27 fevereiro 2012

Carnaval do Infantário/Creche de Gondim - Maia

O carnaval é sempre uma festa de cariz popular
João Pedro

A origem do  carnaval aínda não é consensual. Alguns historiadores associam o começo das  festas carnavalescas aos cultos feitos pelos antigos para louvar boas colheitas  agrárias, dez mil anos antes de Cristo. Já outros dizem que teria inicio no Egipto, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis, com  danças, festas e pessoas mascaradas.
Há quem atribua o início do carnaval aos  gregos que festejavam a celebração da volta da primavera e aos cultos ao Deus  Dionísio. E outros ainda falam da Roma Antiga  em honra aos deuses Baco, Saturno e Pã.
Nuno Filipe
É pois uma herança de várias comemorações realizadas na Antiguidade por povos egípcios, hebreus, gregos e romanos. Estes festejos pagãos serviam para celebrar grandes colheitas e principalmente louvar divindades. É provável que as mais importantes festas ancestrais do Carnaval tenham sido as "saturninas", realizadas na Roma antiga em exaltação a Saturno, Deus da agricultura. Na época dessa celebração, as escolas fechavam, os escravos eram soltos e os romanos dançavam pelas ruas. Já tinham carros alegóricos designados por carrum navalis, algo como "carro naval", pois tinham formato semelhante a navios. Alguns pesquisadores vêm aí a possibilidade da origem da palavra carnaval. A maior parte dos especialistas, porém, acha que o termo vem de outra expressão latina: carnem levare, que significa "retirar ou ficar livre da carne".

Isto porque, já na Idade Média, essas velhas festividades pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica passando a marcar os últimos dias de "liberdade" antes das restrições impostas pela Quaresma. Nesse período de penitência para os cristãos (durante os 40 dias antes da Páscoa), o consumo de carne era proibido. A variação da data do Carnaval no calendário se deve justamente à ligação direta com a Páscoa - que, no hemisfério sul, sempre acontece no primeiro domingo após a primeira lua cheia do outono. Determinada a data do feriado cristão, basta retroceder 46 dias no calendário (40 da Quaresma mais seis da Semana Santa) para se chegar à Quarta-Feira de Cinzas. A comemoração do Carnaval adquiriu diferentes formas nos países católicos que mantiveram a celebração.  O que é certo é que a tradição se mantém e se comemora em vários países, aínda que de forma diferente.

Também os infantários, creches e escolinhas, organizam os seus desfiles e festas, que a pequenada adora. O carnaval é pois um apelo à alegria, à comemoração da vida, é uma forma de desanuviar e nos libertar-mos das tensões do dia-a-dia resultantes das exigências do mundo actual.
Deixo-vos aqui algumas imagens da festa de carnaval das crianças do infantário/creche de Gondim, na qual participam os meus dois pequenitos, o João Pedro e o Nuno Filipe.




25 fevereiro 2012

Corte de subsídios de Férias e Natal, não é para todos!

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      Aínda não percebi,porque se continuam a criar subterfugios e formas de contornar determinações. Acho amoral e reprovável estes Chico-espertismos, que deveriam ser esclarecidos pelo sr. Passos Coelho. Quantos são afinal os beneficiários de excepções? Como se pode depreender há amigos ( nomeados para serviços públicos ), que beneficiam em relação ao todo e recebem os subsídios de Férias e Natal, travestidos de Abono Suplementar.
      Mais não digo, estimados visitantes e amigos deste blogue, façam e retirem pois as vossas ilações...

24 fevereiro 2012

A Natureza agradece





Transcreve-se o texto para ter mais efeito, por maior rapidez e facilidade de leitura:

Sabes quem sou?

Sou alguém com quem convives diariamente… Alguém que apenas deseja o melhor para ti, o essencial na tua vida, porque, sem mim, não conseguirias viver. Mas… para meu infortúnio, não respeitas o que te dei. Se te dou estas maravilhosas paisagens, plenas de cor e abundância, porquê me devolves tudo isto [lixo, destroços, ruínas, poluição]…?Porquê, quando apenas te dei criaturas plenas de vida? Será que não gostas delas? Não te merecem respeito? Porquê, se te dei apenas vida… É esta a herança que pretendes deixar para os teus filhos? Faz algo por mim, por ti e por todos nós. Se não o fizeres…quem o fará…? Se não for feito agora…quando o será? Apenas me devolves morte…?
OBRIGADO!
OBRIGADO!
OBRIGADO!!!
A Natureza

Espalhem esta mensagem pelos vossos contactos, para que tenha o maior alcance possível

22 fevereiro 2012

Óptima lição para os governantes



Deve ser dada atenção à parte final. O Objectivo é congregar as vontades das pessoas para a finalidade comum de valorizar o seu bem colectivo, os interesses nacionais. As finanças, os orçamentos, o dinheiro, são ferramentas indispensáveis, mas não são o OBJECTIVO, a FINALIDADE.

14 fevereiro 2012

Freguesias, democracia ou autocracia ???


Ao longo das últimas décadas, tem havido um «crescimento» de fantasia, talvez de vaidade, de imitação e de ostentação, acima das possibilidades e das conveniências reais e passaram-se vilas a cidades, aldeias a vilas, forjaram-se freguesias e criaram-se novos concelhos como era desejado, por exemplo, em Canas de Senhorim. Recordo que em 1975 fui pressionado por conterrâneos para usar a influência de que na altura dispunha para ali criar uma freguesia. Não fui na cantiga e dissuadi os meus amigos a não insistirem nisso.

Hoje esclareceu-se a consciência de que, com as facilidades de transporte e de comunicação, bem como a rarefacção da população, há muitas freguesias que fariam bem em se fundir com as vizinhas e criar uma maior com mais peso na vida da região.

Mas os governantes, com a sua habitual inabilidade, falta de sentido das realidades e abuso da autocracia, acordaram um dia com uma ideia caprichosa e, como é seu timbre de autoritarismo teimoso, avançaram de régua e esquadro para o mapa de Portugal a retalhar o País a seu prazer onírico, sem sugerir e incentivar o estudo local de cada caso e deixar que os interessados regionais julgassem democraticamente das vantagens e aderissem à ideia da forma mais adequada para cada situação, jogando com a geografia, a orografia, a demografia, a dinâmica da micro-economia e, em suma, sem ferir os interesses das populações. O fenómeno desejado não foi preparado com a racionalidade mais aconselhável e saiu aborto, tal como aconteceu com o acordo ortográfico que quiseram impor ao idioma de Portugal, Brasil e PALOP. Há que ter presente que as mudanças exigem cortes nos hábitos e rotinas e, por isso, enfrentam sempre com resistências, sendo necessária uma cuidada explicação das vantagens para a conquista da adesão das populações, principalmente, das pessoas mais afectadas. Isto faz parte da democracia de que muito se fala mas pouco se pratica.

Nessa ordem de ideias, não surpreende que presidentes das 10 juntas de Matosinhos exijam demissão de Miguel Relvas. Aliás, eles estão a seguir os conselhos do Primeiro-ministro, pois evitam ser «piegas» e estão a ser «mais exigentes», «menos complacentes». Rejeitam o servilismo e a submissão a um ministro com cujas ideias caprichosas não concordam. O seu comportamento, embora aparentemente rebelde, sugere a pergunta, em vez de impor a sua ideia, não seria mais democrático e mais eficiente, na procura da melhor solução, proceder a um diálogo construtivo e procurar chegar a um consenso mais ajustado às realidades das populações?

A irreverência dos 10 de Matosinhos está sintonizada com os conselhos do Primeiro-ministro, a não ser que ele venha afirmar, como outros políticos têm feito, que não era isso que queria dizer.

Imagem de arquivo

11 fevereiro 2012

Assim começam os Totalitarismos


"Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o País estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar."

António de Oliveira Salazar
Discurso de tomada de posse como Ministro das Finanças
27 de Abril de 1928

"Foi assim que se iniciaram 48 anos de ditadura, tortura e obscurantismo e agora temos um Ministro da Finanças que parece ter aprendido pela mesma cartilha e um Primeiro-ministro que afirma que vai aplicar as suas ideias neoliberais
 "custe o que custar".
As semelhanças são assustadoras demais para que possamos ficar em casa sem nada fazer."  ( wehavekaosinthegarden )
E a Passos Coelho, não custará nada com toda a certeza, este senhor deveria ter vergonha da subserviência que demonstra perante a srª Merkel, bem patente até nas conversas de bastidores vindas a público com exemplos lastimáveis, como as que recentemente foram transmitidas do nosso Ministro da Finanças, sr.Vitor Gaspar com o seu homólogo Alemão o sr.Wolfgang Schauble.





É triste ver e assistir a tanta falta de dignidade, é repugnante ver como se vende a saldo e desbarata uma Nação com mais de 850 anos...


05 fevereiro 2012

O Estado Orweliano

Por Lucas Carré

Foto: wehavekaosinthegarden.blogspot.com
O Estado vai passar a controlar todas as operações efectuadas nos Terminais de Pagamento Automático ( TPA), segundo uma portaria publicada esta semana no Diário da República. Ou seja, a partir de agora, os bancos vão ser obrigados a comunicar às finanças todos os pagamentos realizados, seja em restaurantes, boutiques, hotéis ou «casas de meninas»… ninguém fica de fora, nesta sanha persecutória que leva o Estado a ficar a par dos passos seguidos pelos seus cidadãos contribuintes.

 Já tínhamos o caso dos Serviços Secretos a interessarem-se pelas chamadas telefónicas efectuadas pelos jornalistas, a mordaça imposta a quem ousou pôr em causa um programa da TV pública panegírico das excelsas virtudes da «democracia» angolana, de ter havido um primeiro-ministro a telefonar para as redacções dos jornais a tentar impedir a publicação de notícias que lhe eram adversas, de profissionais da CS afastados dos seus cargos (alguns de direcção) ou bloguistas alvo de perseguições por ousarem criticar ou se terem tornado empecilhos ao porem em causa a carreira académica de um governante. Faltava esta «cereja» em cima do bolo democrático: a vigilância sobre as nossas compras, os lugares que frequentamos, quanto e com quem gastamos a «massa» objecto do olho clínico do Fisco, aqui transformado no «Big Brother Gaspar» ou do inefável Relvas.

Mas para compor o «ramalhete» da «espionite goebbeliana», faltava a proposta apresentada também esta semana pela coligação PSD/CDS permitindo que os titulares de cargos públicos possam vir a ser sujeitos a escutas telefónicas caso impenda sobre os mesmos as suspeitas de terem enriquecido de forma ilícita.
Bem se vê no que pode desbundar tantas preocupações draconianas, atentatórias das mais elementares regras de um estado democrático visando atitudes altruístas de combate á criminalidade: a organização de ficheiros pessoais nas mãos de uma minoria, possíveis actos de chantagem politico e económica ( e até de cariz sexual, sabemos de casos desses no passado, envolvendo altas figuras do Estado, outrora tão tonitruantes e que agora parecem autênticos cordeirinhos…).E, entretanto, enquanto se pariu toda esta legislação em catadupa, grandes figurões que gozam de amplas e imperscrutáveis protecções depois de condenados em Tribunal a pena de prisão (não é só o Isaltino, há mais…) continuam por aí a passear-se, impantes, gozando e servindo-se do sistema. Ao pé destas «virtualidades» do chamado Estado Democrático, a PIDE, os seus agentes, informadores, «bufos» e rede clientelar mais parecem uns autênticos «meninos de coro».

in Crime digo Eu 03/02/2012

01 fevereiro 2012

A HISTÓRIA SECRETA DO «REI DAS CORTIÇAS»,UM DOS 200 HOMENS MAIS RICOS DO MUNDO

   Por: Lucas Carré
Américo Amorim
A revista Forbes classifica-o como um dos duzentos homens mais ricos do Mundo com uma fortuna avaliada em mais de 5 mil milhões de euros. Américo Amorim, o «Rei da Cortiça», como ficou conhecido e que recentemente em declarações públicas aquando do anúncio da possibilidade do aumento dos impostos sobre as grandes fortunas, referiu “Não me considero rico.; sou trabalhador”, transformou uma pequena empresa fundada pelo avô em 1870 na líder mundial do sector, embora a sua actual actividade empresarial se estenda desde a Banca, Bolsa, Casinos, unidades turísticas, empresas petrolíferas…Um universo empresarial aparentemente sólido, intocável à crise, embora em 2009 tenha sido obrigado a despedir perto de duas centenas de trabalhadores das suas fábricas do Norte. Pode ter sido uma jogada de antecipação face à actual hecatombe social e económica. Homem prevenido vale por dois, lá diz a sabedoria popular.
Américo Amorim não tem quaisquer pruridos em divulgar histórias sobre a sua infância difícil, propalando-as como se fossem exemplos de vida para as novas gerações. Conta que só deixou de usar sapatos de madeira depois do exame da quarta classe, que ia descalço para a escola, que subiu a pulso na sua escalada empresarial. Mas, asseguram-nos, as coisas não terão sido bem assim. Américo Amorim nasceu mesmo no seio de uma família abastada e o seu avô, no século IXX, já era um dos grandes produtores de vinho do Porto no Douro. Só mais tarde iniciou a sua actividade no ramo da cortiça, que depois passou para os seus filhos, nomeadamente os seus pais. Foi o tio, Henrique Amorim, nascido em 1902 e falecido em 1977,o grande responsável pela ascensão da empresa de cortiça para o topo do ramo em Portugal. Henrique Amorim morreu solteiro, sem filhos, e deixou a herança aos sobrinhos. Tudo, excepto o famoso Museu da Cortiça, que guarda no seu espólio preciosas obras de arte em talha de madeira, à mistura com peças referentes à indústria do sector. Terá sido mesmo este Museu uma «espinha» encravada no relacionamento familiar. Américo Amorim e os seus irmãos nunca terão perdoado ao tio o facto de não lhes ter sido doada a gestão do Museu, que viveu tempos difíceis depois da morte do seu criador. As obras de arte em talha continuam bem tratadas, mas a sala dedicada à cortiça foi completamente esquecida.

Os novos ventos que sopraram do Leste, com a queda do comunismo, terão afectado o império de Amorim. Os mesmos mercados que, no início, se mostraram decisivos no arranque do seu império dourado. Antes e no pós 25 de Abril, não se conhecia a barricada que Américo Amorim decidiu trilhar. Para o «Rei das Cortiças», o objectivo era concretizar um bom negócio, aproveitando os mercados, as situações, o enquadramento político, fossem quais fossem os parceiros ou os métodos escolhidos.
E, no passado, choveram histórias que alimentaram o mito daquele que é um dos homens mais poderosos do planeta. Como aconteceu em Novembro de 1989, quando o semanário romeno, «Contrast», ligou as empresas de Amorim à tenebrosa polícia secreta «Securitate» do ditador Ceausescu .O artigo abordava a actividade desenvolvida por dois elementos conotados com a «secreta» romena, os coronéis Dragos Diaconescu e Gheorge Volniov, no desbloqueamento de várias situações conflituosas surgidas no relacionamento comercial da empresa corticeira através de um escritório que possuíam na Roménia designado «Argus».
O jornal citava os eventuais benefícios concedidos ao grupo português ao concretizar contratos a «preços vantajosos», apesar de existirem ofertas mais rentáveis oferecidas por outras firmas estrangeiras. O «Contrast« fazia referência a declarações do representante do Grupo na Áustria, Gerert Schisser, de que a «Argus teria beneficiado a sua empresa quando assinaram contratos com firmas romenas».Mencionou o facto do coronel Diaconescu «ter obrigado a firma romena Vitrocin a comprar à Amorim aceitando preços propostos por esta última».
Mas vem a talhe de foice lembrar que os contactos comerciais de empresários portugueses com a extinta URSS ultrapassavam o mero pagamento de percentagens. Muitas vezes, para obter essas benesses eram exigidas outras contrapartidas, obtidas através do fornecimento de segredos militares e outros respeitantes a tecnologias de ponta, casos que chegaram a ser analisados pelos serviços de informação ocidentais e pelos novos responsáveis do Kremlin. Um dos quais envolveu uma deslocação dos jornalistas José Leite (antigo chefe de redacção do semanário «o Diabo») e Nuno Rogeiro (o actual comentador da SIC era então sub-director do «Diabo») ao Norte do País, onde tiveram um encontro confidencial com um ex- responsável de uma grande firma de extracção comercial de cortiça, Jaime Nunes de Amorim, com quem se tinha envolvido em litígio laboral. A «vingança» do despedido (que, entretanto, conseguiu ganhar a disputa em tribunal) foi revelar aos dois jornalistas um negócio de passagem de segredos militares que ele próprio havia testemunhado como responsável directo. Contou ele que, através de um seu agente em Viena, o patrão obtivera um volumoso contrato com uma empresa que fabricava, em Roterdão, submarinos sofisticados para a NATO. Esse grande empresário português fornecia materiais de isolamento de compartimentos dos submersíveis, feitos de borracha e cortiça comprimida. Segundo nos referiu essa nossa fonte, o negócio só se concretizou quando esse grande capitalista nortenho prometeu aos representantes de uma empresa pública soviética que lhes iria entregar um «dossier» completo sobre os submarinos (do tipo Dolfijn e Zwaardvis), com a indicação das «performances» em velocidade, propulsão, armamento e sistemas electrónicos.
Transcrevemos parte do diálogo publicado por aquele semanário:
- Durante as negociações eles fizeram perguntas: que submarinos? Quantos? Quais as suas características?
- O relatório foi entregue a um dos soviéticos que o levou para a URSS.»
- A sua empresa forneceu mais informações à URSS?
- Sim, no final da década de oitenta. Eram informações sobre um produto industrial estratégico norte-americano resistente às altas temperaturas. Tinha aplicação no fabrico de equipamentos militares e nos aviões. Tratava-se de uma matéria-prima que a empresa importava dos Estados Unidos para acrescentar a um outro componente de forma a obter esse produto final com essas características. Foram desviadas para a URSS amostras desse produto que o Governo americano considerava de grande valor estratégico.
Em 1991 rebenta em Portugal o chamado «Watergate Vermelho»: a Federação Russa tornou públicos os nomes de empresários e empresas, além de dirigentes e militantes do PCP, militares ligados às estruturas da NATO, funcionários de institutos científicos ligados à alta tecnologia envolvidos em negócios escuros e missões de espionagem.
Na mira dos dirigentes da «Primavera russa» estava o PCP de Cunhal e um conjunto de empresas portuguesas – entre as quais, o Grupo Amorim – que teriam recebido ajuda financeira do PCUS (Partido Comunista Soviético), a par, por exemplo, da Vesper do Almirante Rosa Coutinho ( que privilegiou os contactos com Angola),a ETEI (mais ligada a Moçambique), Metalquímica, Planco e o jornal «Avante».Esse universo empresarial dos amigos do PCUS era coordenado pela «holding» Numérica ( doc 3) que, por sua vez, prestava contas junto do PCP.O escândalo envolvia ainda o pagamento de comissões (proibidas pela URSS, ou não fosse esse, segundo a propaganda então vigente, um dos males do capitalismo…) por parte das empresas que pretendiam efectuar negócios com o Leste.
Ao tentarem estabelecer contactos comerciais com a URSS, há muito tempo que os empresários portugueses esbarravam com esse núcleo forte de empresas conotadas com o PC de Cunhal e que gozavam de intermediários privilegiados. Foi com a finalidade de derrubar esse «muro» que, em Outubro de 1988,se deslocou à URSS uma missão da Associação Industrial Portuguesa liderada pelo então presidente, Jorge Rocha de Matos. Este chegou a exprimir a sua mágoa numa entrevista ao «Diabo» pelo malogro da «missão»: «O acordo com a Câmara do Comércio e Indústria da URSS nunca foi possível de implementar pois havia canais privilegiados para se venderem produtos à União Soviética. Desconhecia qual o esquema utilizado mas, à boca pequena, toda a gente dizia que havia interesses em beneficiar um determinado partido político. Diligenciámos junto dos representantes do comércio e da indústria da URSS no sentido de lhes fazer crer que havia vantagens mútuas em acabarem com esses intermediários. Assinámos um acordo nesse sentido, mas nunca foi possível implementá-lo».
Em declarações que então prestou à Comunicação Social, Jorge Armindo, vice-presidente do Grupo Amorim desmentiu, de forma categórica, que a sua empresa tivesse recebido dinheiro do Orçamento do Estado soviético: «Mantemos relações comerciais com a URSS há mais de 35 anos e nunca utilizámos intermediários. Estabelecemos canais próprios de distribuição através de uma empresa na Áustria», disse.
Faltou falar nos outros canais na Roménia e quem eram os contactos…como vimos, coronéis da «secreta» de Ceausescu, acima de qualquer suspeita…
Do Alentejo, com amor…
Mas foi através de uma entrevista publicada no semanário «o Diabo» com um detido em Pinheiro da Cruz, João Mataloto Freira, representante no distrito de Setúbal do PCP para as questões agrícolas e membro da Associação Portugal/URSS, que muitos segredos sobre do grande roubo perpetrado em nome da reforma Agrária foram desvendados.Referimo-nos à «subtracção» da cortiça por grandes empresários do norte que se encontrava à guarda das UCP alentejanas.
Determinava a lei que o produto pertencia ao Estado. Era este que, através de um organismo próprio – inicialmente a Administração Florestal, posteriormente o IGEF (Instituto de Gestão e Estruturação Fundiária) – promovia a sua venda através de concurso público. Acontece que, dias antes da transacção, pela calada da noite, a cortiça desaparecia das propriedades e era carregada em camiões rumo a empresas transformadoras do Montijo e do Norte do País, delapidando o Estado em muitos milhões de escudos. Vários empresários, guardas florestais, elementos da GNR e responsáveis das cooperativas chegaram a ser julgados e condenados por roubo de cortiça. Sabe-se que, durante esse período de «salvaguarda da Reforma Agrária» (os objectivos eram mais comerciais e de financiamento partidário do que políticos), houve cooperantes que ergueram prédios do outro lado da fronteira (Badajoz) à custa das comissões recebidas.
Às críticas verrinosas que os apontavam como estando directamente envolvidos neste negócio pouco claro, os irmãos Amorim clamavam a sua inocência. Até mesmo quando surgiram essas declarações bombásticas em Janeiro de 1990 ( no jornal «o Diabo») denunciando o comprometimento de grandes grupos empresariais do Norte, entre os quais o Grupo Amorim, nos desvios de cortiça das herdades alentejanas, em cumplicidade com os agentes locais do PCP e responsáveis das UCPs.
Nas cartas que revelou quando estava detido em Pinheiro da Cruz, onde cumpria pena de nove anos de cadeia por burla agravada, processo em que diz ter sido «enrolado» pelo PC de Alcácer do Sal (e por se ter sentido traído pelos «camaradas» de partido resolveu desabafar), Mataloto Freira explicava como se processava a golpada altamente penalizadora para os cofres do Estado: «A cortiça representava uma grande fonte de rendimentos para as cooperativas, já que esse dinheiro permitia, ao fim do ano, tapar os défices de uma gestão ruinosa. Quando saiu a Lei da Cortiça, as cooperativas deixaram de receber essas elevadas verbas. Apenas lhes era paga a extracção, o carrego e o empilhamento a um tanto por arroba, e mais nada, ficando a cortiça a ser pertença do Estado que se encarregava da sua venda. Numa reunião efectuada no Partido, que contou com a presença de representantes de todas as cooperativas filiadas na União, foi decidido que cada uma se deveria desenvencilhar no sentido de fazer algum dinheiro com a cortiça. Contactámos vários compradores e estes mostraram-se abertos a comprar cortiça às UCPs pela “porta do cavalo”.Isto é, quando a cortiça era retirada da árvore, uma parte ia para a pilha que se determinava fazer nas herdades sob orientação dos Serviços Florestais; uma outra, era carregada em camionetas do comprador e levada para a fábrica ou para uma herdade onde este tivesse feito um negócio legal (caso do Amorim), saindo como se toda ela fosse oriunda dessa propriedade».
«E assim, com o meu conhecimento, foram transaccionadas as seguintes quantidades de cortiça só para o comprador Amorim e Irmãos de Santa Maria da Feira: Cooperativa Cravos Vermelhos (76.179 arrobas); Vitória do Sado ( 53 mil); Albergue ( 29.600): Soldado Luís (47 mil);Casebres ( 20.600) 17 de Maio( 37.900); 1º de Janeiro ( 5 mil); Poder Popular ( 3600)»
Contou Mataloto Freira que o dinheiro resultante destes negócios era contabilizado (quando não era logo dividido entre os cooperantes) como venda de gado ou arroz. «Em alguns casos, as cooperativas até pouco gado tinham e outras nem arroz produziam», conta. Era o PCP quem enviava contabilistas de Lisboa, os quais, «voluntariamente davam uma ajuda ao cooperante que estava no escritório para o ajudar a encontrar maneira de contabilizar estas entradas de dinheiro da melhor maneira» …
João Mataloto Freira afirmou que muitas dessas suas denúncias – inclusive, os nomes dos grandes empresários envolvidos – foram encaminhadas para a PJ, estranhando que ao longo de décadas, apenas o «peixe miúdo» tivesse respondido perante a justiça.

Nos tribunais de Beja e Portel, nos anos noventa, correram vários processos citando uma empresa do Grupo Amorim, a «Flocor», por alegado comércio ilegal de cortiça, factos que foram judicialmente inocentados.
Américo Amorim era tido com o um personagem que evitava envolver-se directamente nos negócios no Alentejo. Tinha os seus «testas de ferro» – João Mataloto fala na intervenção de um irmão, José Amorim, que referencia nas cartas que nos entregou – que contactavam os responsáveis das UCP e desbloqueavam as situações mais complicadas.
Um representante do Grupo na região chegou mesmo a receber um telex assinado por Américo Amorim onde este lhe dava instruções para contactar funcionários da Direcção Geral de Florestas de Évora no sentido que fosse libertada a cortiça depositada na Herdade do Panasquinho que tinham sido apreendida, encontrando-se parte do produto a apodrecer há mais de um ano em dois camiões apresados pela GNR num parque da capital alentejana. E o certo é que a matéria-prima foi libertada como por encanto, o que comprova a «força dos argumentos» deste grupo empresarial…
«Atendendo a que me parece que a PJ e não só, apesar de me terem ouvido por duas vezes e dizerem que iam actuar, nada terem feito até agora, certamente porque se trata do grande Amorim que até era do MASP (Movimento de Apoio a Mário Soares à Presidência), entendo actuar desta maneira», refere João Mataloto Freira explicando os motivos pelos quais acedeu a ter este contacto com um jornalista de «o Diabo».
Essas sombras do seu passado em nada parecem ter beliscado aquele que é detentor de uma das maiores fortunas do país e do Mundo. E que soube, como ninguém, gerir a sua imagem entre os poderosos, qualquer fosse o poder vigente. Na sua Herdade do Peral, em Évora, que adquiriu a Jorge de Mello, em 1987,por um milhão de euros, oferece lautas refeições e aprazíveis convívios aos maiorais do regime. Dias Loureiro, o antigo homem forte do BPN e antigo Conselheiro de Estado, Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e homem forte da banca angolana, Manuel Vilarinho, ex-presidente do Benfica são alguns dos parceiros de caçadas. Américo Amorim é um excelente relações públicas, ou seja, sabe vender o seu negócio e imagem, das esquerdas às direitas…sobrevivendo a tudo e a todos, até aos regimes.

in : Crime Digo EU

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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