento de dez mil euros mensais, segundo consta na sua declaração de rendimentos de 2010, fora um pecúlio amealhado ao longo de anos que ronda os 600 mil euros ( o tal pecúlio que diz agora ter de recorrer por via das suas magras pensões…) Não quer ser da classe dos poderosos, tem horror à burguesia e às festas do «croquete». Mas, entretanto, passou 30 anos a pisar passadeiras vermelhas por todo o Mundo, a lidar com os homens do grande capital, como foi o caso de Oliveira e Costa ou Dias Loureiro, seus antigos acólitos, amigos de casa, colegas de partido, de governo e de lideranças, companheiros de aventuras e lutas partidárias, vizinhos de Verão e sardinhadas e aos quais mantém agora um prudente distanciamento. Cavaco viu ao longo de décadas empresários, poetas, artistas, filósofos, políticos, músicos, nobres, jornalistas, professores, médicos, advogados, estadistas e todos os melhores representantes de todas as classes superiores a desfilar à sua frente, ouvindo-o, curvando-se, bajulando-o, adorando-o. Teria ou não acções no BPN, as quais, ao que parece, estavam em nome de familiares e a data de se descartar das mesmas terá sido uma simples coincidência? Terá ou não amparado o percurso político de Duarte Lima, enredado num crime de fraude de 44 milhões de euros ao BPN e numa acusação de autoria do assassínio da secretária de Tomé Feteira? Ou incentivado o percurso no partido de Dias Loureiro, que entrou na política a ganhar 40 mil escudos mensais como Governador Civil em Coimbra e dela saiu com os bolsos a abarrotar de dinheiro, depois do antigo conselheiro de Estado ter sido envolvido no escândalo BPN por via dos negócios ruinosos com Banco Insular de Cabo Verde?
O silêncio, o tal silêncio de chumbo que agora gere acerca dos acontecimentos envolvendo estes personagens, outrora pares próximos, foi a melhor estratégia do presidente, como também foi naquele episódio de um seu próximo assessor, Fernando Lima, ter inventado o caso das escutas no Palácio de Belém como arma de arremesso contra o governo de Sócrates em clima pré-eleitoral
Cavaco Silva fala muitas vezes em nome do povo, das suas misérias, quer ser solidário, tornar-se uma espécie de messias salvador, providencial, esgrimindo também ele, de forma farisaica, as suas próprias necessidades, esquecendo-se que ele foi um dos principais impulsionadores da assinatura do Acordo coma Troika e do recente Acordo de Concertação Social que se traduziu na machadada final ao Estado Social e nos direitos dos trabalhadores, até agora, intocáveis.
Gerindo no silêncio os mais variados interesses, quase sempre ligados à sua clique partidária e ao seu grupo de amigos partidários, Cavaco pôs a careca à mostra, ao decidir falar, vestindo a farpela do povo. Deveria regressar com a possível brevidade à sua função de sábio da Economia – e mesmo aí temos algumas dúvidas, pois foi durante o seu consulado como primeiro – ministro, e a protecção desmesurada aos grandes interesses económicos ligados ao «betão», que apressou a bancarrota do país…
in Crime Digo Eu em 24/Jan/2012
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