02 dezembro 2006

Evitar catástrofes


No momento em que escrevo, chove com muita intensidade. Entretanto, li a notícia dos efeitos catastróficos do «tufão Durian que matou mais de 500 pessoas, nas Filipinas, país que todos os anos é atingido por dezenas de furacões. Fortes chuvas, deslizamentos de terras e casas destruídas marcaram a passagem do vendaval pela província oriental de Albay, onde cerca de 11 mil filipinos ficaram desalojados. ‘A devastação é total’, resumiu o governador da região central de Bicol, apelando à ajuda internacional».

Aprender com as próprias experiências é uma forma de progredir na vida evitando complicações, mas é ainda mais sábio aprender com a experiência alheia por não se sofrer o ónus da aprendizagem. Ter casa na encosta tem beleza mas também tem riscos e exige cuidados prévios para avaliar os perigos e trabalhos de manutenção para evitar o agravamento destes. Há cerca de 15 anos houve numa favela do Rio de Janeiro um acidente do mesmo tipo deste nas Filipinas. Na altura estava a trabalhar no Serviço Municipal de Protecção Civil do Concelho de Loures e chamei a atenção do presidente da Câmara para o perigo que corria a encosta de Carnide, próximo do actual cemitério em que muitas casas já tinham os alicerces sem apoio por baixo devido a pequenas e sucessivas deslocações de terra devidas ao facto de se tratar de um aterro recente na orla Norte da «estrada militar». Toda a área, ao longo da encosta desde a Pontinha até à calçada de Carriche, onde foram construídas clandestinamente casas sem qualquer estudo prévio, estava em risco. Tal como este caso havia outros no Concelho e em vários pontos do País.

Estamos agora a atravessar um período de chuvas mais abundantes do que habitualmente, e devemos meditar sobre os perigos de não respeitarmos as condições da natureza. A construção nas linhas de água, ou nos talvegues, não é tida na devida consideração e já tem havido entre nós casos graves. Essas linhas de água, no Verão passam despercebidas aos menos atentos, mas no Inverno a água transforma-as em pequenos ribeiros que perante o obstáculo se transformam em pequenas albufeiras podendo atingir força suficiente para derrubar casas, como aconteceu há poucos anos no Norte em que um café foi arrastado, causando a morte aos seus ocupantes.

Para evitar tais catástrofes, é conveniente não construir no caminho natural da água, construir apenas em solo que mereça confiança e criar condições a montante para desvio da água por forma a não encharcar o terreno evitar futuros deslizamentos de terra. Em casos em que o perigo vem da natureza, a única solução é prevenir, evitando catástrofes, na medida do possível. Não é sensato contrariar o que é natural.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo AJSoares,

parece que ouviu a minha conversa ontem ...aqui em Braga a zona do Feira Nova e sua envolvente,agora com amis um Retai Park a abrir em Janeiro,foi toda construída em cima de um ribeiro que nesta altura está afunilado e pode destruír muita coisa.Construíram em cima,mesmo em cima 4 torres de 13 andares...já foram inundadas diversas vezes as suas garagens...quem responsabiliza tal serviço público de categoria?

Abraços
MR

A. João Soares disse...

Caro M Relvas,

As minhas palavras são baseadas no conhecimento de casos reais. Parece que os «engenheiros» municipais só vão ao terreno quando o tempo está seco, e não possuem conhecimento de topografia para destrinçar qual a inflexão das curvas de nivel e a localização dos talvegues ou linhas de água e não comprendem a força da água para abrir caminho para continuar a descida pelo leito mais natural.
Essa ignorância é injustificável e, se ela não existe, então trata-se de crime grave, talvez cometido sob pressões dos construtores, a troco sabe-se lá de quê.
Mas tudo fica impune, infelizmente.
Um abraço
A. João Soares

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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