O primeiro ministro parece ter ignorado os dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) no passado Domingo, dia 22 de Dezembro, que apontavam para um aumento de 2,2% do desemprego jovem em Novembro.
Pedro Passos Coelho também parece não conhecer os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE). As estatísticas disponíveis mais recentes apontam para uma criação de apenas 21,8 mil empregos líquidos entre Janeiro e Setembro de 2013.
in resistir.info 27/12/2013
1. Na sua mensagem de Natal o Primeiro-Ministro afirmou
que "o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro
trimestre foram criados 120 mil postos de trabalho". Esta afirmação é falsa
porque omite a destruição de cerca de 98 mil empregos ocorrida no primeiro
trimestre. De facto, a evolução do emprego indica apenas uma evolução líquida
cerca de 22 mil empregos em 2013:
Evolução do emprego (mil)
Evolução do emprego (mil)
2012 (4º) | 4531,8 | |
2013 (1º) | 4433,2 | -98,6 |
2013 (2º) | 4505,6 | +72,4 |
2013 (3º) | 4553,6 | +48,0 |
Variação em 2013 | +21,6 |
Fonte: INE,
Inquérito ao Emprego
2. Tão importante como conhecer a
evolução global e líquida do emprego é avaliar a natureza dos empregos que estão
a ser criados. A análise da distribuição do emprego segundo a situação na
profissão, em conjunto com a variação do emprego em 2013 em cada uma das
categorias, permite ter uma ideia mais clara sobre a qualidade dos empregos
criados.
Emprego segundo a situação na profissão (trimestres, mil)
Emprego | 4531,8 | 4433,2 | 4505,6 | 4553,6 | |
Variação | -98,6 | 72,4 | 48,0 | 21,8 | |
Assalariados | 3538,2 | 3482,5 | 3523,1 | 3551,6 | |
Variação | -55,7 | 40,6 | 28,5 | 13,4 | |
Contratos sem termo | 2816,8 | 2745,4 | 2754,8 | 2780,1 | |
Variação | -71,4 | 9,4 | 25,3 | -36,7 | |
Contratos não permanentes | 721,5 | 737,0 | 768,4 | 771,5 | |
Variação | 15,5 | 31,4 | 3,1 | 50,0 | |
% do total | 20,4 | 21,2 | 21,8 | 21,7 | |
Familiares não remunerados | 28,2 | 26,8 | 31,1 | 33,6 | |
Variação | -1,4 | 4,3 | 2,5 | 5,4 | |
Patrões | 239,5 | 231,9 | 221,7 | 239,6 | |
Variação | -7,6 | -10,2 | 17,9 | 0,1 | |
Trabalh. por conta própria | 725,9 | 692,1 | 729,7 | 728,9 | |
Variação | -33,8 | 37,6 | -0,8 | 3,0 |
Fonte: INE,
Inquérito ao Emprego
Daqui resulta que:
A maioria dos novos empregos é assalariada, isto é trata-se de emprego por
conta de outrem (61%);
Verifica-se a criação de cerca de 50 mil empregos não permanentes (contratos
a termos e outros);
Ao mesmo tempo, registou-se uma diminuição na ordem dos 37 mil trabalhadores
por conta de outrem com contratos permanentes (contratos sem termo); Ou seja,
paralelamente ao aumento do emprego houve um processo de substituição de
trabalhadores com contratos permanentes por trabalhadores com vínculos
precários;
O número de trabalhadores familiares não remunerados (que constitui também
um indicador de precariedade) aumentou 5,4 mil, o que representa um quarto do
total do emprego líquido criado em 2013.
3. A análise da variação do emprego por sectores nos
três primeiros trimestres deste ano permite verificar que quase todas as
actividades económicas perderam emprego, com destaque para a educação e a
construção. A criação de emprego apenas se verifica em nalgumas actividades de
serviços, em que se destaca a variação de emprego no alojamento e restauração.
Esta variação positiva está porém concentrada no 3º trimestre, pelo que é
influenciada por factores de natureza sazonal (turismo).
Variação do emprego em 2013 por sectores (trimestres, mil)
Fonte: Calculado a
partir de INE: Inquérito ao Emprego; variação face ao trimestre precedente
Variação do emprego em 2013 por sectores (trimestres, mil)
População empregada | - 98,6 | 72,4 | 48,0 | 21,8 |
Agricultura, p. animal, caça, floresta e pesca | - 33,7 | 46,2 | - 16,5 | - 4,0 |
Indústria, construção, energia e água | - 11,0 | - 6,9 | - 10,5 | - 28,4 |
Indústrias transformadoras | - 18,1 | 10,2 | 1,6 | - 6,3 |
Construção | 2,2 | - 11,2 | - 13,0 | - 22,0 |
Serviços | - 53,8 | 33,0 | 75,0 | 54,2 |
Comércio por grosso e a retalho | - 25,3 | 6,4 | 13,4 | - 5,5 |
Transportes e armazenagem | 0,8 | 2,4 | 6,7 | 9,9 |
Alojamento, restauração e similares | - 3,0 | 6,5 | 37,3 | 40,8 |
Ativ. de informação e de comunicação | - 3,6 | - 3,5 | 14,1 | 7,0 |
Ativ. financeiras e de seguros | - 5,7 | 2,5 | - 1,1 | - 4,3 |
Ativ. imobiliárias | 0,8 | - 0,8 | 6,3 | 6,3 |
Ativ. de consultoria, científicas, técnicas | 1,2 | 0,7 | 12,4 | 14,3 |
Ativ. administrativas e dos serviços de apoio | - 18,7 | 13,4 | 0,8 | - 4,5 |
Administração Pública, Defesa | 5,3 | 3,1 | 7,2 | 15,6 |
Educação | - 16,7 | 0,4 | - 30,7 | - 47,0 |
Ativ. da saúde humana e apoio social | - 6,2 | 1,5 | 8,4 | 3,7 |
Ativ. artísticas, de espetáculos, desportivas… | 2,4 | - 2,3 | 3,3 | 3,4 |
Outros serviços | 14,9 | 2,8 | - 3,5 | 14,2 |
4. Em suma, a evolução do emprego líquido foi apenas de
22 mil, nos primeiros três trimestres de 2013 e não de 120 mil como o
Primeiro-Ministro afirmou;
Os dados conhecidos indiciam que os empregos criados correspondem a empregos precários, de baixa qualidade, constituindo, na sua esmagadora maioria, uma ante câmara para novos despedimentos;
Os empregos criados, têm na generalidade, baixos salários e alguns nem remunerados são;
Decorrente da precariedade e dos baixos salários a média mensal do subsídio de desemprego continua a cair e a empurrar cada vez mais trabalhadores para a pobreza;
Aumenta o número de desempregados de longa duração e os que não usufruem de qualquer subsídio;
Se juntarmos a emigração, que entretanto ocorreu e outros factores como o efeito de medidas de políticas activas de emprego e de formação profissional (como o aumento de desempregados inseridos em contratos de emprego inserção, estágios e formação profissional), concluímos que o panorama do emprego não se alterou substancialmente este ano. Daqui decorre que o país continua refém de um modelo de baixo valor acrescentado, que importa ser alterado quanto antes. Para bem dos trabalhadores, da produção nacional, do desenvolvimento económico e social do país.
Os dados conhecidos indiciam que os empregos criados correspondem a empregos precários, de baixa qualidade, constituindo, na sua esmagadora maioria, uma ante câmara para novos despedimentos;
Os empregos criados, têm na generalidade, baixos salários e alguns nem remunerados são;
Decorrente da precariedade e dos baixos salários a média mensal do subsídio de desemprego continua a cair e a empurrar cada vez mais trabalhadores para a pobreza;
Aumenta o número de desempregados de longa duração e os que não usufruem de qualquer subsídio;
Se juntarmos a emigração, que entretanto ocorreu e outros factores como o efeito de medidas de políticas activas de emprego e de formação profissional (como o aumento de desempregados inseridos em contratos de emprego inserção, estágios e formação profissional), concluímos que o panorama do emprego não se alterou substancialmente este ano. Daqui decorre que o país continua refém de um modelo de baixo valor acrescentado, que importa ser alterado quanto antes. Para bem dos trabalhadores, da produção nacional, do desenvolvimento económico e social do país.
3 comentários:
Deram-lhe um lugar que ele não sabe desempenhar e todos os dias comete erros imperdoáveis.
Já era tempo de ter aprendido com os erros que fez e que continua a fazer
Nesta mensagem disse tudo menos a verdade.
Caro Victor Simões,
Um trabalho interessante.
E nos organismos públicos, quantos assessores, etc têm aumentado? quanto recebem? Para quê, se a produção do País não tem aumentado, se as leis são feitas por gabinetes se advogados amigos, se as decisões não são preparadas de forma rigorosa e dedicada aos objectivos estratégicos do País, se a Reforma do Estado não está sequer planeada, se tem sido preciso recuar, contrariar promessas anteriores, etc, etc????
Com os gabinetes tão recheados de sanguessugas, porque não existe ainda legislação que combata a corrupção, o tráfico de influências, as negociatas, o compadrio a promiscuidade entre empregos públicos e funções de Estado?
Esperemos que em 2014, sejam dados «passos» certos no sentido mais patriótico, mais favorável ao futuro da maioria dos portugueses que tem sido esmagada para benefício de uma minoria que são parasitas do dinheiro dos nossos impostos.
Desejo um milagre que faça uma correcção do rumo para regressarmos à estrada do progresso e da felicidade colectiva.
Abraço
João
Pois assim é João Soares. Andam todos calados com o caso dos Estaleiros de Viana do Castelo, aínda está por explicar, porque foram canceladas as construções dos navios para a Marinha, quando todo o material já estava comprado e nos armazéns dos estaleiros,note-se que foi adjudicado com Paulo Portas e cancelado com o Aguiar Branco, no entanto os salários tinham de se pagar... os blocos de aço foram vendidos a um sucateiro, material novo, como se ferro velho se tratasse, o restante está a apodrecer!
Também a que propósito chega agora material para a construção de de uma encomenda da Venezuela, um negócio de 180 milhões de euros entregues de mão beijada à Martinfer, o Estado está benemérito para alguns, ao Povo leva-o para a miséria.
Gostaria de acreditar em que tudo estaria transparente como diz o Ministro Aguiar Branco, corroborado pelo Primeiro Ministro Passos Coelho, mas não acredito, estou à espera de saber como explicam a limpeza do negócio.
Claro que é tudo um jogo de interesses, contra o interesse nacional, de todos nós. Enquanto existir esta promiscuidade de políticos com empresas privadas, enquanto os políticos não forem criminalizados por gestão danosa, isto vai continuar.
Enquanto corruptos estiverem no Governo, vamos ter sempre mais do mesmo.
Um abraço.
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