01 abril 2013

Esta «ética» vem de longe


Aula de política da época entre 1643 e 1715

Eis um diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, constante da peça teatral «Le Diable Rouge», de Antoine Rault:

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: - Criando outros.

Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: - Sim, é impossível.

Colbert: - E sobre os ricos?

Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então, como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

Imagem do Google

2 comentários:

Octopus disse...

Este texto, muito divulgado na internet, pretende ser um dialogo que terá acontecido entre essas duas personagens.

Na realidade esta peça de teatro, "Le diable Rouge", foi escrita em 2008!

O texto original, em francês, pela a sua forma e palavras, nunca poderia ter sido escrito no século XVII, a linguagem é demasiado moderna.

Basta verificar que referencia à "classe média" não faz qualquer sentido, dado que esse conceito é posterior, s primeiras referências à expressão classe média surgem no final do século XVIII, quando Thomas Gisborne refere-se à existência de uma middle class, estamento social localizado entre a classe dos senhores da terra (mais ricos) e a dos trabalhadores agrícolas e urbanos (mais pobres).

Seja como for o texto é muito interessante.

Um abraço

A. João Soares disse...

Caro Octopus,

Obrigado por este comentário muito erudito. Realmente a criação artística vale pela sua originalidade e não pelo testemunho de uma realidade de ocasião, mas tem que ter uma base de lógica conceptual.

Como diz é um «texto interessante» que faz pensar e compreender muita coisa que se passa nas sociedades.

Cumprimentos
João

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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