02 março 2007

PORTUGAL ENVERGONHADO...


"Matou a mulher doente e suicidou-se a seguir"

"Marisa Rodrigues JN"

"Manuel Santana, 75 anos, esteve sempre ao lado da mulher, portadora de Alzheimer. Mas a doença agravou-se e as noites sem dormir deixaram-no à beira do desespero. Pediu ajuda para interná-la, mas o apelo não surtiu efeito. Ontem decidiu acabar com o sofrimento. Matou a companheira a tiros de caçadeira, na casa de ambos, em Loulé, e suicidou-se. A triste história do casal, que depois de uma vida de trabalho em França escolheu viver a reforma no sítio de Soalheira, freguesia de São Sebastião (Loulé), deixou todos em estado de choque. A doença de Olívia Nunes, de 72 anos, era conhecida, mas ninguém esperava este desfecho.Manuel era conhecido pela dedicação à companheira. "Fazia-lhe todas as vontades, ia a Loulé passeá-la, davam-se muito bem", comentavam os vizinhos. A aparente calma que se sentia à porta da moradia do casal, palco da tragédia, quebrou-se quando os corpos foram removidos pelos bombeiros. Deu lugar a muito choro e lamentos. "Ainda estou meio zonzo. Como é que o meu primo foi capaz de fazer uma coisa destas?", questionava-se Artur Mendes. "Ela de há uns tempos para cá não o deixava dormir. Passava a noite a conversar como se fosse uma criança. Ele era um santo e tinha muita paciência, mas com certeza que perdeu o tino, depois de passar muitas noites de seguida sem dormir", acredita. Olívia sofria de Alzheimer há cerca de sete anos. A doença foi piorando e as noites sem dormir levaram Manuel a pedir ajuda. Na passada sexta-feira, foi à junta de freguesia de São Sebastião. Chorava muito e os funcionários decidiram telefonar ao presidente, Horácio Piedade. "Estava desesperado que até metia dó. Disse que não aguentava mais. Queria interná-la", contou. "Contactei a acção social da câmara de Loulé e pedimos uma ambulância, que os levou ao hospital de Faro", acrescentou o autarca. No dia seguinte, ao cruzar-se com Manuel, soube que Olívia "teve alta horas depois de chegado ao hospital. Disse-me que foi medicado e já tinha conseguido dormir melhor". Ontem Manuel telefonou ao filho (o único do casal) que reside em França. Contou-lhe que ia pôr termo ao sofrimento. O filho telefonou de imediato a uma vizinha, que se deslocou à moradia do casal. Encontrou Olívia morta, deitada no sofá, e Manuel, também já sem vida, tombado entre a porta das traseiras e o quintal. A GNR recebeu o alerta às 16.30 horas, mas os militares, ao constatarem ter sido utilizada uma arma de fogo, informaram a Polícia Judiciária (PJ) de Faro, com competência para investigar este tipo de crimes. Mal os inspectores da PJ deixaram a casa, com sacos com indícios recolhidos na moradia, um familiar, um vizinho e o presidente da junta, apressaram-se a limpar o sangue com vassouras, detergentes e baldes de água. "É para evitar que o filho que vem de França sofra ainda mais ao ver isto", diziam. "
Portugal sofre estas terríveis injustiças. Os cidadãos sem conseguirem respostas para os seus problemas, poêm fim à vida.
Não seria obrigação do Estado dar uma solução para aquela senhora que sofria de Alzheimer, aliviando o pobre marido?Muito fez ele,depois de uma vida dedicada, mas não podemos deixar de exigir ao Estado miserabilista que cumpra o dever de olhar pelos cidadãos incapacitados e deficientes!
Leva-me a questionar sempre:-o que acontecerá ao meu filho quando eu e minha mulher adoecermos ou morrermos?

5 comentários:

Anónimo disse...

aqui em espanha , semanalmente morrem mulheres - por "actos de piedade" ou nao. Nao seria uma "obrigaçao de todos nós" estado familia amigos vizinhos....
sempres que alguem se suicida sinto me envergonhada.

JP disse...

O Estado, somos todos nós, desde o vizinho do lado ao desconhecido que connosco se cruza na rua, é dessa igualdade e fraternidade humanas que o país carece. De utopias e boas vontades não há quem não fale, embora todos tenhamos o entendimento de que é preciso fazer.
Agiremos um dia pelos motivos que invocamos, estaremos então a melhorar o mundo à nossa volta.

Anónimo disse...

"nin" o Estado somos todos nós, só que uns governam e possuem a capacidade de decisão nas mãos, outros aguentam.

Vizinhos?!Caro amigo a sociedade está fechada.Só querem saber de coisas e dizer mal de preferência.Quem quer ajudar alguém?

Até as associações são uma nojice, servem interesses escabrosos e corruptos.

Daqui a algum tempo verão as investigações ás associações.Tem que se ir devagarinho, pois não há elementos que investiguem tudo.

Não choro, nada peço, a não ser a porcaria que está consagrada na constituição desta república do bananal!...

Gostei da sua reflexão r.filgueira, mas vizinhos, amigos, sei-o na pele...utopia!

MR

Beezzblogger disse...

Infelizmente, amigo Relvas o que diz é a mais pura das verdades, mas há uma coisa, é que se não fizermos algo hoje, sofreremos muito mais amanhã, digo-o com toda a convicção, o estado, somos nós mas se nós nos divorciamos destes problemas, caberá só ao estado (governo) fazer algo?

Penso ser uma pergunta pertinente, esperando resposta da socieda adequada.

Abraços do beezz

Anónimo disse...

Por isso luto caro beezz, não deixo para os outros o que me incumbe de fazer!

O que resumi é uma verdade.Hoje as pessoas não ligam umas ás outras.Só se preocupam em arranjar uma desculpa para apelidarem os outros com um qualquer rótulo, beberem uns copos e dizerem mal de tudo e todos...sem apontarem um caminho!

è bonito dizer que o Estado somos nós todos, mas mais bonito é demonstrá-lo com convicção e verdade!

Até as associações que defendem (deviam) estes problemas e a deficiência querem é tachos!

Quando algum de nós se propoem ajudar..estranham e não gostam de ser incomodados no seu cantinho...só querem dinheiro!...Não há humanismo!

Abraços

MR

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