18 janeiro 2007

Closer. Dir. Mike Nichols. 2004.

Hello, stranger. – Assim começa o filme.

Uma fotógrafa, um jornalista, uma striper e um médico. Figuras já bem conhecidas das telas dos cinemas encontram sua originalidade na composição dessa obra tão singular. Closer, filme do diretor alemão Michel Nichols tem como objeto fundamental as relações humanas, suas formas, suas ambigüidades e contradições. Closer é um filme sobre o amor, todavia não pretende retratar o amor na sua áurea divina e redentora. A pretensão é investigar esse sentimento no seu modo mais inocente, ingênuo e humano: o amor como uma tragédia.

Love is an accident... Waiting for happen.Nada mais casual do que a forma como Dan (Jude Law) e Alice (Natalie Portman) se conhecem no início da trama. “Hello stranger”, enunciado por Alice, marca o primeiro diálogo dos dois personagens que posteriormente serão tomados por um desejo inexplicável de um pelo outro. Todavia, como qualquer objeto de natureza acidental, o amor não foge a sua frágil circunstancialidade, e aquela necessidade que outrora tinha a aparência de ser essencial, como toda paixão, logo se desvela como um simples acessório, um mero objeto de ostentação e vaidade, algo dispensável, mas útil ao orgulho. Anna (Julia Roberts) e Larry (Clive Owen) também tem um encontro acidental que culmina num casamento cego e contaminado pela falsidade. Intimacy is a lie... We tell ourselves. O filme de Michel Nichols mostra numa óptica bastante nítida que as pessoas são como icebergs em que só podemos ter o conhecimento mínimo daquilo que está sobre o mar, mas a profundeza, aquilo que há de sólido no ser se mantém oculto até mesmo ao próprio sujeito.

Truth is a game... You play to win.Não há nada mais rendido às paixões do que um homem dentro de um jogo. A intenção não é outra além da vitória, e na busca dessa finalidade a maior ferramenta é o conhecimento e o apego às regras. Entretanto, quais são as regras da verdade? Qual é a regra do jogo das relações? O problema parece maior quando percebemos que a ignorância de tais regras provoca a falsa impressão de sua total ausência. O jogo parece então de “vale-tudo” onde a mentira não presta conta à verdade, elas se misturam e se confundem num carrossel de ilusões. De um simples jogo as relações, pela ausência de regras, passam a se tornar conflitos. A arma é o discurso e a sua periculosidade e agressividade ao outro é medido pela sua ortodoxia e pretensão de se tornar uma ideologia soberana sobre todas as atitudes.

Closer é um filme, definitivamente, sobre o amor.

Site oficial do filme

Antonio Felipe Silva

1 comentário:

victor simoes disse...

Interessante Felipe. Pelo que expões, o filme merece a pena ser visto. A mistura de interesses e sentimentos parece realmente um bom retrato da sociedade contemporânea.

Um grande abraço de Portugal, até ao Brasil.

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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