11 março 2007

ATOCHA - 11 de Março de 2004

As explosões eram horripilantes, pensei de momento que se tratava de alguma conduta de gás, que tivesse provocado tal detonação. Nada me levaria a pensar que horrenda tragédia estivesse tão perto da minha visão.
Então apercebi-me, quando as explosões começaram a ser sucessivas e os gritos espalhavam-se por todo o lado, que era o barulho de bombas vindas da estação de Atocha.
Desatei a correr em direcção de onde todos fugiam, mesmo sabendo que poderia morrer, não conseguia parar de pensar que meu filho único estava lá, como era habitual todos os dias.
Quando avistei aquela imagem hórrida, perdi os sentidos por uns minutos mas no meio de tal confusão ninguém dera por mim ali caída, quando voltei a mim, comecei a gritar pelo nome do meu menino, não obtendo qualquer resposta.
Minutos depois o sangue espalhava-se por todo lado, entre os feridos e os mortos que se iam multiplicando em fileiras, como se fossem fuzilados sem serem estigmatizados.
Os feridos estavam irreconhecíveis pela dor pelos estilhaços da vingança dos que saboreiam o cheiro da morte, vivia-se um marasmo de lágrimas.
Mandaram-me sair dali, mas eu ainda não tinha encontrado o meu filho estava em estado de choque, parecia uma tresloucada sem direcção.
Porque nos fizeram isto?
Porque nos sacrificam a nós, inocentes?
Porque fazem isto se Deus é Uno?
De repente ouço uma voz:
- Mãe, mãe com quem falas leva-me daqui.
Procurava-te! Meu menino, desesperadamente nas entrelinhas de Deus...
Olhei para as mãos dele, ensanguentadas, arrepiei-me:
Que foi que te fizeram meu filho estás cheio de sangue?
Não é meu mãe é de um pobre senhor, que tentei ajudar mas não resistiu, antes de morrer deu-me esta foto e disse-me:
- Essa é a minha menina, encontra-a e diz-lhe que a irei amar eternamente.
Acabou por morrer ali nos meus braços...

Hoje o medo, permanece sufocadamente nas mentes dos que sobreviveram
a dor, o asselvajamento deste dia, violentados pelo ódio das diferenças raciais, dos que só se importam com o lucro das guerras.

Conceição Bernardino – Minha homenagem sentida...

2 comentários:

Beezzblogger disse...

Querida amiga, foi de facto o atentado mais horrendo levado a cabo em todoa a Europa, sofreream os espanhois com o apoio incondicional aos EUA, no ataque ao Iraque, mas sofreram porquê? É bom que se diga que Portugal pela mão do "Cherne", também apoiou esta invasão, que só não teve consequências destas cá, sabe porquê?, A economia nacional não vale nada, é ZERO, perto duma potência Mundial como a espanha, mas os nossos governantes da altura TUDO fizeram para que cá, como em Espanha houvesse tragédia e miséria, tivemos a sorte de não Valer-mos nada, aqui congratulo-me com a nossa pequenez. Poderia-mos de facto ser uma economia forte, em relação ao país, e se isto não é um contrasenso...

Mas com governates destes, foi melhor que assim estivessemos, no marasmo...

Agora uma coisa é certa, temos de fazer algo, para afastar estes senhores do poder, antes que estes nos arrastem para o fundo ainda mais.

Abraços do beezz

Anónimo disse...

Madrid recorda vítimas do 11 de Março



MANUEL LOPES in DN
correspondente em madrid AP-Manu Fernandez

mensagem. Na estação de Atocha, os atentados não foram esquecidos

O Governo espanhol decretou luto nacional no próximo dia 11. Em todos os edifícios públicos a bandeira estará a meia hasta, o Rei Juan Carlos inaugurará o Bosque dos Ausentes, com a presença de vários chefes de Estado e do monarca marroquino, Mohamed VI. Os sinos das igrejas de Madrid tocarão às 7.35. Os cidadãos foram convidados a guardar cinco minutos de silêncio ao meio-dia e dezenas de especialistas e governantes irão reunir-se numa conferência sobre terrorismo.

Estes são os principais actos previstos no primeiro aniversário dos atentados nos "comboios da morte", em Madrid, que mataram 192 pessoas e feriram mais de 1500.

A associação 11 de Março, que reúne os familiares das vítimas dos atentados, não ficou satisfeita com estes actos públicos e oficiais. Preferiam o silêncio, "para não aprofundar mais a dor", e já anunciaram que não assistirão a nenhum deles.

Os partidos políticos divergem sobre as conclusões da Comissão Parlamentar de Investigação que estudou os acontecimentos que tiveram lugar entre 11 e 14 de Março de 2004. Depois de ouvir os principais responsáveis políticos do Governo de Aznar, dirigentes do PSOE e o próprio Zapatero, a Comissão deu por concluída a sua investigação. Os deputados não concordam, ou não querem concordar, no diagnóstico, nas causas, na versão dos factos, nem sequer nas medidas para evitar novos atentados.

O processo judicial ainda não terminou. Vinte e três suspeitos encontram-se em prisão preventiva. Durante as investigações foram detidas mais de 70 pessoas. Seis presumíveis autores ou colaboradores encontram-se em paradeiro desconhecido. Mas não se sabe ao certo quem planeou e executou a acção, se bem que já não sobrem dúvidas de que foram células ligadas à Al-Qaeda e sem relações com a ETA. O juiz de instrução espera fechar o processo antes do Verão.

eventos. Esta será uma semana especial em Espanha. As instituições queriam assinalar o primeiro aniversário do 11 de Março com grande solenidade, mas o Governo, disse um porta-voz, "de acordo com a vontade manifestada pelas vítimas, deseja que os actos comemorativos se caracterizem pela sua sobriedade".

Entre os actos de maior peso simbólico e institucional estará a inauguração do Bosque dos Ausentes, no Parque do Retiro, a poucos metros da Estação de Atocha, composto por um pequeno jardim com 192 ciprestes e oliveiras em memória dos 192 mortos do 11 de Março. O Rei Juan Carlos e Zapatero estarão presentes na cerimónia, bem como governantes de vários países, entre eles o Presidente português, Jorge Sampaio.

Entre os dias 8 e 10, meia centena de chefes de Estado e de Governo assistirão à Conferência Internacional sobre Segurança, Terrorismo e Democracia. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, são esperados em Madrid. No entanto, a actual Administração norte-americana não se fará representar na conferência. O encontro contará ainda com a participação de duas centenas de especialistas internacionais sobre terrorismo. O Rei de Marrocos - de onde é oriunda a maior parte dos terroristas acusados do atentado de 11 de Março - também irá prestar homenagem às vítimas.

O momento da primeira explosão será assinalado com o toque dos sinos. Autoridades municipais estarão em todas as estações onde, há um ano, ocorreram os atentados. Na catedral de Madrid, o arcebispo celebrará uma missa fúnebre, a que assistirão as principais autoridades do Estado. Para mais tarde, a Associação das Vítimas do Terrorismo (AVT), que reúne vítimas da ETA e do 11 de Março, convocou uma concentração "em memória de todas as vítimas".

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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