Há tempos postei aqui um texto sobre a TLEBS
Agora transcrevo parte de uma crónica de Vasco Graça Moura do DN de hoje, que acho deliciosa, principalmente dada a origem ser um intelectual com muitas provas dadas. Espero que apreciem o caos em que querem colocar o ensino da língua pátria.
... Também Maria do Carmo Vieira publicou um excelente artigo, "O regresso da polémica", no JL de 25.10.2006, em que, depois de uma breve resenha da tragicomédia do ensino da Gramática, dá uma série de exemplos de pôr os cabelos em pé.Entre outros, há pronomes indefinidos que dão agora pelos nomes sorumbáticos de "quantificadores indefinidos", "quantificadores universais" e "quantificadores relativos". Nos advérbios, encontramos coisas alucinantes como "advérbios disjuntos avaliativos", "advérbios disjuntos modais", "advérbios disjuntos reforçadores da verdade da asserção" e "advérbios disjuntos restritivos da verdade da asserção". O sujeito indefinido passa a ser o luminoso "sujeito nulo expletivo". O "aposto ou continuado" chama-se bombasticamente "modificador do nome apositivo", podendo ser do tipo "nominal", "adjectival", "proposicional" ou "frásico"...Isto posto, o que é que leva a ministra da Educação a aceitar um conjunto de enormidades deste tipo e a desatender as muitas objecções que, sem dúvida, lhe chegaram da parte de inúmeros professores?Quem são os responsáveis que, no seu ministério, se vêm enfeudando a estas aberrações, conseguindo fazê-las consagrar na lei, com os resultados desastrosos que todos conhecem? Não lhes acontece nada? Ninguém pensa em pô-los na rua?Não se vê que a avaliação dos professores, face ao novo estatuto, se vai tornar absolutamente impraticável nesta matéria? Nem que o ensino se vai degradar ainda mais?Será isto uma política da Educação? Será assim que a cooperação com os outros países de língua portuguesa vai ser mais eficaz, no tocante ao ensino e promoção da língua comum?Não há um deputado à Assembleia da República para interpelar o Governo, uma associação de pais para protestar com energia, uma associação de professores para se recusar teminantemente a pôr em prática esta pepineira?Assim como a sublimação implica a passagem do estado sólido ao estado gasoso, sem passar pelo intermédio, temos agora este trânsito da ignorância geral à embrulhada específica, sem se passar pelo estado intermédio e necessário de um ensino razoável e sensato.Por alguma razão a palavra "gás" deriva de kaos. Esse será o resultado deprimente do ensino gasoso que a TLEBS nos prepara.
Agora transcrevo parte de uma crónica de Vasco Graça Moura do DN de hoje, que acho deliciosa, principalmente dada a origem ser um intelectual com muitas provas dadas. Espero que apreciem o caos em que querem colocar o ensino da língua pátria.
... Também Maria do Carmo Vieira publicou um excelente artigo, "O regresso da polémica", no JL de 25.10.2006, em que, depois de uma breve resenha da tragicomédia do ensino da Gramática, dá uma série de exemplos de pôr os cabelos em pé.Entre outros, há pronomes indefinidos que dão agora pelos nomes sorumbáticos de "quantificadores indefinidos", "quantificadores universais" e "quantificadores relativos". Nos advérbios, encontramos coisas alucinantes como "advérbios disjuntos avaliativos", "advérbios disjuntos modais", "advérbios disjuntos reforçadores da verdade da asserção" e "advérbios disjuntos restritivos da verdade da asserção". O sujeito indefinido passa a ser o luminoso "sujeito nulo expletivo". O "aposto ou continuado" chama-se bombasticamente "modificador do nome apositivo", podendo ser do tipo "nominal", "adjectival", "proposicional" ou "frásico"...Isto posto, o que é que leva a ministra da Educação a aceitar um conjunto de enormidades deste tipo e a desatender as muitas objecções que, sem dúvida, lhe chegaram da parte de inúmeros professores?Quem são os responsáveis que, no seu ministério, se vêm enfeudando a estas aberrações, conseguindo fazê-las consagrar na lei, com os resultados desastrosos que todos conhecem? Não lhes acontece nada? Ninguém pensa em pô-los na rua?Não se vê que a avaliação dos professores, face ao novo estatuto, se vai tornar absolutamente impraticável nesta matéria? Nem que o ensino se vai degradar ainda mais?Será isto uma política da Educação? Será assim que a cooperação com os outros países de língua portuguesa vai ser mais eficaz, no tocante ao ensino e promoção da língua comum?Não há um deputado à Assembleia da República para interpelar o Governo, uma associação de pais para protestar com energia, uma associação de professores para se recusar teminantemente a pôr em prática esta pepineira?Assim como a sublimação implica a passagem do estado sólido ao estado gasoso, sem passar pelo intermédio, temos agora este trânsito da ignorância geral à embrulhada específica, sem se passar pelo estado intermédio e necessário de um ensino razoável e sensato.Por alguma razão a palavra "gás" deriva de kaos. Esse será o resultado deprimente do ensino gasoso que a TLEBS nos prepara.
1 comentário:
O ensino da língua pátria já está um caos há muitos, muitos anos... Não será qualquer terminologia que vai ser responsável por isso.
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