O ministro da Saúde, Correia de Campos, em entrevista um jornal nacional, anunciava que está determinado que a maternidade a encerrar no distrito de Bragança é a de Mirandela. Correia de Campos afirma: “ Mirandela é a que tem menos equipa. Está assente que vai fechar no final do ano”. Estas declarações esclarecem um decisão aguardada há vários meses no Nordeste Transmontano acerca de qual das duas maternidades da região, a de Bragança ou a de Mirandela iria encerrar.
No despacho de 14 de Março último, o ministro da Saúde entregava a decisão à Administração do Centro Hospitalar do Nordeste Transmontano, que congrega os três hospitais da região – Mirandela, Bragança e Macedo de Cavaleiros – a decisão de decidir sobre qual das duas maternidades encerrava até 31 de Dezembro deste ano.
Com o enceramento da maternidade de Mirandela, que servia a população do sul do Nordeste Transmontano, a única sala de partos que permanecerá aberta na região é a de Bragança, a norte, e a mais de uma centena de quilómetros das populações mais afastadas da capital de distrito.
O presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano, acusou hoje o Ministro da Saúde, Correia de Campos de «falta de carácter» por ter feito anunciar num entrevista o encerramento da maternidade de Mirandela, uma decisão que promete impugnar judicialmente.
O Ministro dá como certo o encerramento no final do ano da maternidade, esclarecendo uma decisão que era já aguardada e temida á meses pelos Transmontanos. José Silvano afirma: “ Afinal., é ele que a anuncia num jornal. Para que foi, então esta manobra dilatória destes meses todos?” classificando a actuação do Ministro como “ falta de carácter”
Em declarações á agencia Lusa, o autarca eleito pelo PSD, considerou que «a intenção do Ministro da Saúde é fechar este ano a maternidade de Mirandela e para o ano a de Bragança».
As duas maternidades não perfazem os mil partos que o ministério da Saúde definiu como número mínimo para funcionamento em segurança. Segundo José Silvano Mirandela no ano de 2005 contabilizou cerca de 510 partos e Bragança 440 e frisa que já este ano Mirandela vai na frente com número de partos sendo a diferença na ordem dos 60 partos entre Mirandela e Bragança. Na opinião do autarca de Mirandela, o fim da maternidade de Bragança está á vista, pois ao encerrar a maternidade com mais partos na região, com maior área de intervenção com cerca de 7 dos 12 concelhos do Distrito. Silvano promete luta nas ruas ao Ministro e pondera em Outubro ou Novembro fazer oposição via judicial ao despacho do Ministério da Saúde.
O autarca garantiu ter «argumentos jurídicos para impugnar a decisão, nomeadamente pela centralidade de Mirandela, a proximidade dos centros com melhores cuidados de saúde, nomeadamente Vila Real e o Porto, melhor acessibilidade e maior número de partos».
O edil lança também a acha na fogueira «tanto os mirandelenses como as gentes de Bragança a voltarem á rua pois está em causa o fecho de duas maternidades»
Silvano tornou-se no principal rosto da contestação ao encerramento das maternidades no Distrito de Bragança, promovendo em Maio, em Mirandela, uma das maiores manifestações de sempre na região.
Colocou também cartazes de protesto por todo o concelho contra «o abandono» a que o poder central tem votado a região e exortou o ministro da Saúde a manter as maternidades do Nordeste Transmontano abertas até serem construídas as estradas prometidas há décadas. Agora promete bandeiras e tarjas pretas nos edifícios públicos, pontes e nas entradas da cidade como luto pelo encerramento dos serviços neo natais na cidade de Mirandela.
Aos protestos de Mirandela, seguiu-se também uma manifestação em Bragança, no 10 de Junho, contra a retirada de serviços da região, nomeadamente as maternidades.
Henrique Capelas, confirmou que «o estudo está feito» e que «o relatório, que aponta no sentido do fecho de uma das maternidades, já foi entregue» no Ministério da Saúde. Escusou-se, no entanto a avançar qual a maternidade apontada, afirmando que a questão será esclarecida brevemente.
1 comentário:
Esta é mais uma decisão fundamentada nas incapacidades do sistema do Estado e não nas necessidades e na qualidade de vida das populações. O que conta é gastar menos com as comodidaes e o bem-estar da população, para poder gastar mais com os políticos: veja-se os ordenados dos administradores do Banco de Portugal, as reforms milionárias e sobrepostas dos políticos, os tachos para todos os «boys» do partido do Governo, como assessores, as viagens faraónicas do Primeiro Ministro, etc
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