por: Paul Craig Roberts (1)
(1) Ex-secretário assistente do Tesouro dos EUA e editor associado do Wall Street
Journal. O seu livro mais recente é The Failure of Laissez-Faire Capitalism .
O assalto ao ouro.
Para os americanos, o Armagedão financeiro e económico pode estar muito próximo.
A evidência para esta conclusão é o esforço conjunto do Federal Reserve e suas
instituições financeiras dependentes para atemorizar as pessoas e afastá-las do
ouro e da prata deitando abaixo os seus preços.
Quando os preços do ouro atingiram os US$1.917,50 por onça ( 1 onça-troy = 31,103 gramas ) em 23 de Agosto de 2011, um ganho de mais de US$500 por onça em menos de oito meses, chegando ao clímax de uma ascensão ao longo de uma década, a partir de US$271 no fim de Dezembro de 2000, o Federal Reserve entrou em pânico. Com o dólar americano a perder valor tão rapidamente em comparação com o padrão das moedas do mundo, a política do Federal Reserve de imprimir US$1 milhão de milhões (trillion) anualmente a fim de suportar os deficientes balanços dos bancos e financiar o défice federal foi posta em perigo. Quem podia acreditar que a taxa de câmbio do dólar em relação a outras divisas quando o valor do dólar estava a entrar em colapso em relação ao ouro e à prata?
O Federal Reserva percebeu que suas compras maciças de títulos a fim de manter altos os seus preços (e portanto baixas as taxas de juros) estavam ameaçadas pela rápida perda do valor do dólar em termos de ouro e prata. O Federal Reserve estava preocupado [com a possibilidade] de que grandes possuidores de dólares americanos, tais como os bancos centrais da China e do Japão e fundos de investimento soberanos de países da OPEP, pudessem somar-se à fuga dos investidores individuais dos US dólares, o que acabaria na queda do valor cambial do dólar e portanto no colapso dos títulos dos EUA e dos preços das acções.
As pessoas inteligentes não podiam deixar de ver que o governo dos EUA não podia permitir-se as longas e numerosas guerras que os neoconservadores estavam a engendrar ou a perda da base fiscal e do rendimento dos consumidores devida à deslocalização de milhões de empregos da classe média estado-unidense para o benefício dos bónus de executivos e ganhos de capital de accionistas. Eles podiam ver o que estava nas cartas e começaram a deixar o dólar substituindo-o por ouro e prata.
Os bancos centrais são mais lentos para actuar. A Arábia Saudita e os emirados do petróleo estão dependentes da protecção estado-unidense e não querem enraivecer o seu protector. O Japão é um estado fantoche que é cuidadoso no relacionamento com o seu mestre. A China queria agarrar-se ao mercado consumidor americano enquanto esse mercado existisse. Foram indivíduos os que começaram a sair do US dólar.
Quando o ouro chegou ao topo dos US$1.900, Washington avançou com a estória de que o ouro era uma bolha. Os media caíram na linha da propaganda de Washington. "O ouro parecia um pouquinho borbulhante", declarou a CNN Money em 23 de Agosto de 2011.
O Federal Reserve utilizou os seus dependentes "bancos demasiado grandes para falir" para curto-circuitar os mercados de metais preciosos. Através da venda a descoberto no mercado em papel de barras de ouro contra a elevação da procura pela posse física, o Federal Reserve foi capaz de rebaixar o preço do ouro para US$1.750 e mantê-lo mais ou menos coberto até recentemente, quando um esforço conjunto em 2-3 de Abril de 2013, reduziu o ouro para US$1.557 e o da prata, a qual havia-se aproximado dos US$50 por onça em 2011, para US27.
O Federal Reserve começou o seu assalto ao ouro em, 1º de Abril, Dia dos Tolos, enviando a conversa a casas correctoras, as quais rapidamente transmitiram aos clientes, de que hedge funds e outros grandes investidores estavam em vias de descarregar suas posições em ouro e que os clientes deveriam sair do mercado de metal precioso antes destas vendas. Como esta informação interna era a própria estratégia do governo, indivíduos não podem ser por actuarem de acordo com ela. Com esta operação, o Federal Reserve, uma entidade totalmente corrupta, foi capaz de combinar fuga individual com fuga institucional. Os preços das barras levaram uma grande pancada e a teimosia afastou-se dos mercados de ouro e prata. O fluxo de dólares para as barras, o qual ameaçava tornar-se uma torrente, foi travado.
Por enquanto parece que o Fed teve êxito em criar receios entre americanos acerca das virtudes do ouro e da prata e, portanto, o Federal Reserve estendeu o tempo em que pode imprimir dinheiro para manter o castelo de cartas de pé. Este tempo pode ser curto ou pode perdurar um par de anos.
Contudo, para os russos e chineses, cujos bancos centrais têm mais dólares que eles alguma vez quiseram, e para os 1,3 mil milhões de indianos na Índia, o preço baixo do ouro que o Federal Reserve engendrou é uma oportunidade. Eles vêem como uma prenda a oportunidade que o Federal Reserve lhes deu para comprar ouro a US$350-US$400 por onça a menos de dois anos atrás.
O ataque do Federal Reserve ao ouro em barra é um acto de desespero que, quando for amplamente reconhecido, condenará a sua política.
Como expliquei anteriormente, o movimento orquestrado contra o ouro e a prata é para proteger o valor cambial do US dólar. Se o ouro não fosse uma ameaça, o governo não estaria a atacá-lo.
O Federal Reserve está a criar US$1 milhão de milhões de novos dólares por ano, mas o mundo está a afastar-se da utilização do dólar para pagamentos internacionais e, portanto, como divisa de reserva. O resultado é um aumento na oferta e uma diminuição na procura. Isto significa uma queda no valor cambial do dólar, inflação interna com o aumento dos preços de importação, uma ascensão na taxa de juro e colapso nos mercados de títulos, acções e imobiliário.
A orquestração do Federal Reserve contra o ouro não pode ter êxito no final das contas. Ela é concebida para ganhar tempo para o Federal Reserva poder continuar a financiar o défice orçamental federal através da emissão de moeda e também para manter taxas de juro baixas e preços da dívida altos a fim de suportar os balanços dos bancos.
Quando o Federal Reserve já não puder mais emitir devido ao declínio do dólar, o qual a emissão agravaria, depósitos em bancos estado-unidenses e pensões poderiam ser sequestrados (grabbed) a fim de financiar o défice do orçamento federal por mais um par de anos. Seja o que for para protelar a catástrofe final.
A manipulação do mercado de ouro é ilegal, mas o governo está a fazer isso de modo a que a lei não seja aplicada.
Pelos seus ataques óbvios e concertados ao ouro e à prata, o governo dos EUA não poderia dar qualquer advertência melhor de que perturbações estão a aproximar-se. Os valores do dólar e de activos financeiros denominados em dólares estão em dúvida.
Aqueles que acreditam no governo e aqueles que acreditam em desregulamentação demonstrar-se-ão igualmente errados. Os Estados Unidos da América passaram o seu zénite. Como previ no princípio do século XXI, em 20 anos os EUA serão um país do terceiro mundo. Estamos na metade do caminho.
Quando os preços do ouro atingiram os US$1.917,50 por onça ( 1 onça-troy = 31,103 gramas ) em 23 de Agosto de 2011, um ganho de mais de US$500 por onça em menos de oito meses, chegando ao clímax de uma ascensão ao longo de uma década, a partir de US$271 no fim de Dezembro de 2000, o Federal Reserve entrou em pânico. Com o dólar americano a perder valor tão rapidamente em comparação com o padrão das moedas do mundo, a política do Federal Reserve de imprimir US$1 milhão de milhões (trillion) anualmente a fim de suportar os deficientes balanços dos bancos e financiar o défice federal foi posta em perigo. Quem podia acreditar que a taxa de câmbio do dólar em relação a outras divisas quando o valor do dólar estava a entrar em colapso em relação ao ouro e à prata?
O Federal Reserva percebeu que suas compras maciças de títulos a fim de manter altos os seus preços (e portanto baixas as taxas de juros) estavam ameaçadas pela rápida perda do valor do dólar em termos de ouro e prata. O Federal Reserve estava preocupado [com a possibilidade] de que grandes possuidores de dólares americanos, tais como os bancos centrais da China e do Japão e fundos de investimento soberanos de países da OPEP, pudessem somar-se à fuga dos investidores individuais dos US dólares, o que acabaria na queda do valor cambial do dólar e portanto no colapso dos títulos dos EUA e dos preços das acções.
As pessoas inteligentes não podiam deixar de ver que o governo dos EUA não podia permitir-se as longas e numerosas guerras que os neoconservadores estavam a engendrar ou a perda da base fiscal e do rendimento dos consumidores devida à deslocalização de milhões de empregos da classe média estado-unidense para o benefício dos bónus de executivos e ganhos de capital de accionistas. Eles podiam ver o que estava nas cartas e começaram a deixar o dólar substituindo-o por ouro e prata.
Os bancos centrais são mais lentos para actuar. A Arábia Saudita e os emirados do petróleo estão dependentes da protecção estado-unidense e não querem enraivecer o seu protector. O Japão é um estado fantoche que é cuidadoso no relacionamento com o seu mestre. A China queria agarrar-se ao mercado consumidor americano enquanto esse mercado existisse. Foram indivíduos os que começaram a sair do US dólar.
Quando o ouro chegou ao topo dos US$1.900, Washington avançou com a estória de que o ouro era uma bolha. Os media caíram na linha da propaganda de Washington. "O ouro parecia um pouquinho borbulhante", declarou a CNN Money em 23 de Agosto de 2011.
O Federal Reserve utilizou os seus dependentes "bancos demasiado grandes para falir" para curto-circuitar os mercados de metais preciosos. Através da venda a descoberto no mercado em papel de barras de ouro contra a elevação da procura pela posse física, o Federal Reserve foi capaz de rebaixar o preço do ouro para US$1.750 e mantê-lo mais ou menos coberto até recentemente, quando um esforço conjunto em 2-3 de Abril de 2013, reduziu o ouro para US$1.557 e o da prata, a qual havia-se aproximado dos US$50 por onça em 2011, para US27.
O Federal Reserve começou o seu assalto ao ouro em, 1º de Abril, Dia dos Tolos, enviando a conversa a casas correctoras, as quais rapidamente transmitiram aos clientes, de que hedge funds e outros grandes investidores estavam em vias de descarregar suas posições em ouro e que os clientes deveriam sair do mercado de metal precioso antes destas vendas. Como esta informação interna era a própria estratégia do governo, indivíduos não podem ser por actuarem de acordo com ela. Com esta operação, o Federal Reserve, uma entidade totalmente corrupta, foi capaz de combinar fuga individual com fuga institucional. Os preços das barras levaram uma grande pancada e a teimosia afastou-se dos mercados de ouro e prata. O fluxo de dólares para as barras, o qual ameaçava tornar-se uma torrente, foi travado.
Por enquanto parece que o Fed teve êxito em criar receios entre americanos acerca das virtudes do ouro e da prata e, portanto, o Federal Reserve estendeu o tempo em que pode imprimir dinheiro para manter o castelo de cartas de pé. Este tempo pode ser curto ou pode perdurar um par de anos.
Contudo, para os russos e chineses, cujos bancos centrais têm mais dólares que eles alguma vez quiseram, e para os 1,3 mil milhões de indianos na Índia, o preço baixo do ouro que o Federal Reserve engendrou é uma oportunidade. Eles vêem como uma prenda a oportunidade que o Federal Reserve lhes deu para comprar ouro a US$350-US$400 por onça a menos de dois anos atrás.
O ataque do Federal Reserve ao ouro em barra é um acto de desespero que, quando for amplamente reconhecido, condenará a sua política.
Como expliquei anteriormente, o movimento orquestrado contra o ouro e a prata é para proteger o valor cambial do US dólar. Se o ouro não fosse uma ameaça, o governo não estaria a atacá-lo.
O Federal Reserve está a criar US$1 milhão de milhões de novos dólares por ano, mas o mundo está a afastar-se da utilização do dólar para pagamentos internacionais e, portanto, como divisa de reserva. O resultado é um aumento na oferta e uma diminuição na procura. Isto significa uma queda no valor cambial do dólar, inflação interna com o aumento dos preços de importação, uma ascensão na taxa de juro e colapso nos mercados de títulos, acções e imobiliário.
A orquestração do Federal Reserve contra o ouro não pode ter êxito no final das contas. Ela é concebida para ganhar tempo para o Federal Reserva poder continuar a financiar o défice orçamental federal através da emissão de moeda e também para manter taxas de juro baixas e preços da dívida altos a fim de suportar os balanços dos bancos.
Quando o Federal Reserve já não puder mais emitir devido ao declínio do dólar, o qual a emissão agravaria, depósitos em bancos estado-unidenses e pensões poderiam ser sequestrados (grabbed) a fim de financiar o défice do orçamento federal por mais um par de anos. Seja o que for para protelar a catástrofe final.
A manipulação do mercado de ouro é ilegal, mas o governo está a fazer isso de modo a que a lei não seja aplicada.
Pelos seus ataques óbvios e concertados ao ouro e à prata, o governo dos EUA não poderia dar qualquer advertência melhor de que perturbações estão a aproximar-se. Os valores do dólar e de activos financeiros denominados em dólares estão em dúvida.
Aqueles que acreditam no governo e aqueles que acreditam em desregulamentação demonstrar-se-ão igualmente errados. Os Estados Unidos da América passaram o seu zénite. Como previ no princípio do século XXI, em 20 anos os EUA serão um país do terceiro mundo. Estamos na metade do caminho.
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