21 novembro 2006

TLEBS. INTELECTUAIS DISCORDAM

TLEBS. Intelectuais discordam


Logo que os jornais começaram a enfatizar a TLEBS (Terminologia Linguistica para os Ensinos Básico e Secundário), tive a percepção de mais uma calinada de alto quilate e escrevi aos jornais uma carta em 4 de Outubro, de tom bastante irónico (a ironia é a melhor arma para situações graves), que foi publicada no Público em 23 e depois inserida no Blogue A Voz do Povo. Pessoas de indiscutível valor intelectual e cultural e com conhecimento do ensino da língua portuguesa têm vindo a dar a cara contra mais este «pontapé na gramática». Ontem, foi entregue à Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues um abaixo-assinado em cuja lista de assinaturas constam nomes como José Saramago, escritor, Maria Alzira Seixo e Manuel Gusmão, professores catedráticos de Literatura e Teoria da Literatura e Eduardo Prado Coelho, professor associado de Literatura.

Entretanto alguns professores, conscientes da importância da disciplina-conivência-cumplicidade, para a sua avaliação e repercussão na carreira, insurgem-se contra os críticos e opositores à TLEBS, por vezes de forma arrogante, insólita desrespeitosa dos outros, considerando-se os únicos detentores da sensatez e da verdade, mas sem demonstrarem qualquer laivo da necessidade, utilidade ou vantagem de tal inovação inqualificável que cai como um remendo gritante num tecido que dele não carece.

A ministra e os seus assessores aceitaram uma proposta, que ficou e vai ficar muito cara ao Estado, que é «incorrecta, abstrusa e inadaptável a certos níveis etários», como diz o abaixo assinado, confirmando mais uma vez que os políticos nacionais sofrem de uma doença grave, traduzida em complexos, preconceitos e insegurança, com receio de serem considerados incultos e ignorantes, o que os leva a não recusar qualquer imposição insólita e esquisita desde que tenha algum cariz intelectual. Há vários casos desse sentimento de insegurança e inferioridade:
O túnel d Belas, na CREL (cintura rodoviária exterior de Lisboa), aumentou o custo da construção daquela via em cerca de três milhões de contos (moeda da época), para preservar umas pegadas de dinossáurio que não são visitáveis, de que ninguém fala e que possivelmente serão erodidas pelo tempo sem delas ser retirado qualquer benefício cultural.
A pedreira do Galinha, na Serra de Aire, foi comprada pelo Estado por cerca de 500 mil contos para evitar o seu desaparecimento, mas, como não têm recebido cuidados de conservação, é duvidoso que possam vir a ser visitadas, e entretanto as condições atmosféricas encarregam-se da sua erosão.
A barragem de Foz Coa, após 20 milhões de contos de despesa, foi interrompida a fim de serem preservadas gravuras paleolíticas que, segundo técnicos, podiam ter sido conservadas sem prejuízo da barragem, numa altura em que já havia consciência da importância da água e da energia hídrica (não poluente e barata). O benefício da decisão foi nulo.
A barragem de Alqueva podia ter sido construída algumas décadas mais cedo se os governos não se tivessem submetido às pressões de «intelectuais bem informados e intencionados».
A barragem do Baixo Sabor continua nas gavetas devido a esta doença dos políticos.
A energia eólica podia há muito estar a cobrir grande parte dos gastos de energia do País, poupando petróleo e aliviando a balança comercial e a poluição, se não tivesse havido cedências aos «defensores dos passarinhos» que corriam o risco de colisão com as pás das hélices dos geradores.
A auto-estrada para o Algarve também podia ter entrado e funcionamento décadas mais cedo. Etc. etc. etc.
E a energia nuclear, há-de vir a ser a solução para o abastecimento de electricidade do País, mas muitas décadas depois da data lógica e racional.

Agora, na sequência destes exemplos, o complexo de incultura e ignorância surge no ministério da Educação, com a TLEBS, merecendo a contestação de pessoas notáveis pelo seu nível cultural e intelectual, de indiscutível valor. E contra eles levantam-se vozes que nada explicam sobre a necessidade, utilidade e vantagem da inovação, denunciando apenas o seu interesse pessoal, por o trabalho ser bem pago, e por professores que consideram perigoso para a sua avaliação discordar de S. Exa a Ministra.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em minha modesrta opinião,o TLEBS só vem aumentar a confusão já existente.Para os professores e alunos que já pecam por doentios atrasos e para todos nós que tanto nos esforçamos para escrevermos em "razoável" português...

As alterações são totalmente estúpidas e sem nexo!

Seborreia a mais naquelas cabecinhas..."pensadoras"!

Estou de acordo com os fenómenos mencionados de atrosos e de prcipitações em nome das associações e intelectualidades duvidosas!

Bem haja
Mário Relvas

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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