Apanhado a guiar sem carta pela oitava vez
JN. 080615, Pedro Fontes da Costa
Um indivíduo, de 40 anos, residente na Palhaça, Oliveira do Bairro, foi ontem condenado a 12 meses de prisão efectiva por ter sido apanhado a conduzir pela oitava vez sem carta de condução.
Aquele indivíduo, desempregado, que, ontem, foi julgado em dois processos diferentes, mas relativos ao mesmo crime, ainda tem pendente a leitura de um processo e o julgamento de outro, relativos à prática do mesmo crime. Bem conhecido da GNR e do Ministério Público (MP) do Tribunal de Oliveira do Bairro, já foi condenado a penas de multa, prisão suspensa e efectivas, uso de pulseira electrónica mas, de acordo com a procuradora adjunta do MP, as medidas aplicadas não foram suficientes para acabar com a prática reiterada do crime de condução sem habilitação legal. "Arranja desculpas esfarrapadas, revelando um total desrespeito pela vida dos demais cidadãos, escudando-se sistematicamente na sua família para praticar o crime. Devia pensar no mau exemplo que está a dar aos seus filhos", afirmou a procuradora. Por sua vez, a juíza revelou que ele, além das oito vezes que foi detido a conduzir sem carta, foi condenado três vezes por furto e outra por desobediência, pelo que, referiu, "atendendo à personalidade do arguido, a pena de prisão de 12 meses não se suspende. Espero que se consciencialize de que não há impunidade", disse. O arguido confessou os crimes. Disse ser melhor condutor do que muitos encartados e que se sente perseguido pela GNR. "Conduzo sem carta por necessidade. Não é para ir à discoteca, mas para levar os meus filhos, quatro menores, ao hospital ou ir à farmácia", sublinhou.
NOTA: Justiça dissuasora? Justiça educadora? Justiça para a segurança dos cidadãos cumpridores? Ou justiça punitiva? O que se passa no País e como interpretar o sistema? Porquê não impedir tanta repetição da infracção?
O próprio título da notícia é preocupante, pois coloca a tónica em ter sido APANHADO e não em ter conduzido sem carta. O crime é deixar-se apanhar?
Afinal, a carta de condução é mesmo imprescindível? Segundo o gosto que o MAI tem mostrado pelas estatísticas, este caso demonstra, estatisticamente, que o que é perigoso é ter carta de condução, pois este homem não teve acidente e considera-se bom condutor, e a (talvez?) totalidade dos acidentados possui carta!!!
JN. 080615, Pedro Fontes da Costa
Um indivíduo, de 40 anos, residente na Palhaça, Oliveira do Bairro, foi ontem condenado a 12 meses de prisão efectiva por ter sido apanhado a conduzir pela oitava vez sem carta de condução.
Aquele indivíduo, desempregado, que, ontem, foi julgado em dois processos diferentes, mas relativos ao mesmo crime, ainda tem pendente a leitura de um processo e o julgamento de outro, relativos à prática do mesmo crime. Bem conhecido da GNR e do Ministério Público (MP) do Tribunal de Oliveira do Bairro, já foi condenado a penas de multa, prisão suspensa e efectivas, uso de pulseira electrónica mas, de acordo com a procuradora adjunta do MP, as medidas aplicadas não foram suficientes para acabar com a prática reiterada do crime de condução sem habilitação legal. "Arranja desculpas esfarrapadas, revelando um total desrespeito pela vida dos demais cidadãos, escudando-se sistematicamente na sua família para praticar o crime. Devia pensar no mau exemplo que está a dar aos seus filhos", afirmou a procuradora. Por sua vez, a juíza revelou que ele, além das oito vezes que foi detido a conduzir sem carta, foi condenado três vezes por furto e outra por desobediência, pelo que, referiu, "atendendo à personalidade do arguido, a pena de prisão de 12 meses não se suspende. Espero que se consciencialize de que não há impunidade", disse. O arguido confessou os crimes. Disse ser melhor condutor do que muitos encartados e que se sente perseguido pela GNR. "Conduzo sem carta por necessidade. Não é para ir à discoteca, mas para levar os meus filhos, quatro menores, ao hospital ou ir à farmácia", sublinhou.
NOTA: Justiça dissuasora? Justiça educadora? Justiça para a segurança dos cidadãos cumpridores? Ou justiça punitiva? O que se passa no País e como interpretar o sistema? Porquê não impedir tanta repetição da infracção?
O próprio título da notícia é preocupante, pois coloca a tónica em ter sido APANHADO e não em ter conduzido sem carta. O crime é deixar-se apanhar?
Afinal, a carta de condução é mesmo imprescindível? Segundo o gosto que o MAI tem mostrado pelas estatísticas, este caso demonstra, estatisticamente, que o que é perigoso é ter carta de condução, pois este homem não teve acidente e considera-se bom condutor, e a (talvez?) totalidade dos acidentados possui carta!!!
11 comentários:
Amigo A. João Soares, de facto teremos mais tarde ou mais cedo de andar com a nossa justiça nas mãos (Ex: Arma de fogo) pois a outra não funciona.
Imaginemos que este senhor, mata alguém, quer seja familiar, ou outro qualquer, após a 1ª vez que é apanhado sem carta, o que é que dá vontade aos familiares da vítima fazer (tirar-lhe o sarampo, era o que eu fazia de certeza), já se o tivessem condenado veementemente da 1ª vez, ele talvez se encolhe-se e deixa-se de andar a armar cagada.
Bom Domingo
Abraços do Beezz
Caro Beezz
Compreendo a sua reacção lógica. Como tem verificado, sou contra atitudes violentas, contra guerras e pelas conversações, e outras medidas pacíficas, mas estas medidas serenas só resultam numa sociedade civilizada, educada, e perante uma ameaça eficaz, rápida a entrar em acção. A Justiça com paliativos não tem eficácia. Os juízes devem ser submetidos a avaliação de desempenho. Onde é que uma justiça pode ser eficaz se um mesmo indivíduo já foi APANHADO oito vezes a conduzir sem carta?
Parece que as leis são para cumprir apenas pelos lorpas!
Mas se além faz justiça pelas próprias mãos é logo apanhado! Vá lá compreender-se isto.
Um abraço e bom fim-de-semana
A. João Soares
Porque será que a Justiça funciona tão mal? A quem interessa que isto aconteça?
Estas são algumas das perguntas para as quais não tenho ouvido respostas convincentes, e eu estou desconfiado, muito desconfiado mesmo...
Cumps
Caro Guardião,
Talvez não haja um motivo de interesse, isto é de premeditação, sendo natural que o brio pessoal dos agentes os levasse a procurar a perfeição.
Mas a dúvida é se hoje há brio e gosto pela perfeição, pois a sociedade está muito mal, sem respeito por qualquer valor cívico. No entanto seria de esperar que instituições que deviam ser respeitáveis estivessem acima do comum dos mortais.
Esta das OITO vezes apanhado a conduzir sem carta, faz lembrar um alentejano apanhado com mais de 4 de alcoolemia que teria de entregar a carta passados uns meses (o que devia ter sido de imediato), e entretanto continuou na mesma até que na véspera de entregar a carta, ia tão alcoolizado que nem viu uma rotunda dentro da cidade. Disse para a TV que queria aproveitar os últimos instantes de carta.
Não há vergonha nem do povo nem dos mais altos dignitários da Nação.
Para onde iremos?
Um abraço
A. João Soares
João,
Há quem nunca aprenda, e como se costuma dizer, aquilo que nasce torto dificilmente se endireita. No entanto as questões que levantas no final do texto são bastante pertinentes, e levam-nos a pensar e a meditar sobre elas.
Abraço.
Caro Art of Love,
Na sociedade desapareceram muitos valores que eram essenciais. No há o culto pela excelência, brio, sentido da responsabilidade de fazer bem o que se faz. O desleixo atacou as instituições que deviam estar acima de qualquer suspeita, e deixou de haver exemplos a vir de cima, de modo que se caiu no desrespeito pela lei, na fuga aos impostos e no caos social.
A. João Soares
Um abraço
Por questões políticas de dar o exemplo é preciso pegar em alguém. Se tiver de ser, terá de ser um que não se possa proteger.
A Justiça é cega. Mas ouve o que os outros aconselham.
Caro Balbino,
É assim a técnica do caçador espertalhaço: atacar o que está mais desprevenido. Mas, no caso relatado quem deriblou a autoridade foi o prevaricador que resistiu à lei impunemente. Não há justiça nem cega nem surda, mas apenas a lotaria do acaso.
Abraço
A. João Soares
Caro Art of Love,
A propósito da parte final o comentário, considero importante que as pequenas coisas nos incitem a pensar com abrangência nos conceitos que estão ser tão desprezados. Quando o povo se habituar a pensar pela sua cabeça e se libertar das pressões com que o oprimem, Portugal voltará a ser um País prestigiado.
Ajudemos as pessoas a libertar-se das peias que o reduzem a escravo.
Um abraço
A. João Soares
Caro João Soares
Isto é mais um retrato para o “álbum” dum país de "brandos costumes".
Abraço
Carlos Rebola
Caro Carlos Rebola,
É realmente um dos muitos retratos. Nós portugueses, sem excepções teremos tarefas ciclópicas e levar a caba para tornarmos o País que herdámos em coisa que mereça ser legada como herança aos vindouros. Para já, temos dívidas para eles pagarem ou para pedirem aos Estados credores que nos apliquem o «perdão da dívida» como o Portugal recente fez a Angola um país com diamantes, petróleo, minérios, agricultura e pescas, que dão riquezas astronómicas, que até transformam, em poucos anos, pobres em milionários dos maiores do mundo.
Mas, quanto às nossas dívidas, além das já existentes no Estado e nas Autarquias, ainda vão juntar-se as do aeroporto, a do inútil TGV e das muitas mais auto-estradas.
Só sabemos gastar, sem fazer contas. Digo nós porque são os que elegemos para nos defenderem, e que nós ainda mantemos no trono. Noutros tempos tiraram de lá o Rei D. Carlos, não havendo tantas razões como agora...
Abraço
A. João Soares
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