22 fevereiro 2008

Nem Interior nem Litoral

Do Diário Digital extrai-se este artigo que levanta a questão da complexidade geográfica do rectângulo, apesar da sua escassa dimensão, devida à administração territorial inadequada.

PR preocupado com regiões que não são nem interior nem litoral

O Presidente da República disse hoje estar muito preocupado com os problemas específicos das regiões do país que não são interior nem litoral e que, por isso, «não têm merecido o apoio necessário para modernizarem o seu tecido económico».

«Já há algum tempo que o meu gabinete está a recolher o máximo de informação sobre esta zona do país, que atravessa grandes dificuldades para enfrentar a concorrência de outros mercados, com o objectivo de organizar em breve uma visita», disse o chefe de Estado, reportando-se ao Vale do Sousa, Baixo Tâmega e Vale do Ave, onde vive cerca de um milhão pessoas.

Cavaco Silva, que falava durante a inauguração de um centro comunitário na freguesia de Lagares, Penafiel, disse que o país deve ter uma atenção especial para com as zonas que enfrentam problemas mais preocupantes, a maioria de natureza económica, mas que se traduzem em situações de exclusão social.

«Quero ajudar a região a alertar os poderes públicos, mas também as forças locais, para que se mobilizem no sentido de inverter os problemas«, destacou na sessão solene.

O Presidente respondia à intervenção do autarca de Penafiel, que alertara para «os indicadores preocupantes» da região do Tâmega, no interior do distrito do Porto, que enfrentam taxas de desemprego elevadas, baixos índices de poder de compra e altas taxas de abandono escolar precoce, apesar de ser das regiões mais jovens do país.

Cavaco Silva disse estar atento aos problemas de todos os portugueses, frisando que continuará a visitar todo o território nacional, incluindo os lugares mais pequenos, «para conhecer as inquietações, os problemas e as ambições de quem aqui tem as suas vidas».

O Presidente inaugurou o Centro Comunitário de Lagares, da Associação para o Desenvolvimento de Lagares, um equipamento que vai apoiar dezenas de idosos e crianças do concelho de Penafiel.

Cavaco Silva tinha estado na freguesia, em 1993, então como primeiro-ministro, inaugurando o centro social, onde hoje foi recebido em sessão solene.
Diário Digital / Lusa

15 comentários:

Anónimo disse...

O nosso presidente está entre a espada e a parede.Saberá sair desta situação. É no entanto o momento mais marcante desde que chegou ao cargo.
O governo tem que apostar na segurança dos portugueses.Tem que criar leis justas, que punam o criminoso, seja qual o seu estatuto social.Caso contrário como escrevi aqui há quase dois anos "A CRISE SOCIAL E A SEGURANÇA DOS CIDADÃOS" levarão à maior agitação que há memória no país obrigando o presidente a tomar a única saída.
Não...não é convocar eleições...Sem economia o país afunda-se; e sem segurança o índice de criminalidade aumentará abissalmente criando-se esquadrões por aí fora que se enfrentarão, numa de justiça de Fafe.
Não advinho o futuro, mas se os portugueses não emigrassem já se tinham comido uns aos outros. Portugal tem o maior nº de lojas comerciais por habitante da Europa.No entanto continuam-se a licenciar abusivamente grandes superfícies. Agora vem mais uma ou duas em Braga e em Guimarães preparam-se para construir -ali no Vale do Ave- um shoping maior que o Vasco da Gama em Lisboa.Para quê? Para fechar o comércio tradicional já às moscas.Anunciam a criação de 2000 postos de trabalho, mas não dizem que as lojas e o tecido comercial tradicional encerra.Para onde vão os proprietários e funcionários?Alguns arranjarão um emprego PRECÁRIO ou um part-time nas novas grandes superfícies, que no início até abrem com três ou quatro funcionários/loja, mas passando a euforia do conhecimento e fruto das poucas receitas diminuem para uma duas pessoas por loja.No final, se fizermos um balanço estas grandes superfícies são danosas para as cidades.Podia dar imensos exemplos em Portugal.Saliento no entanto que na Europa civilizada se entrou no processo de diminuição da sua construção porque as pessoas estão a voltar a preferir o comércio tradicional. Outra razão é que se na mesma cidade tivermos 3, 4 ou 5 shoppings as lojas são as mesmas, o que não cria fidelidade, mudando o consumidor de local perante as facilidades de estacionamento/proximidade/conforto/novidade!

É preciso produzir...e consumir os produtos portugueses, mas esqueceram-se disso!Era necessário termos produtos preço/qualidade equivalente ao estrangeiro.Há possibilidades de o fazer.Demorava muito aqui a escrever.Isto já vai longo.
Aqui deixo o texto que tanto está alarmar a sociedade hoje.Afinal até é bem comedido.Será que foi encomendado?
saudações

"UM DIFUSO MAL ESTAR"

TOMADA DE POSIÇÃO - FEVEREIRO 2008

1) UM DIFUSO MAL ESTAR
Sente-se hoje na sociedade portuguesa um mal estar difuso, que alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional.
Nem todas as causas desse sentimento são exclusivamente portuguesas, na medida em que reflectem tendências culturais do espaço civilizacional em que nos inserimos. Mas uma boa parte são questões internas à nossa sociedade e às nossas circunstâncias. Não podemos, por isso, ceder à resignação sem recusarmos a liberdade com que assumimos a responsabilidade pelo nosso destino.

Assumindo o dever cívico decorrente de uma ética da responsabilidade, a SEDES entende ser oportuno chamar a atenção para os sinais de degradação da qualidade da vida cívica que, não constituindo um fenómeno inteiramente novo, estão por detrás do referido mal estar.

2) DEGRADAÇÃO DA CONFIANÇA NO SISTEMA POLÍTICO

Ao nível político, tem-se acentuado a degradação da confiança dos cidadãos nos representantes partidários, praticamente generalizada a todo o espectro político.

É uma situação preocupante para quem acredita que a democracia representativa é o regime que melhor assegura o bem comum de sociedades desenvolvidas. O seu eventual fracasso, com o estreitamento do papel da mediação partidária, criará um vácuo propício ao acirrar das emoções mais primárias em detrimento da razão e à consequente emergência de derivas populistas, caciquistas, personalistas, etc.

Importa, por isso, perseverar na defesa da democracia representativa e das suas instituições. E desde logo, dos partidos políticos, pilares do eficaz funcionamento de uma democracia representativa. Mas há três condições para que estes possam cumprir adequadamente o seu papel.

Têm, por um lado, de ser capazes de mobilizar os talentos da sociedade para uma elite de serviço; por outro lado, a sua presença não pode ser dominadora a ponto de asfixiar a sociedade e o Estado, coarctando a necessária e vivificante diversidade e o dinamismo criativo; finalmente, não devem ser um objectivo em si mesmos...

É por isso preocupante ver o afunilamento da qualidade dos partidos, seja pela dificuldade em atrair e reter os cidadãos mais qualificados, seja por critérios de selecção, cada vez mais favoráveis à gestão de interesses do que à promoção da qualidade cívica. E é também preocupante assistir à tentacular expansão da influência partidária – quer na ocupação do Estado, quer na articulação com interesses da economia privada – muito para além do que deve ser o seu espaço natural.

Estas tendências são factores de empobrecimento do regime político e da qualidade da vida cívica. O que, em última instância, não deixará de se reflectir na qualidade de vida dos portugueses.

3) VALORES, JUSTIÇA E COMUNICAÇÃO SOCIAL

Outro factor de degradação da qualidade da vida política é o resultado da combinação de alguma comunicação social sensacionalista com uma justiça ineficaz. E a sensação de que a justiça também funciona por vezes subordinada a agendas políticas.

Com ou sem intencionalidade, essa combinação alimenta um estado de suspeição generalizada sobre a classe política, sem contudo conduzir a quaisquer condenações relevantes. É o pior dos mundos: sendo fácil e impune lançar suspeitas infundadas, muitas pessoas sérias e competentes afastam-se da política, empobrecendo-a; a banalização da suspeita e a incapacidade de condenar os culpados (e ilibar inocentes) favorece os mal-intencionados, diluídos na confusão. Resulta a desacreditação do sistema político e a adversa e perversa selecção dos seus agentes.

Nalguma comunicação social prolifera um jornalismo de insinuação, onde prima o sensacionalismo. Misturando-se verdades e suspeitas, coisas importantes e minudências, destroem-se impunemente reputações laboriosamente construídas, ao mesmo tempo que, banalizando o mal, se favorecem as pessoas sem escrúpulos.

Por seu lado, o Estado tem uma presença asfixiante sobre toda a sociedade, a ponto de não ser exagero considerar que é cada vez mais estreito o espaço deixado verdadeiramente livre para a iniciativa privada. Além disso, demite-se muitas vezes do seu dever de isenta regulação, para desenvolver duvidosas articulações com interesses privados, que deixam em muitos um perigoso rasto de desconfiança.

Num ambiente de relativismo moral, é frequentemente promovida a confusão entre o que a lei não proíbe explicitamente e o que é eticamente aceitável, tentando tornar a lei no único regulador aceitável dos comportamentos sociais. Esquece-se, deliberadamente, que uma tal acepção enredaria a sociedade numa burocratizante teia legislativa e num palco de permanente litigância judicial, que acabaria por coarctar seriamente a sua funcionalidade. Não será, pois, por acaso que é precisamente na penumbra do que a lei não prevê explicitamente que proliferam comportamentos contrários ao interesse da sociedade e ao bem comum. E que é justamente nessa penumbra sem valores que medra a corrupção, um cancro que corrói a sociedade e que a justiça não alcança.

4) CRIMINALIDADE, INSEGURANÇA E EXAGEROS

A criminalidade violenta progride e cresce o sentimento de insegurança entre os cidadãos. Se é certo que Portugal ainda é um país relativamente seguro, apesar da facilidade de circulação no espaço europeu facilitar a importação da criminalidade organizada. Mas a crescente ousadia dos criminosos transmite o sentimento de que a impune experimentação vai consolidando saber e experiência na escala da violência.

Ora, para além de alguns fogachos mediáticos, não se vê uma acção consistente, da prevenção, da investigação e da justiça, para transmitir a desejada tranquilidade.

Mas enquanto subsiste uma cultura predominantemente laxista no cumprimento da lei, em áreas menos relevantes para as necessidades do bom funcionamento da sociedade emerge, por vezes, uma espécie de fundamentalismo utra-zeloso, sem sentido de proporcionalidade ou bom-senso.

Para se ter uma noção objectiva da desproporção entre os riscos que a sociedade enfrenta e o empenho do Estado para os enfrentar, calculem-se as vítimas da última década originadas por problemas relacionados com bolas de Berlim, colheres de pau, ou similares e os decorrentes da criminalidade violenta ou da circulação rodoviária e confronte-se com o zelo que o Estado visivelmente lhes dedicou.

E nesta matéria a responsabilidade pelo desproporcionado zelo utilizado recai, antes de mais, nos legisladores portugueses que transcrevem para o direito português, mecânica e por vezes levianamente, as directivas de Bruxelas.

5) APELO DA SEDES

O mal-estar e a degradação da confiança, a espiral descendente em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento. E se essa espiral descendente continuar, emergirá, mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever.

A sociedade civil pode e deve participar no desbloqueamento da eficácia do regime – para o que será necessário que este se lhe abra mais do que tem feito até aqui –, mas ele só pode partir dos seus dois pólos de poder: os partidos, com a sua emanação fundamental que é o Parlamento, e o Presidente da República.

As últimas eleições para a Câmara de Lisboa mostraram a existência de uma significativa dissociação entre os eleitores e os partidos. E uma sondagem recente deu conta de que os políticos – grupo a que se associa quase por metonímia “os partidos” – são a classe em que os portugueses menos confiam.

Este estado de coisas deve preocupar todos aqueles que se empenham verdadeiramente na coisa pública e que não podem continuar indiferentes perante a crescente dissociação entre o conceito de “res pública” e o de intervenção política!

A regeneração é necessária e tem de começar nos próprios partidos políticos, fulcro de um regime democrático representativo. Abrir-se à sociedade, promover princípios éticos de decência na vida política e na sociedade em geral, desenvolver processos de selecção que permitam atrair competências e afastar oportunismos, são parte essencial da necessária regeneração.

Os partidos estão na base da formação das políticas públicas que determinam a organização da sociedade portuguesa. Na Assembleia ou no Governo exercem um mandato ratificado pelos cidadãos, e têm a obrigação de prestar contas de forma permanente sobre o modo como o exercem.

Em geral o Estado, a esfera formal onde se forma a decisão e se gerem os negócios do país, tem de abrir urgentemente canais para escutar a sociedade civil e os cidadãos em geral. Deve fazê-lo de forma clara, transparente e, sobretudo, escrutinável. Os portugueses têm de poder entender as razões que presidem à formação das políticas públicas que lhes dizem respeito.

A SEDES está naturalmente disponível para alimentar esses canais e frequentar as esferas de reflexão e diálogo que forem efectiva e produtivamente activadas.
Sedes, 21 de Fevereiro de 2008
O Conselho Coordenador
(Vitor Bento (Presidente), M. Alves Monteiro, Luís Barata, L. Campos e Cunha, J. Ferreira do Amaral, Henrique Neto, F. Ribeiro Mendes, Paulo Sande, Amílcar Theias)

in http://www.sedes.pt



SAUDAÇÕES

Anónimo disse...

Caro João Soares, gostava de ler aqui comentários ao seu texto e a este comentário que coloquei, sejam lá quais a razões e opiniões de cada um.Quando apaguei os meus comentários anteriores foi porque não existiram comentários espontâneos e que observassem os temas propostos para lá de gritos a Fidel e a Cuba.Estamos aqui a falar de Portugal. Não gostaria que isto se transformasse numa "cuba libre"... Gostaria que Portugal melhorasse e, para isso, podemos contribuir com as nossas opiniões e diversidades.Podemos e devemos falar de política internacional sobre a qual os EUA têm várias tomado posições negativas, que influenciam o mundo. Outras positivas.Cada caso deve ser analisado Per Si.E a Europa o que faz?Também muitas asneiras em política interna e internacional, com ou sem o "amigo" EUA!
Saudações a toda a equipa da Voz do Povo.

MR

Zé Povinho disse...

Li o post, bem como os comentários. O presidente devia estar mais atento, porque os sinais são muitos, a exclusão aumenta e os números dados pelo governo são uma mistificação estatística, porque já há risco de pobreza a sério mesmo em agregados familiares com trabalho.
Fixei uma frase do comentário da Sedes:
"A sociedade civil pode e deve participar no desbloqueamento da eficácia do regime – para o que será necessário que este se lhe abra mais do que tem feito até aqui –, mas ele só pode partir dos seus dois pólos de poder: os partidos, com a sua emanação fundamental que é o Parlamento, e o Presidente da República." Lamentavelmente não acho que os actuais deputados representem os cidadãos que os elegeram, porque em grande parte dos casos, e devido à disciplina partidária, apoiam hoje coisas diferentes (até contrárias) daquelas com que se comprometeram antes da eleições que lhes garantiram os lugares. A confiança e legitimidade está abalada, e para mim não existe, porque quem não cumpre as promessas é aldrabão e não merecedor da minha confiança. Se querem merecer o meu respeito cumpram!
Abraço do Zé

Anónimo disse...

Olá amigo povinho,

Gostei de ler a opinião do nosso Zé.

Um Zé que nem sabe o que há-de fazer...Não é você, é o Zé povo, o pagode que já nem vai em futebóis.Fado é o que nós conhecemos.Uma sina que tem que ser controlada seriamente por quem governa.De contrário até para beber um copo de vinho terão que roubar.

Coisas dos tempos actuais.A corrupção é sinónimo de pobreza.De falta de espírito e capacidade duma nação.Duma nação que ainda tem a felicidade de estar na costa ocidental da Europa.Que ainda tem alguma vizibilidade... mas não tem olhares sérios para o interior do Nobre Povo.Que arruinou o seu tecido agrícola/empresarial/pescas.

Pouco ou nada fazemos.Mas temos muitas grandes-superfícies para vender os produtos estrangeiros...Que utopia.A utopia da realidade do endividamento sem resposta.Fala-se muito no grande endividamento dos europeus, na Alemanha, por exemplo, a grande maioria das pessoas que se endividam têm capacidade monetária/mensal para o fazerem.

Quanto aos governantes actuais e deputados...espero mais comentários.Nada é linear.É preciso separar o trigo do joio!

Aguardo serenamente os comentários, de todos,tendo como base o texto de "AJS" e estes comentários.

Saudações

SILÊNCIO CULPADO disse...

Cavaco Silva tem aprendiddo muito e tudo leva a crer que tenha feito muitas reclassificações.
O momento é difícil, Mário Relvas e Zé Povinho têm toda a razão no que dizem. O pior está em encontrar alternativas democráticas à situação presente. O aparelho de Estado está minado por oportunistas que ocupam os lugares chave na administração pública e no sector privado em plena comunhão e promiscuidade sob o olhar de todos nós.
Os políticos estão descrediblizados e os corruptos vivem na maior.A insegurança aumenta e a protecção social diminui.
É preocupante.

Um abraço

Anónimo disse...

Há soluções constitucionais que já foram usadas noutros tempos, caso isto não vá lá das pernas.E aqui só falo de situações constitucionais.Poderá haver quem advogue outras soluções...
saudações
---------

A quem de direito!!
Sobre outro tema, aproveito para dizer que a reunião de hoje à noite foi para mim inconclusiva.A mim ninguém me cala.Sempre que eu quiser opinar e achar que é para o bem dos autistas, dos bracarenses e para Portugal, fá-lo-ei!
Como S. Tomé "ver para crer", entretanto seguirei o meu caminho e não claudicarei. Comigo as coisas têm nome. Ou sim, ou sopas!
Se as associações são de alguém, podem ficar com elas.
Não empato ninguém, não o façam comigo. Gato escaldado...
saudações

david santos disse...

Meteram-nos numa encruzilhada! Andamos “abananados”. Que a nossa paciência se ia esgotar, há muito eu já sabia. Eu sei que não vão ser esses do interior ou não interior que vão mexer uma palha. Mas sei que são os que mais sofrem e continuarão a sofrer. Eles têm um espírito muito resignado e, como sempre disse; a resignação é a causa da não evolução.
O chamado Sedes, grupo de burgueses bem apetrechados e até bem governados, está a fazer um alerta que apesar de ter toda a razão de existir, não está preocupado com a miséria, a fome, o desemprego ou o excesso de grandes superfícies que mais nada têm feito do que criar desemprego e miséria. Está preocupado com a sua segurança e a dos seus bens materiais. Senão veja-se: o ano passado, criaram-se mais umas dezenas ou centenas, não posso precisar o número, embora o possua, mas não o tenho aqui à mão, de grandes superfícies. O que aconteceu? Havia, por exemplo, 100 grandes superfícies e 10.000 trabalhadores. O número desses gigantes foi reforçado com mais 30 e o número de trabalhadores neles colocados baixou para 8.500. Eu não estou a dar números exactos, embora os tenha, mas por não estar em local nem em condições de os rever, não posso garanti-los. Mas tenho a certeza de que o número de grandes superfícies aumentou e o número de trabalhadores nelas empregados, baixou.
Por isso o Sedes, ou lá o que é, destas coisas não fala nem dos milhares de comerciantes que perderam o seu comércio e continuam a perder, logo, acompanhados dos seus trabalhadores. Mas isto é só um cheirinho.
Eu já disse aqui e reafirmo: não devemos fazer como fizeram em França: estragar aquilo que era dos pobres. Os ricos não deixam os carros nem os seus haveres na rua. Têm grandes casas e bons cães de caça. Disse também, que cada um utilizasse as armas da razão, mas nunca esquecer que o poder tem quem o defenda, mas com armas verdadeiras. Por isso, quando as coisas acontecerem, porque têm que acontecer; aliás, não pode ser de outra forma, cada um que conte e se arme para se defender, porque a arma da razão é a mais forte, mas...
Pois o Sedes, mais não está a fazer do que alertar o seu poder e os seus lacaios para não se encontrarem desprevenidos, porque a única preocupação que eles têm é esta: os seus bens materiais.
Ninguém pense que pode confiar em quem se sustenta ou sustentou à custa da política e do dinheiro a fundo perdido que veio da CEE. Esses roubaram-nos. Agora têm medo que lhe venhamos a bater à porta. Por isso, as lágrimas de crocodilo que eles “botam” boca fora, é uma forma de alerta, ou melhor; são precauções que já estão a tomar mas, entre eles. A miséria não os preocupa. Baixar as reformas aos parasitas que nos roubam dezenas de milhões contos, nem uma palavra. Acabar com as grandes superfícies, nem uma palavra. Ajudar agricultura, nem uma palavra. Ajudar os pequenos e médios comerciantes e industriais, nem uma palavra. Eles estão-se avisar uns aos outros, nada mais. Eu não sou militante de nenhum partido. Mas se fosse, fosse ele qual fosse, tenho a certeza que faria ouvir a minha voz nem que fosse no inferno. Com isto, eu quero dizer, que os partidos políticos que queiram provar alguma dignidade, por muito que façam, jamais devemos acreditar neles. Claro que os passaram pelo poder, foram os que nos fizeram mais mal. Sempre arranjaram formas de nos trair. Mas os outros também se têm deixado levar com os bons ordenados ao final de cada mês. Ainda não vi nenhum que tivesse vergonha ao ponto de abandonar uma Assembleia sem nada que a abone nem vir à praça pública, como o Bastonário da Ordem dos Advogados, dizer de sua justiça.
Cada um que pense pela sua cabeça. Mas que as coisas não podem continuar como estão, lá isso, não!
Quanto ao sr presidente da república, para já fica em letra pequena. Quem quiser que entenda. O texto já vai alongado, senão! Mas não vai ficar esquecido, garanto.

David Santos

A. João Soares disse...

Caros comentadores,
Ainda bem que este tema despertou tantos e bons comentários.
Há dias Baptista Bastos, a propósito da entrevista de Sócrates, disse que eram palavras desnecessárias. Mas estas voltarão a propósito de qualquer coisa. O que os políticos acham ser importante é aparecer na Comunicação Social.
Ainda não perceberam que o povo já os conhece de ginjeira. Só os incondicionais do partido os levam a sério... por enquanto. Até esses começam a abris os olhos.
Não duvido das boas intenções dos governantes, para vencerem as próximas eleições, para se agarrarem ao Poder, para colherem os maiores benefícios para si e os seus companheiros, familiares e amigos, a qualquer custo e sacrifício para o povo.
Mas eles são um fruto do povo e não há outros melhores. O que tem de ser melhorado é o sistema, começando por reduzir a quantidade de inúteis que enchem os gabinetes e só contribuem para aumentar a burocracia que dificulta a vida aos cidadãos e proporciona mais oportunidades para a corrupção. Querem controlar tudo até ao pormenor, como se isto fosse um quintal deles em regime de ditadura. Para isso saem leis feitas compulsivamente, sem sensatez, que originam mal-estar, reclamações e consequentes alterações.
Para isto começar a seguir um rumo mais consentâneo com a necessidade de moralização, sensatez e eficácia com vista ao desenvolvimento da justiça social, será necessário começar por fazer uma lista dos poucos lugares de acesso por confiança política, sendo todos os outros ocupados por concurso público honesto e rigoroso. Depois parar de fazer leis estúpidas, só porque sim, e fazer cumprir as actuais, apenas elaborando as que forem absolutamente indispensáveis para emagrecer a máquina do Estado e torná-la mais simples, transparente e eficaz, e bem elaboradas para não terem de ser alteradas logo a seguir e ser ignoradas
Quanto a redução de pessoal inútil, repare-se que na AR, os deputados votam como o partido determina, o que significa que bastava cada partido ter ali um único representante cujo voto valesse a percentagem do partido, como se faz nas assembleias de condóminos!
Poupavam-se as senhas de presenças, os subsídios de transportes das falsas residências na Madeira ou em Bragança, para S. Bento, etc. Para quê tanto deputado? Para quê os conselheiros dos ditos? Quem o resultado das suas actividades para benefício dos cidadãos?
Quando uma árvore não dá bons frutos, corta-se.
Portugal não está em situação desafogada que permita ter tanta árvore ornamental!
Já que os nossos políticos não têm criatividade para melhorar o País, estudem-se as soluções adoptadas nos Países que mais se desenvolveram na Europa e adaptem-se ao nosso caso.

Abraço

Anónimo disse...

Caros,

no texto inicial do meu comentário começo por deixar no ar a interrogação se o comunicado da Sedes não teria sido encomendado.

Começo por lembrar que mal este gov tomou posse iniciou uma política TOTALMENTE contrária ao que havia prometido na campanha eleitoral.Logo a democracia perdeu e o zé pagode que votou nos sociaistas de punho no ar sentiram-se traídos.De seguida o gov encetou a campanha mais marcante que alguma vez vi, mentirosa, ardilosa contra os funcionários públicos.Avisei, aqui e noutros lados, os cidadãos do privado que sem conhecerem a realidade e ainda acreditando no gov batiam palmas e apupavam os ditos funcionários (Gritavam: se nós não temos direito a isto e aquilo, eles
também não devem ter - não fazem nada), dizia eu que os avisei que eles seriam os próximos a levar com as medidas -e levaram e aí ficaram contra o gov...A máquina da administração pública ficou desmotivada e continua cada vez mais desmotivada.Incluo aqui os agentes da GNR, da PSP, da PJ, do SEF, os militares das FA e... É claro que falo aqui dos que não são nomeados.Mesmo alguns desses começam a mudar o bico ao prego, ou a dizer amen acima e a fomentar a discórdia abaixo!
"Emagrecer a máquina do estado", sim, seria interessante, mas ainda não entendi o que foi feito?!Teria que ser um emagrecimento sustentado, devidamente explicado aos funcionários públicos e aos portugueses no geral.É fácil por culpas nos funcionários públicos, mas quem os coordena, quem os contrata?Quem cria leis hoje e altera td amanhã?Bem isto merecia muito mais, tem pano para mangas e poderia dar um post excelente.

A desmotivação é geral. Nas repartições públicas a coisa vai indo como Deus manda, desculpem o gov manda!

Nas FS o ambiente, o ar que se sente é irrespirável!!

E a corrupção vai minando o país.O gov fez uma Lei com um alarde dizendo que os detentores do poder local só poderiam concorrer três vezes a eleições?!
Mas começou a contar dali para a frente, pelo que aqueles que já tinham décadas de "poder" puderam candidatar-se às eleições últimas e podem candidatar-se às próximas... Uma situação insustentável.Curioso, ou talvez não, é que alguns já recebem reformas pelos serviços prestados ao estado e continuam a receber o vencimento actual. Mesmo enquadradas na lei em que o titular de cargo público escolhe qual quer receber, se o ordenado ou a reforma recebendo 1/3 da outra, não tem cabimento algum. Abram os olhos...

saudações

Beezzblogger disse...

Bem uma coisa eu tenho a certezinha absoluta, é que vamos ter de os enfrentar nem que seja à paulada, à bastonada ou à bomba!!!

A minha boca, jamais passará fome por culpa destes canalhas, se for preciso roubá-los, apetrechado até aos dentes de armas, e de cães de caça, não faltará quem queira pertencer à ceita.

Mas também lhes digo, que só em caso extremo, ou seja, quando na nossa boca, houverem sinais de que escasserá o alimento, até lá lutarei desta e doutras formas menos violentas, mas se preciso for, pegarei nas armas.

A luta continua...

Abraços do Beezz

Anónimo disse...

Beezz,

parece uma interrogação com duplo sentido...

Não comento esta!

saudações

SILÊNCIO CULPADO disse...

J.Soares
"Já que os nossos políticos não têm criatividade para melhorar o País, estudem-se as soluções adoptadas nos Países que mais se desenvolveram na Europa e adaptem-se ao nosso caso."

Os Países que mais se desenvolveram na Europa, Noruega, Suécia, Dinamarca, etc, têm um Estado Social forte e nós estamos a matar o nosso Estado Social. Logo estamos a divergir no desenvolvimento. Não é por acaso que passámos da 28ª. posição para a 29ª. no ranking do PNUD.
A desactivação dos equipamentos sociais no interior do País é alarmante e vai acentuar a desertificação do interior, as assimetrias regionais, o desenraízamento social e afectivo, os probelmas da velhice e daí por diante.
O relatório da SEDES até pode ter sido encomendado mas não deixa de ser um alerta que se suporta em indicadores credíveis.
Também acredito que a tensão social um dia eclodirá. Não se sabe bem como, nem de que forma, mas as circunstâncias vão aumentando as probabilidades de que isso aconteça.
Um abraço

A. João Soares disse...

Cara Amiga Silêncio,
Depois de tantos e longos comentários que andaram longe dos aspectos geográficos, que eram o âmago do tema, a amiga trouxe à discussão o problema da dicotomia do País.
Infelizmente para o País, o interior será irremediavelmente despovoado. Muitas aldeias já têm apenas dois ou três idosos, teimosos que não querem ou não podem abandonar a terra onde sempre viveram. Quando morrerem, as suas terras ficam abandonadas. E se demoram a morrer, ficarão sujeitos a uma eutanásia mitigada, cinzenta, um pouco à margem da lei.
E no interior também há vilas e pequenas cidades que serão esvaziadas de população. Os mais válidos vão para o litoral ou mesmo para o estrangeiro à procura de melhores condições de vida, que ali não conseguem obter.
O País está a necessitar de um governo forte sem pensar nas votações seguintes e fazer reformas profundas, mas bem estudadas e com muita sensatez, colhendo o apoio de pessoas válidas isentas e dedicadas ao País.
Se assim não for conseguido, haverá que imitar o futebol que vai ao estrangeiro contratar treinadores!!!
Um abraço
A. João Soares

Anónimo disse...

Caro João Soares,

o âmago da questão está mais que óbvio.O interior está despovoado.Até a agricultura de subsistência acabou. O leite para o queijo da serra é trazido de espanha -de ovelha.A indústria no interior fechou quase toda.A zona da Covilhâ era forte em texteis, sucumbiu. As cidades do interior que têm universidades ainda vão tendo uma jovem população flutuante. Só residem em aldeias e vilas os mais idosos ou os mais novos que estão com aqueles -os avós- enquanto os pais estão emigrados.O litoral não tem pescadores, afundados nas leis europeias/portuguesas e falta de meios económicos e da sua velha frota.O nosso peixe é pescado pelos vizinhos e depois é-nos vendido.

Enfim, digo-lhe que em Braga o que nos vale é a UM que com a sua significativa população flutuante.Esta vai mantendo alguns empregos no comércio, restauração e sectores ligados ao ensino.Vai alugando casas/apartamentos tipo repúblicas de Coimbra.

O Vale do Ave afunila cada vez mais.As empresas encomendam material e demoram a pagar meses e meses, seguindo o exemplo do estado português.

Aqui ao lado em Espanha paga-se por transferência bancária no prazo acordado. Portugal está muito atrasado na mentalidade e no conhecimento da realidade europeia que seá difícil enquadrar a realidade de qq país europeu.Somos mais africanos, infelizmente no sentido da evolução e do crescimento social.


Saudações

Anónimo disse...

"Talvez tudo fosse diferente se os políticos tivessem de responder, com os seus bens, pelas dívidas de que são responsáveis"
António Barreto in público

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