Visando
a instalação de um congresso internacional que celebrasse o centenário da tomada
da Bastilha, na Revolução Francesa, duas tendências reivindicaram desde 1888, a convocação de um tal
congresso. Reunidos nas mesmas datas, 14 a 21 de Julho de 1889, aconteceram
paralelamente dois congressos em Paris: o chamado "de la salle Pétrelle" e o
camado "de la rue de Lancry". O da "salle Pétrelle", de tendência marxista, que
passou a ser considerado como o Congresso de fundação da Segunda
Internacional.
O belga Raymond Lavigne encaminhou uma proposta ao congresso para organizar uma grande
manifestação internacional, ao mesmo tempo, com data fixa, em todas os países e
cidades pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e aplicação de outras
resoluções do Congresso Internacional. Como nos Estados Unidos já havia sido
marcada para o dia 1º de Maio de 1890 uma manifestação similar, manteve-se o dia
para todos os países.
Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Este novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
O Dia Internacional do Trabalhador é assim oficializado em 1891, a data foi escolhida em homenagem à greve geral,e em memória dos mártires de Chicago primeiro centro industrial dos Estados Unidos, das reivindicações operárias que nesta cidade aconteceram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo, o dia 1º de Maio foi instituído como o Dia Internacional do Trabalho.
Mártires de Chicago: Parsons, Engel, Spies e Fischer foram enforcados, Lingg (ao centro) suicidou-se na prisão. |
Entre 80 e 90 mil trabalhadores saíram às ruas de Chicago, nos Estados Unidos, para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias.
Grandes manifestações com mais de 10 mil pessoas também aconteceram em Nova York e Detroit. Reuniões e comícios em Louisville, Kentucky, Baltimore e Maryland. Estima-se que por volta de meio milhão de pessoas tenha tomado parte nas manifestações do Primeiro de Maio nos EUA. Estima-se também, que por volta de 1200 fábricas entraram em greve em todo o país em apoio ao movimento.
Duas importantes organizações lideravam os trabalhadores e dirigiam as
manifestações em todo o país: a AFL (Federação Americana de Trabalho) e a
Knights of Labor (Cavaleiros do Trabalho).
As organizações, sindicatos e
associações que surgiam eram formadas principalmente por trabalhadores de
tendências políticas socialistas, anarquistas e social-democratas.
Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura, decretou-se “Estado de Sítio” e proibição de sair às ruas.
No dia 03 de Maio, as manifestações e greves continuavam. August Spies, um tipógrafo anarquista e editor do periódico Arbeiter-Zeitung, discursou para 6 mil trabalhadores. Ainda enquanto ele falava, os fura-greves da fábrica Mc Cormick Harvester estavam saindo, e parte dos manifestantes deslocou-se para a frente da fábrica, com o objetivo de incomodar os fura-greves. Isso aconteceu pois o local em que falava Spies, ficava a um quarteirão da fábrica. Os manifestantes desceram a rua e fizeram com que os fura-greves voltassem para dentro da fábrica. Foi então que chegou a polícia. Eram aproximadamente 200 policias que, ao reprimir os manifestantes, acabaram matando seis pessoas (outras fontes dizem quatro ou sete), ferindo e prendendo muitas outras.
Spies, vendo o resultado brutal da repressão policial, dirigiu-se ao escritório do Arbeiter-Zeitung, e fez uma circular, convocando os trabalhadores para uma outra manifestação no início da noite do dia seguinte. O protesto do dia 04 de Maio aconteceu na Praça Haymarket, e nele discursaram além de Spies, Albert Parsons, tipógrafo e militante anarquista, e Samuel Fielden, imigrante inglês, operário da industria têxtil e também militante anarquista.
Os discursos pediam unidade e continuidade no movimento. Havia aproximadamente 2500 pessoas no local, que até o momento faziam um protesto pacífico, tão pacífico que o prefeito Carter Harrison, presente no início dos discursos, afirmou que “nada do que acontecia, dava a impressão de haver necessidade de intervenção da polícia”. Já no final da noite, o mau tempo contribuía para que houvesse apenas umas 200 pessoas na praça. Com a ordem de dispersar a manifestação imediatamente, um grupo de 180 policias chegou ao local.
Apesar de Spies ter dito que os manifestantes eram pacíficos, a polícia iniciou o processo de dispersar os manifestantes. Foi nesse momento que uma bomba explodiu em meio aos policias, matando sete e ferindo aproximadamente 70. A polícia imediatamente abriu fogo contra a população, sendo responsável por incontáveis mortes. Alguns relatos falam em 100 mortos e dezenas de presos e feridos. Ninguém nunca soube se quem atirou a bomba foram os manifestantes ou a própria polícia, para incriminar o movimento.
No dia 03 de Maio, as manifestações e greves continuavam. August Spies, um tipógrafo anarquista e editor do periódico Arbeiter-Zeitung, discursou para 6 mil trabalhadores. Ainda enquanto ele falava, os fura-greves da fábrica Mc Cormick Harvester estavam saindo, e parte dos manifestantes deslocou-se para a frente da fábrica, com o objetivo de incomodar os fura-greves. Isso aconteceu pois o local em que falava Spies, ficava a um quarteirão da fábrica. Os manifestantes desceram a rua e fizeram com que os fura-greves voltassem para dentro da fábrica. Foi então que chegou a polícia. Eram aproximadamente 200 policias que, ao reprimir os manifestantes, acabaram matando seis pessoas (outras fontes dizem quatro ou sete), ferindo e prendendo muitas outras.
Spies, vendo o resultado brutal da repressão policial, dirigiu-se ao escritório do Arbeiter-Zeitung, e fez uma circular, convocando os trabalhadores para uma outra manifestação no início da noite do dia seguinte. O protesto do dia 04 de Maio aconteceu na Praça Haymarket, e nele discursaram além de Spies, Albert Parsons, tipógrafo e militante anarquista, e Samuel Fielden, imigrante inglês, operário da industria têxtil e também militante anarquista.
Os discursos pediam unidade e continuidade no movimento. Havia aproximadamente 2500 pessoas no local, que até o momento faziam um protesto pacífico, tão pacífico que o prefeito Carter Harrison, presente no início dos discursos, afirmou que “nada do que acontecia, dava a impressão de haver necessidade de intervenção da polícia”. Já no final da noite, o mau tempo contribuía para que houvesse apenas umas 200 pessoas na praça. Com a ordem de dispersar a manifestação imediatamente, um grupo de 180 policias chegou ao local.
Apesar de Spies ter dito que os manifestantes eram pacíficos, a polícia iniciou o processo de dispersar os manifestantes. Foi nesse momento que uma bomba explodiu em meio aos policias, matando sete e ferindo aproximadamente 70. A polícia imediatamente abriu fogo contra a população, sendo responsável por incontáveis mortes. Alguns relatos falam em 100 mortos e dezenas de presos e feridos. Ninguém nunca soube se quem atirou a bomba foram os manifestantes ou a própria polícia, para incriminar o movimento.
Foram presos os líderes das organizações operárias, dezenas de trabalhadores foram feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia, muitas sedes
de sindicatos incendiadas, criminosos e gângsters pagos pelos patrões invadiram
casas de trabalhadores, espancando-os e destruindo os seus pertences.
A
justiça burguesa levou a julgamento os líderes do movimento, August Spies, Sam
Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel. O
julgamento começou dia 21 de Junho e desenrolou-se rapidamente. Provas e
testemunhas foram inventadas. A sentença foi lida dia 9 de outubro, no qual
Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies foram condenados à morte na forca; Fieldem
e Schwab, à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.
A luta não parou e a solidariedade internacional pressionou o governo americano a anular o falso julgamento e a elaborar novo júri, em 1888. Os membros que constituíam o júri reconheceram a inocência dos trabalhadores, culparam o Estado americano e ordenaram que soltassem os 3 presos, que tinham sido condenados a prisão perpétua. Em 1890, os trabalhadores americanos conquistaram a jornada de trabalho de oito horas.
126 anos depois das manifestações e lutas dos operários de Chicago pela conquista das oito horas de trabalho e da brutal repressão patronal e policial que se abateu sobre os manifestantes, o 1º de Maio mantém todo o seu significado e actualidade.
Nos Estados Unidos da América o Dia do Trabalhador celebra-se no dia 3 de Setembro e é conhecido por "Labor Day". É um feriado nacional que é sempre comemorado na primeira segunda-feira do mês de Setembro e está relacionado com o período das colheitas e com o fim do Verão. Não foi adoptado o 1º de Maio.
No Canadá este feriado chama-se "Dia de Oito Horas". Tem este nome porque se comemora a vitória da redução do dia de trabalho para oito horas.
A França foi o 1º país a instituir oficialmente a data como feriado nacional em 23 de Abril de 1919, seguida pela Rússia em 1920.
No Brasil, a primeira celebração da data de que se tem registro ocorreu em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e Carlos Escobar. A data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925, quando o presidente Artur Bernardes promulgou um decreto instituindo o 1º de maio como feriado nacional.
A França foi o 1º país a instituir oficialmente a data como feriado nacional em 23 de Abril de 1919, seguida pela Rússia em 1920.
No Brasil, a primeira celebração da data de que se tem registro ocorreu em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e Carlos Escobar. A data foi consolidada como o Dia dos Trabalhadores em 1925, quando o presidente Artur Bernardes promulgou um decreto instituindo o 1º de maio como feriado nacional.
Na Europa o "Dia do Trabalhador" comemora-se sempre no dia 1 de Maio.
Em Portugal, só a partir de Maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de Abril) é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pela polícia.
O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidas pela central sindical CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) e pela central sindical UGT ( União Geral dos Trabalhadores ).
Declaração de Spies, antes de ser enforcado:
"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!"
"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!"
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"Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do massacre de
Chicago aos dias de hoje, um longo caminho de lutas históricas foi percorrido.
Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores, a nova revolução
tecnológica criou uma instabilidade maior, jornadas mais longas com salários
mais baixos, cresceu o número de seres humanos capazes de trabalhar, porém para
a nova ordem eles são descartáveis. Essa é a modernidade neoliberal, a realidade
do século que iniciamos, a distância parece pequena em comparação com a infância
do capitalismo, parecemos muito mais próximos dela do que da pseudo
racionalidade neoliberal, que muitos ideólogos querem fazer crer.
A
realidade nos mostra a face cruel do capital, a produção capitalista continua a
fazer apelo ao trabalho infantil, somente na Ásia, seriam 146 milhões nas
fábricas, e segundo as Nações Unidas, um milhão de crianças são lançadas no
comércio sexual a cada ano!" in: culturabrasil.com
Bibliografia Consultada:
August Spies. Autobiography.
Jorge E. Silva. As Origens Trágicas e Esquecidas do Primeiro de Maio.
L. Gaylord. O Primeiro de Maio.
Lázaro Curvêlo Chaves. Primeiro de Maio - Dia Mundial do Trabalho.
Lilian Caramel. A Origem do Dia do Trabalho.
Michael Thomas. May Day in the USA: A Forgotten History. Oscar Neebe. Autobiography.
Tom Moates. Reclaiming Our History. May Day & the Origins of International Workers Day.
W. T. Whitney, Jr. May Day and the Haymarket Martyrs. Workers Solidarity Movement. The Anarchist Origins of May Day.
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