25 novembro 2013

A Ilha Esmeralda permanece nas grilhetas

 
 
 
Ao contrário da visão convencional, a Irlanda nunca teve salvamento externo (bail out) e, além disso, está muito longe de escapar da prisão de endividamento a que foi confinada pelo seu suposto "salvamento".

Após o estouro da bolha do mercado de propriedade imobiliária, a seguir ao esmagamento do crédito pós 2008, o Banco Central Europeu pediu que o governo lançasse as perdas de cinco bancos irlandeses, no valor de €60 mil milhões, sobre os ombros dos contribuintes. De cidadãos que não tinham o dever legal nem moral de arcar com esta carga. Por que? A fim de proteger o frágil sistema bancário alemão das consequências de assumirem grandes perdas. Os irlandeses enfureceram-se contra o seu governo e elegeram um outro, o qual no entanto considerou como sua prioridade a implementação plena do programa selvagem de austeridade que vinha ligado aos enormes empréstimos que o governo aceitou a fim de reembolsar as perdas dos bancos. O resultado foi uma catastrófica espiral descendente para a economia social da Irlanda e o seu povo.

Mas agora os jornais e os media electrónicos estão cheios da "boa notícia" de que este programa de "consolidação orçamental" havia tido "êxito". Que a Irlanda havia retornado aos mercados. Que temos a primeira prova tangível de que o salvamento externo funciona. Que a Irlanda está prestes a recuperar a sua soberania e que os irlandeses podem, mais uma vez, olhar orgulhosamente nos olhos os alemães, os franceses, os holandeses, uma vez restabelecida a liberdade e a confiança creditícia no país.

Ai de nós. Tanto quanto posso ver, tudo o que aconteceu é que, após cinco anos de uma contínua comédia de erros, a liderança da Europa decidiu agora declarar vitória, com a Irlanda como primeiro espécime exibido de que a combinação de empréstimos externos de salvamento e austeridade severa funcionam. E se isto exige ser económico com a verdade, assim será.

Para aqueles que não pretendem ser económicos com a verdade, vamos examinar alguns números:
  • Número de pessoas empregadas: Reduziu-se em 12,8% desde Janeiro/2008
  • Pessoas desempregadas: Subiu de 107 mil em Janeiro/2008 para 296.300 hoje
  • Taxa anualizada de crescimento interno: -1,2%
  • Emigração líquida: 33 mil por ano
  • Défice do governo em proporção ao PIB: 7,3%
  • Dívida pública: 121% do PIB em 2013, uma subida em relação aos 91,1% em 2010 e 105% em 2011
  • Dívida das familias: 200% do PIB
  • Valor dos activos que suportam a dívida das familias: -56% desde o começo da crise
  • Hipotecas em atraso há mais de seis meses: 17% de todas as hipotecas
    Como pode alguém afirmar que esta economia constitui uma "história de êxito" e um motivo para celebrar o fim da espiral deflacionária da dívida? São dois os argumentos sobre os quais o triunfalismo da UE é construído. Primeiro, o espectacular desempenho exportador da Irlanda (exportações anuais excedendo o PIB do país!) e, em segundo lugar, o colapso dos yields dos títulos governamentais a 10 anos que tornam possível a Dublin retornar aos mercados monetários, ao invés de retornar ao MEE para mais empréstimos de salvamento externo.

    Vamos destrinçar estas duas grandes histórias de êxito, começando com as exportações.

    A Irlanda é o maior paraíso fiscal flutuante sobre o planeta. Companhias como a Google e a Apple reconhecidamente lavam suas receitas através de Dublin de uma maneira que reduz maciçamente seus pagamentos fiscais enquanto reforçam para níveis ridiculamente fictícios o PIB da Irlanda. Qualquer um que conteste isto deve apresentar uma explicação alternativa para o facto de que cada empregado da Google da Irlanda produz €4,8 milhões de receitas por ano! Tudo isto significa que as maravilhosas estatísticas de exportação não se traduzem nem em impostos corporativo nem num número significativo de empregos a partir dos quais o governo possa obter rendimento e impostos indirectos a fim de servir suas dívidas.

    Quanto às yields dos títulos do governo, levanta-se uma questão interessante: Por que estão elas tão baixas quando os dados acima revelam que a Irlanda, em vista da economia interna letárgica, permanece perfeitamente incapaz de refinanciar sua gargantuesca dívida pública? Por que os correctores de títulos já não estão mais a despejar títulos do governo (como o fizeram em 2011 e até Junho de 2012)? A resposta é simples: Porque eles entenderam que o BCE e Berlim nunca deixarão Dublin incumprir dada a desesperada necessidade da Europa de proclamar a Irlanda como "prova" de que suas políticas estão a funcionar. O corretores de títulos, dito simplesmente, confiam em que o BCE, através das OMT  de Draghi ou de outra forma, encontrarão meios de permitir a Dublin resgatar seus títulos mesmo que o povo irlandês e o seu governo permaneçam firmemente trancafiados na prisão da dívida.
  • 22 novembro 2013

    O BCE (Banco Central Europeu) explicado de forma que até uma criança percebe

    Por: Diogo
    in Mito & Realidade 05/11/2013



    O que é o BCE?

    - O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

     
    E donde veio o dinheiro do BCE?

    - O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.

     
    E é muito, esse dinheiro?

    - O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco. Mas o BCE pode criar virtualmente o dinheiro que quiser limitando-se a digitar as quantias num teclado de computador.





    Então, se o BCE é o banco destes Estados pode emprestar dinheiro a Portugal, ou não? Como qualquer banco pode emprestar dinheiro a um ou outro dos seus accionistas.

    - Não, não pode.

     
    Porquê?!

    - Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.

     
    Então, a quem pode o BCE emprestar dinheiro?

    - A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.

     
    Ah percebo, então Portugal, ou a Alemanha, quando precisa de dinheiro emprestado não vai ao BCE, vai aos outros bancos que por sua vez vão ao BCE.

    - Pois.

     
    Mas para quê complicar? Não era melhor Portugal ou a Grécia ou a Alemanha irem directamente ao BCE?

    - Bom... sim.... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!





    Agora não percebi!!..

    - Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

     
    Mas isso assim é um "negócio da China"! Só para irem a Bruxelas buscar o dinheiro!

    - Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.

     
    Isso é um verdadeiro roubo... com esse dinheiro escusava-se até de cortar nas pensões, no subsídio de desemprego ou de nos tirarem parte do 13º mês.

    As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

     
    Mas quem é que manda no BCE e permite um escândalo destes?

    - Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.





    Então, os Governos dão o nosso dinheiro ao BCE para eles emprestarem aos bancos a 1%, para depois estes emprestarem a 5 e a 7% aos Governos que são donos do BCE?

    - Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6%, a 7 ou mais.

     
    Então nós somos os donos do dinheiro e não podemos pedir ao nosso próprio banco!...

    - Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

     
    Mas, e os nossos Governos aceitam uma coisa dessas?

    - Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.

     
    Mas então eles não estão lá eleitos por nós?

    - Em certo sentido, sim, é claro, mas depois.... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá. Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

     
    E onde o foram buscar?

    - Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

     
    Mas meteram os responsáveis na cadeia?

    - Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.





    Jornal PÚBLICO (16.04.2010): Vaz Guedes diz que falência do Banco Privado Português (BPP) custa mais de 700 milhões ao Estado.


    DN – Economia (25.10.2011): Injecções de dinheiro no Banco Português de Negócios (BPN) ascendem a 8,5 mil milhões.


    Diário Económico (26.10.2012): Recapitalização da banca portuguesa vai custar 7,8 mil milhões.


    Jornal PÚBLICO (31.12.2012): O Ministério das Finanças anunciou a injecção de mil e cem milhões de euros na recapitalização do Banif. […] O Banif torna-se assim no quarto banco a ser recapitalizado com recurso a fundos públicos, terceiro da banca privada. Com esta operação, o Estado terá injectado um total de 5600 milhões de euros na banca privada através da linha de recapitalização o programa de assistência financeira a Portugal, seguindo-se ao BCP (3 mil milhões), ao BPI (1,5 mil milhões) e CGD (1,65 mil milhões) .

    Escandaloso saque dos dinheiros públicos, continua.

                É tempo de dizer basta aos mercenários que nos governam, Portugal foi e continua a ser saqueado descaradamente, sem qualquer pudor ou consciência. É escandaloso o dinheiro que se dá a privados, pago pelos impostos de todos nós.
                Sem dúvida que os grandes beneficiários do saque, são os políticos e as clientelas que servem. Os primeiros recebem as contrapartidas, dos ruínosos negócios que aprovam e os segundos ficam com a garantia de lucros, sem qualquer risco. É o que se passa com as PPP (Parcerias Público Privadas, nas estradas, na saúde e na educação.
                 Esta reportagem mostra bem o escandalo em torno do financiamento de escolas privadas, e alguns dos "testas de ferro" que intervém nestes negócios em que claro também beneficiam das benesses e tachos garantidos, como contrapartida.
                O ataque ao ensino público, com o unico fim de entregar tudo a privados é sem dúvida o principio do fim da educação com qualidade e igualdade de oportunidades e claramente um roubo ao erário público.


                                                Verdade inconveniente repórter TVI
     

    19 novembro 2013

    Quando a Europa salva os bancos, quem paga?


      Vale a pena ver, atentamente... e perceber a hipócrisia política. A falta de coragem, ou
      desonestidade e falta de escrúpulos, de quem gere os destinos deste país.
     

    18 novembro 2013

    Inquérito da Igreja sobre a família está online até 8 de Dezembro

    in jn.pt/ - 18/11/2013                         Para respoder ao inquérito "clique aqui"
     
    O inquérito da Igreja Católica, destinado a conhecer a realidade familiar na atualidade, pode ser respondido "online", em Portugal, até 8 de dezembro, através da página na Internet do Patriarcado de Lisboa.

    O Vaticano enviou às conferências episcopais de todo o mundo uma consulta mundial sobre as novas realidades da vida familiar, abordando questões como o divórcio ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
              Os resultados do inquérito servirão de base à preparação da assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer em Roma, de 05 a 19 de outubro de 2014, sob o tema "Os desafios pastorais da familia no contexto da evangelização".

    Dando seguimento a esta consulta, a Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa disponibilizou aqui um questionário com 58 perguntas, que pode ser respondido até 8 de dezembro.
    A ideia é, segundo o texto que antecede o questionário, facilitar "o contributo de cada fiel católico" para aquela que é considerada "uma consulta histórica".
              Também esta segunda-feira foi enviada uma carta às paróquias da diocese de Lisboa a solicitar a divulgação do questionário, informou o Patriarcado em comunicado.

    Na carta é pedido às paróquias que distribuam o questionário em papel a quem não tiver acesso a um computador e que, posteriormente, façam a transcrição para o inquérito "online".
              O inquérito do Vaticano, constituído por 39 perguntas que servem de orientação às consultas das conferências episcopais nacionais, aborda temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a proibição do uso de contraceção artificial, a possibilidade de um católico divorciado voltar a casar-se ou receber a comunhão e o número de jovens que optam por viver juntos antes de se casarem.

    Sobre estes temas, o questionário português quer saber, por exemplo, se a coabitação antes do casamento e os casais separados e divorciados, casados novamente, são realidades relevantes nas paróquias, se fazem pedidos de sacramentos à Igreja e se a simplificação dos processos de declaração de nulidade dos casamentos seria positiva.
              No capitulo das uniões entre pessoas do mesmo sexo, o inquérito quer avaliar a atitude das igrejas locais face ao estado civil e as pessoas envolvidas nestas uniões.
    Pergunta ainda sobre qual a "atenção pastoral" possível para estas pessoas e como agir para transmitir a fé às crianças a cargo destes casais.

    O questionário também pretende saber o que querem da Igreja, para si e para os seus filhos, estes casais e se o acompanhamento dado pelas paróquias às crianças difere conforme a situação matrimonial dos pais.
              O inquérito aborda ainda a natalidade e a contraceção, questionado sobre quais os métodos naturais promovidos para a regulação da fertilidade e se recurso pelos fiéis aos métodos contracetivos e abortivos "é refletido no [seu] sacramento da penitência".
    Pergunta ainda, de que forma pode a Igreja promover uma mentalidade mais aberta à natalidade.
    A Pastoral Familiar elaborou igualmente uma série de cartazes para divulgar o inquérito nas paróquias e comunidades católicas.

    11 novembro 2013

    Lenda de S.Martinho

                                Dia de S.Martinho - 11 de Novembro

     
             Os Santos populares em Portugal são festejados no tempo quente de Verão: Santo António, São João e São Pedro. No Inverno há apenas um, que chega com o frio: São Martinho, que associamos à prova do vinho novo e às castanhas. Martinho nasceu no séc. IV em 316 ou 317 D.C. O nome de Martinho foi-lhe dado em homenagem a Marte, o Deus da Guerra e o protector dos soldados. Terá sido baptizado, por volta do ano 339.

            Martinho era filho de um soldado do exército romano e, como mandava a tradição, filho de militar segue a carreira militar, como todos os jovens que nesse tempo seguiam na continuidade a arte ou ofício do pai. Martinho estudou em Pavia, para onde a família foi viver, e entrou para o exército com 15 anos, tendo atingido o posto de General do Exército . Tinha a religião dos seus antepassados, deuses que faziam parte da mitologia dos romanos, deuses venerados no Império Romano, que, como é óbvio, variavam um pouco de região para região, dada a imensidão do Império. As Gálias teriam os seus deuses próprios, como os tinham a Germânia ou a Hispânia.

     Quando atravessava as montanhas dos Alpes, provavelmente, no ano de 338,  Martinho encontrou um mendigo esfomeado, mal agasalhado e gelado que lhe pedia esmola. O general ao ver o mendigo comoveu-se e como não tinha esmola para lhe dar, retirou o seu manto vermelho (clâmide), espesso e quente que o protegia do frio e da chuva dando-lhe um golpe de espada e dividiu em duas estendendo uma das partes ao mendigo e agasalhou-se o melhor que pôde para continuar o seu caminho. Apesar de mal agasalhado e a chover torrencialmente, Martinho continuou o seu caminho de regresso a casa, cheio de felicidade. Devido ao gesto de solidariedade, Deus presenteou este gesto fazendo desaparecer a tempestade. Imediatamente o céu ficou azul e surgiu um sol de verão, cheio de luz e calor. O bom tempo continuou durante os três dias, tempo que levou o general a chegar ao seu destino.  E assim todos os anos em Novembro somos presenteados com três magníficos dias de sol para que a memória dos homens não se esqueça do gesto que salvou a vida ao mendigo.
     
                 Martinho, ainda militar, mas com uma dispensa vai ter com Hilário (mais tarde Santo Hilário) a Poitiers. Só em 357 Martinho é dispensado oficialmente do exército e continua a espalhar a sua fé. Funda primeiro o mosteiro de Ligugé e depois o mosteiro de Marmoutier, perto de Tour, com um seminário. Entretanto a sua fama espalha-se. Com o tempo, as suas pregações, o seu exemplo de despojamento e simplicidade, fazem dele um homem considerado santo. É aclamado bispo de Tours, provavelmente em Julho de 371.
     
                Morre em Candes, no dia 8 de Novembro do ano de 397 e o seu corpo foi acompanhado por    2 000 monges, muito povo e mulheres devotas. Chega à cidade de Tours no dia 11 de Novembro.  Em 444 foi elevada uma capela no local. Não foram só as gentes das Gálias que o veneraram, o seu culto espalhou-se por todo o Ocidente e parte do Oriente.
               Passando o dia de S.Martinho a ser comemorado a 11 de Novembro.
     
    Por toda a Europa os festejos em honra de São Martinho, também conhecido por S. Martinho de Tours,  estão relacionados com cultos da terra, das previsões do ano agrícola, com festas e canções desejando abundância e, nos países vinícolas, do Sul da Europa, com o vinho novo e a água-pé. Daí os adágios «Pelo São Martinho vai à adega e prova o teu vinho» ou «Castanhas e vinho pelo São Martinho».

    São Martinho e o Magusto
    São Martinho é considerado como o santo dos bons bebedores. É nesta atura do ano que se faz a prova do vinho novo acompanhado das respectivas castanhas. É por tradição, no dia 11 de Novembro que se prova o vinho novo e que se atestam as pipas. O vinho novo é especial uma vez que deve ser bebido antes do Verão, devido às suas características de fermentação.

    Aliado aos festejos do dia de S. Martinho está também o tradicional magusto, tradição ainda mais antiga que a data consagrada a este santo. Os magustos começavam no dia 28 de Outubro, dedicados a S. Simão e duravam até ao S. Martinho. Nesse dia, decorria o magusto familiar em que se reuniam os familiares na casa de um deles, assavam-se as castanhas e na lareira era pendurada uma panela furada. Depois de assadas as castanhas, as famílias jogavam ao “par ou pernão” e diziam os seguintes versos: “Dia de S. Simão, Só não assa castanhas, Quem não é cristão”.

    Durante a noite de 11 de Novembro, era formada a “confraria” que, com tachas de palha, acesas, andavam pelas ruas da freguesia a cantar e a tocar harmónio, guitarra, zabumba e ferrinhos, já tocados pela bebida e chamando a atenção das raparigas, passando pelas várias adegas ou tabernas.

     Jeropiga e Água-Pé em vias de extinção
             A jeropiga e a água-pé, as bebidas tradicionais que acompanham as castanhas nesta época de S. Martinho, correm o risco de, a médio prazo, desaparecerem por completo.
    Estas bebidas, são iguarias de fabrico caseiro das regiões do Minho, Trás-os-Montes, Beira Interior e Ribatejo (Portugal), da qual a produção tem vindo a diminuir dado que os campos têm sido abandonados e as explorações vinícolas de características empresariais vão ganhando terreno, no entanto, o maior problema resulta da lei que proíbe o fabrico e a comercialização destas bebidas tão procuradas e apreciadas. A água-pé, segundo diz, é para beber com as castanhas assadas e, algumas vezes, a meio de uma jornada de trabalho, quando o Verão de S. Martinho aquece os dias, já a jeropiga, bebida com elevado teor alcoólico é usada para beber com castanhas assadas, mas também é excelente para acompanhar outros frutos secos, como nozes, avelãs ou figos, e mesmo alguns doces tradicionais como filhós, fatias douradas ou broas de Natal.
     

    09 novembro 2013

    A maioria dos estudantes gregos vão para a escola com fome: resultado trágico de políticas impostas pela União Europeia (II)


     Parte (I) deste texto (clique aqui)

    AC artigo in solidarite-internationale-pcf ( Outubro de 2013)
    Tradução de Victor Simões


    Deuxièmement, ce désastre alimentaire, c'est aussi la conséquence de la politique d'intégration européenne, avant tout de la « Politique agricole commune » (PAC).


    Em segundo lugar, o desastre alimentar, é também a consequência da política de integração europeia, especialmente a "Política Agrícola Comum" (PAC).

    Contrairement au discours ambiant, reflété dans nos manuels scolaires, les aides de la PAC, largement canalisées par les gros agriculteurs et les réseaux politiques clientélistes, ont servi à financer la restructuration de l'agriculture grecque, conduisant à la ruine des petites exploitations. Ao contrário da opinião dominante, reflectida nos manuais escolares, os subsídios da PAC, em grande parte canalizados para grandes produtores e redes de clientelismo político foram usados para financiar a reestruturação da agricultura grega, levando à ruina das pequenas explorações.

    En outre, elle a conduit la Grèce à s'éloigner de la souveraineté alimentaire . Além disso, levou Grécia a perder a auto-suficiência alimentar. Elle est désormais un importateur net, y compris dans ses produits traditionnels : produits laitiers, viande, fruits et légumes … dont les olives ! Agora é um importador líquido, incluindo dos seus produtos tradicionais: leite, carne, frutas e legumes ... incluindo as azeitonas!

    Troisièmement, enfin, l'Etat s'accomode de l'action des associations humanitaires, charités religieuses ou fondations privées , qui occupent l'espace vacant laissé par les pouvoirs publics. Em terceiro lugar, o Estado acomoda o trabalho das organizações humanitárias, instituições de caridade religiosas ou fundações privadas, que ocupam o espaço deixado vago pelos serviços estatais.

    Ainsi, en Grèce, la « Fondation Stavros Niarchos » a financé à hauteur de 10 millions d'euros un plan d'aide alimentaire touchant 50 000 étudiants , dans 300 écoles des quartiers défavorisés pour leur offrir – en collaboration avec Prolepsis – des repas équilibrés chaque midi. Na Grécia, a "Fundação Stavros Niarchos" financiou 10 milhões de euros do plano de ajuda alimentar envolvendo 50 mil alunos em 300 escolas de bairros carentes para oferecer - em conjunto com a Prolepse - refeições equilibradas ao almoço.

    Si l'initiative devient une nécessité impérieuse pour des dizaines de milliers d'étudiants, elle reste scandaleuse. Elle permet à l'État de se défausser de ses responsabilités sociales , sous prétexte de faillite budgétaire, de laisser aux acteurs privés un espace pour acquérir une influence sociale. Se a iniciativa é uma necessidade urgente para dezenas de milhares de estudantes, é no entanto escandalosa.  Permite ao estado fugir às suas responsabilidades sociais, sob o pretexto de falência fiscal, deixando um espaço para os actores privados  adquirirem influência social.

    Scandale d'autant plus manifeste quand on sait que la « fondation Stavros Niarchos » a été fondé par un richissime armateur grec, qui a construit sa fortune sur les largesses accordées par l'Etat grec, et par des régimes qui furent teintés d'autoritarisme, de corruption et de régression sociale. Escândalo ainda mais evidente quando se considera que a "Fundação Stavros Niarchos" foi fundada por um rico armador grego, que construiu a sua fortuna assente na generosidade concedida pelo Estado grego, durante os regimes que foram tentados pelo autoritarismo, os da corrupção e da regressão social.
    Au-delà de l'indignation, cette nouvelle doit nous pousser à agir ici en France contre les politiques de casse sociale, de privatisation de l'éducation, de pillage des ménages populaires, contre la politique de l'Union européenne au service d'une minorité de profiteurs. Além da indignação, perante isto devemos mover-nos e agir aqui em França contra as políticas de cortes sociais, a privatização da educação, o saque da casa popular, contra a política da União Europeia de Serviço para uma minoria de aproveitadores.

    06 novembro 2013

    A maioria dos estudantes gregos vão para a escola com fome: resultado trágico de políticas impostas pela União Europeia (I)


    Tradução de Victor Simões

    Ce mardi 16 octobre, était célébré la triste « Journée mondiale de l'alimentation » à l'heure où 850 millions d'êtres humains souffrent de la faim.
    A 16 de outubro, comemorou-se de forma triste o "Dia Mundial da Alimentação" num momento em que 850 milhões de seres humanos sofrem de fome. Au cœur de l'Union européenne, en Grèce, ce fléau émerge de nouveau comme un phénomène de masse, touchant les plus jeunes. No coração da União Europeia, na Grécia este flagelo emerge novamente como um fenómeno de massa, afectando os mais jovens.

    L'étude publiée par « Prolepsis » (l'Institut de médecine préventive, et de santé environnementale et au travail) et menée dans 152 écoles, auprès de 16 000 élèves de toute la Grèce, a de quoi donner le vertige. O estudo publicado pela "Prolepse" (Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Ambiental no Trabalho) e realizado em 152 escolas com 16.000 estudantes de toda a Grécia, é o suficiente para o demonstrar. Elle révèle l'ampleur de la politique inhumaine menée en Grèce par la « Troika ». Ele revela a extensão da política desumana na Grécia aplicada pela "Troika".

    Selon « Prolepsis », aujourd'hui seuls 36 % des élèves du primaire et du secondaire en Grèce vont à l'école sans être confrontés à la menace de la faim . Segundo a"Prolepse", hoje apenas 36% dos alunos nas escolas primárias e secundárias da Grécia vão à escola sem serem confrontados com a ameaça da fome.

    Dans le même temps, 37% des élèves sont en situation d' « insécurité alimentaire », sous la menace de la faim sans la subir directement, tandis que 27%, plus d'un élève sur quatre connaît la faim à l'école, qu'elle soit modérée ou sérieuse. Ao mesmo tempo, 37% dos alunos estão em situação de "insegurança alimentar", sob a ameaça de fome, enquanto que 27%, mais de um em cada quatro passa fome na escola,  moderada ou grave.

    En tout, cela fait donc près de deux élèves sur trois (64%) qui vont à l'école la faim au ventre. No todo, são portanto, quase dois em cada três alunos (64%) que vão para a escola com fome.

    Les reportages édifiants ne manquent pas sur la situation dans les quartiers populaires d'Athènes ou Salonique, des enfants affamés incapables de participer aux cours d'EPS, des enseignants donnant à leurs enfants un casse-croûte pour tenir la journée. As reportagens não falam sobre a situação nos bairros de Atenas ou Salónica, os professores às crianças com fome incapazes de participarem nas aulas de educação física, dão às suas crianças um lanche para passarem o dia.

    Comme le notent les auteurs de l'étude, la Grèce tombe dans des chiffres comparables à ceux de pays d'Afrique sub-saharienne , réussissant la performance de se situer en-dessous du Zimbabwe, du Mozambique et du Malawi où une courte majorité d'élèves ne souffrent pas de la faim. Como observam os autores do estudo, a Grécia está com valores comparáveis ​​aos dos países subsaarianos com um desempenho relativo à fome pior que o Zimbabwe, Moçambique e Malawi, onde uma curta maioria  de  alunos não sofrem de fome.

    Cette réalité ne peut que soulever notre indignation. Esta realidade só pode aumentar a nossa indignação. Elle est surtout éclairante politiquement sur la nature de l'attaque barbare subie par les travailleurs, sur la responsabilité du choix de l'intégration européenne dans l'offensive menée par la classe dominante grecque et européenne. É especialmente esclarecedora qunto à natureza política do ataque bárbaro sofrido pelos trabalhadores, sobre a responsabilidade da escolha pela integração europeia, na ofensiva conduzida pela classe dominante grega e europeia.

     
    Car, premièrement, ce désastre humanitaire est la conséquence directe de la « politique d'austérité » menée depuis 2008 : baisse des salaires de 20, 30, 40 %, des coupes par milliards dans l'éducation et la santé, le retrait de l'État de ses fonctions sociales. Porque, em primeiro lugar, este desastre humanitário é uma consequência direta da "austeridade", aplicada desde 2008: os cortes salariais de 20, 30, 40%, cortes na casa dos biliões em educação e saúde, a subtracção do  Estado às suas funções sociais.

    Se soigner ou manger, c'est désormais l'alternative pour les fa
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