07 março 2007

Mistério: como a riqueza causa a pobreza no mundo

Há um "mistério" que deve ser explicado: como é possível que se os investimentos empresariais e a ajuda estrangeira, além dos empréstimos internacionais, aumentaram de forma espectacular em todo o mundo ao longo da última metade do século passado também tenha aumentado a pobreza? O números de pessoas pobres está a crescer numa proporção maior que a da população mundial. O que podemos concluir disto? Na segunda metade do século passado, os bancos e a indústrias dos EUA (além de outras empresas ocidentais) investiram muito nas regiões pobres da Ásia, África e América Latina conhecidas como "Terceiro Mundo". As transnacionais são atraídas pelos ricos recursos naturais, o alto rendimento devido aos baixos salários, e pela quase completa ausência de impostos, regulamentos ambientais, direitos laborais e custos de segurança laboral.

O governo dos EUA subsidiou esta fuga do capital mediante a concessão às empresas de isenções fiscais destes investimentos no mundo, e inclusive com o pagamento de parte dos gastos de transferência, o que escandalizou os sindicatos que vêm como os postos de trabalho se evaporam na sua própria casa. As transnacionais expulsam os negócios locais no Terceiro Mundo e apoderam-se dos seus mercados. O cartel estado-unidense da indústria agropecuária, generosamente subsidiado pelos contribuintes estado-unidenses, inunda o mercado de outros países com os seus produtos excedentes de baixo custo e afunda os agricultores locais. Tal como descreve Christopher Cook em Diet for a Dead Planet (Dieta para um planeta morto): expropriam as melhores terras para o cultivo industrial destes países, para convertê-la habitualmente em monocultura, o que requer grandes quantidades de pesticidas, reduzindo cada vez mais as áreas cultivas de centenas de variedades de colheitas que tradicionalmente seriam de alimento às populações locais. Mediante a deslocação das populações locais das suas terras e do saqueio das suas fontes de auto-suficiência, as empresas criam mercados de trabalho saturados de gente desesperada e forçada a viver em bairros de lata e a trabalhar duro por salários de miséria (quando podem trabalhar), violando amiúde as leis destes países sobre salário mínimo.



Publicado em: http://resistir.info/

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Victor Simões não é só os EUA que assim procedem.

Vejam o exemplo português, os bancos crescem cada vez mais, sinal de empréstimos, mas de endividamento e fica tudo nas maos de alguns.

O endividamento não pode ultrapassar 1/3 do salário ou rendimento das famílias...ou das empresas!

Portugal país é outro exemplo, em que o endividamento é galopante, em que os bancos mundiais avisaram em tempos que Portugal teria que rever a sua situação, pois chegou aos limites do aceitável para eles (bancos). Ou seja eles já têm medo de emprestar mais dinheiro ao nosso governo.

Isto foi falado durante algum tempo, pouco, mas por obra e graça da comunicação social deixou de fazer parte da ordem do dia!...

As empresas transnacionais jogam com a pobreza.Para eles mao de obra barata é sinónimo de crescimento,por isso saltam de país pobre em páis mais pobre.Fogem dos sistemas fiscais mais pesados (mais um erro governativo em Portugal) e passam-se para os paraísos onde podem explorar os sem voz.

Engraçado meu amigo é que os preços dos artigos feitos mais baratos nas marcas de luxo não baixam os preços finais ao consumidor.

Por isso deixei de acreditar nas marcas!

Abraços

MR

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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