Para quê o silêncio?
Para quê falar?
Se as palavras não forem corrosivas
Se as palavras não nos fizerem acordar.
Para quê o barulho?
Para quê a revolta?
Se o barulho se mantém silenciado
Se nos revoltamos
Sem nos revoltar.
Para quê o barulho?
Para quê silenciar?
Se o barulho do silêncio ficar mudo
Se o silêncio das palavras
Não falar.
Para quê falar?
Se as palavras não forem corrosivas
Se as palavras não nos fizerem acordar.
Para quê o barulho?
Para quê a revolta?
Se o barulho se mantém silenciado
Se nos revoltamos
Sem nos revoltar.
Para quê o barulho?
Para quê silenciar?
Se o barulho do silêncio ficar mudo
Se o silêncio das palavras
Não falar.
Mário Margaride
7 comentários:
Gostei destes trocadilhos, sobretudo pela sonoridade. Não quero contudo menosprezar o conteúdo, que nos transporta à reflexão e gostei bastante. A mordaça, a limitação da liberdade de expressão, silencia-nos e para quê o ruído, o barulho se não conseguimos pela limitação expressar-nos? Ninguém nos ouvirá, os nossos queixumes não chegarão a algum lugar. A nossa voz, não se fará ouvir.
Beijinhos
Mas vale a pena insistir. Vale a pena persuadir. As mensagens mais importantes e corrosivas são transmitidas ao ouvido, ciciadamente.
O que é preciso é transmitir ideias que façam reflectir.
Abraço
A. João Soares
Muito bom!
Bonito, e profundo, como diz a Ana Martins, e concordo que é preciso haver barulho, é preciso não desistir, e como o poeta diz, será que assim insistindo iremos a lado algum?
Leva-me a momentos de desistência, a momentos de fragilidade, até parece que ando a lutar sozinho, mas felizmente não estou...
Bom domingo, amigo Mário.
Abraços do Beezz
Olá, Mário!
É sempre útil o barulho e a revolta, silenciar, não. Silenciar é admitir que sim, que está bem. O próprio poema, já nos diz para não nos calarmos, esse facto deve-se a que ele nos põe a pensar. E isso basta para que nada pare nem nada fique na mesma. O que era antes do poema, ainda que pareça ilusório, já o não é agora. Tudo ajuda a mudar. Bastou com que ele nos forçasse a pensar.
Abraços
A força das palavras, nunca será de menosprezar, aínda que muitas vezes nos pareça, que não chegam a lado nenhum, encontram sempre eco e repercutem-se na sua essência.
Como aqui foi referido, nos comentários precedentes, está será uma forma de nos fazermos ouvir e de chegarmos, o mais longe possível.
Este é um objectivo do nosso blogue, A Voz do Povo.
Façamos barulho então, contra as injustiças, contra a corrupção, contra a pobreza, contra tudo o que que esteja mal, não nos conformemos, por nos sentirmos sós, na nossa luta.
Se ampliarmos a nossa voz, se não baixarmos os braços, outras vozes se juntarão e estaremos a encontrar o "fideback", da nossa revolta.
Um abraço
Das nossos silêncios também têm que sair gritos!
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