21 março 2012

Greve é boa ou má, conforme… !!!


Em 9 de Novembro último, coloquei aqui o post A greve é uma arma e explicava que, como arma deve ser utilizada com muita precaução. Curiosamente, recebi agora por e-mail de velho amigo que vem de certa forma reforçar alguns dos argumentos que então utilizei e, por isso transcrevo na íntegra:

Quando o PCP era contra as greves...
Por M. Amaral de Freitas
Ainda a propósito da greve geral...

"Os trabalhadores e trabalhadoras de todos os sectores, empresas e serviços, com vínculos permanente ou precários, têm motivos para aderir à greve geral de 24 de Novembro", proclama o PCP na primeira página do seu jornal oficial. Sob a palavra de ordem "a adesão de cada um faz a força de todos".

Isto sucede agora. Mas já houve um tempo em que o PCP era contra a realização de greves em Portugal. Um tempo em que, por coincidência ou talvez não, os comunistas ocupavam pastas ministeriais no Governo. Convém recordar aos mais desmemorizados, por exemplo, uma resolução do Comité Central (CC) do PCP datada de 17 de Junho de 1974 em que a direcção do partido se insurgia contra a realização de uma greve nos CTT. Passo a transcrever parte desse longo comunicado, naturalmente com a devida vénia.

«O PCP alerta contra o perigo de reivindicações irrealistas e chama particularmente a atenção para as exigências de súbita e radical diminuição da semana de trabalho, que em alguns casos desceria a níveis não praticados mesmo nos países mais desenvolvidos. Semanas de 35/36 horas não correspondem ao nível do actual desenvolvimento económico. As reivindicações irrealistas conduzem a um beco sem saída, à perturbação do equilíbrio económico ou ao aumento dos preços e ao agravamento da inflação que anulam os aumentos de salários alcançados.

As formas de luta devem ser cuidadosamente examinadas antes de decididas. No actual momento político, a greve só deve ser utilizada na luta por reivindicações sérias e ponderadas, depois de esgotados todos os outros recursos. Os trabalhadores devem fazer tudo para que não tenha lugar em sectores-chave da vida económica dadas as profundas e desfavoráveis repercussões que pode ter na situação económica e dadas as graves reacções que pode provocar. O CC do PCP desaprova a greve dos CTT (...) Desaprova a greve em outros sectores vitais da vida económica e social do País e apela para que os trabalhadores tenham plena consciência dos graves riscos que correm e fazem correr ao processo de democratização iniciado em 25 de Abril. (...) Chama com solenidade a atenção dos trabalhadores para o facto de que a desorganização da economia, a paralisação de transportes e outros meios vitais da vida económica criam condições favoráveis para a reacção e a contra-revolução.»


Um prodígio de hipocrisia, esta posição dúplice de um partido que quando está na oposição incentiva os trabalhadores a fazer greve mas quando está no Governo recomenda aos mesmíssimos trabalhadores que não utilizem tal forma de luta. É isso, aliás, que sucede nos países ainda dirigidos por partidos comunistas: China, Coreia do Norte, Cuba, Laos e Vietname. Todos condicionam fortemente ou interditam o direito à greve - naturalmente, sem um sussurro de protesto do PCP. A nula adesão à luta faz a fraqueza de todos.

NOTA: Falta salientar que as greves em serviços públicos constituem uma péssima utilização da arma porque as vítimas são sempre trabalhadores inocentes, os utentes de tais serviços que, não têm a mínima culpa da situação que desagrada e acabam por ser sacrificados duramente na sua vida e rotina quotidiana.

Imagem do Google

2 comentários:

victor simoes disse...

Caro amigo João, é bem verdade a dúbia actuação, segundo a posição que se ocupa. Mas o que é claro, é sem dúvida a finalidade da greve, destabilizar o quotidiano de todos nós, só assim a greve poderá produzir efeitos, se não afectar nada, nem a ninguém, não poderá ser considerada útil e muito menos uma forma reivindicativa.

Um abraço.

A. João Soares disse...

Caro Victor Simões,

Sem dúvida que a acção, em cada momento, deve ser a mais adequada ás circunstâncias. Não devemos aplicar estupidamente a mesma solução, de chapa, ao longo do tempo, por rotina, mesmo que as circunstâncias sejam muito diferentes. A isso se aplica a metodologia Pensar antes de decidir.

Quanto aos efeitos de uma greve de serviços públicos, tenho dúvidas do resultado de uma comparação isenta entre benefícios e prejuízos dela resultantes, com a agravante que os prejuízos afectam pessoas inocentes no processo, que nada têm a ver com as causas do problema. Há que não abusar do emprego de um direito que prejudica os direitos dos outros. Só se pode dizer que há liberdade quando todos a podem ter e não quando uns dela abusam em prejuízo da dos outros.

Abraço
João

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