03 novembro 2006

Maomé e a Guerra Santa

... parte XIV


LISBOA ISLÂMICA

Dpois da conquista do Norte de África, os árabes voltaram-se para o norte e anexaram a Península Ibérica. Pouco depois da invasão muçulmana, em 714, Lisboa irá sentir uma crescente influência dos novos senhores. Olisipo, agora designada por Aluxbuna, tinha-se reorganizado e as antigas muralhas foram sujeitas a trabalhos de consolidação e ampliação.
São deste período a designada Cerca Velha ou Cerca Moura. Destacam-se dentro desta linha de moralhas, a Alcáçova, zona palaciana e castelo, e a Medina, área residencial e comercial, que se distribuía pela encosta do castelo. A partir do século X, foram ocupados os arrabaldes da urbe, junto às portas do Sol e de Alfofa, respectivamente, a este e oeste da cidade. Correspondia o primeiro destes núcleos a Alfama, área residencial dos senhores muçulmanos, e o segundo a uma área relacionada com actividades comerciais e mercantis. Os arredores foram aproveitados para pomares, hortas e pastagens - as almoinhas e almargens -, onde se destacava o sítio de Almofala, à Graça.
A ocupação dos arredores para zonas agrícolas pelos árabes foi extensível a outras zonas - a norte de Lisboa, principalmente após a conquista da cidade pelos cristãos, e é ainda hoje uma característica marcante da região "saloia". Entre várias teorias, há mesmo quem formule a hipótese de a palavra "saloio" derivar ou significar "charoi", tributo que o habitante dos arredores de Lisboa pagava em sal. Outros, inclusive, fazem-na derivar de Salé (cidade marroquina situada frente a Rabat), cujos habitantes teriam ocupado a região saloia.
Na Lisboa muçulmana, o Tejo continuava a desempenhar um papel fundamental. O Porto e diversos cais possibilitavam uma intensa actividade mercantil e ligavam a cidade a outros centros fluviais, como Santarém, ou mesmo a outros pontos fora do território. Mas a ligação ao mar e ao comércio marítimo com o Mediterrâneo continuavam a manter-se.
Este desempenho da cidade e o papel de relevo entre as urbes do ocidente peninsular são testemunhados por diversos tipos de fontes: literárias, toponímicas e arqueológicas.
No século X, Ahmed Arrazi apresentava a cidade como um centro de grande peso político, administrativo, económico e religioso, ao qual estavam adstritas, grosso modo, as penínsulas de Lisboa e de Setúbal. Os outros relatos são feitos pelo notável geógrafo árabe Edrisi, que terá visitado a Península Ibérica entre 1142 e 1147, e pelo cruzado inglês Osberno, que descreveu a conquista de Lisboa.
A importância de Aluxbuna era tal que o cruzado exprime a sua admiração perante o número de habitantes que então ali viviam, cerca de 120 mil. Os topónimos existentes - Mouraria, Alfama -, os traços culturais que se mantiveram ao longo dos séculos e os vestígios trazidos à luz do dia por recentes trabalhos arqueológicos completam um quadro que evidencia, de forma clara, a influência muçulmana na história de Lisboa.
Entre as escavações arqueológicas avultam as realizadas no claustro da Sé, que revelaram os restos de uma antiga mesquita muçulmana construída no século IX ou X, e sobre cujo pátio viria a construir-se a Sé de Lisboa. Num dos alçados da mesquita subsistem ainda vestígios de pigmentação vermelha, cuja cor coincide com a que é dada na descrição do templo, feita por Osberno.
continua...

2 comentários:

Anónimo disse...

Amigo David,no fim era giro juntar os textos todos e fazer um book.Muito interessante.Anda entusiasmado.

Você conheceu o Vinagre em Angola?Ele mandou-me hoje um mail a perguntar por "rapaziada" de 1966/67...em Belo Horizonte no CIC.

Um abraço!

Mário

david santos disse...

Amigo, Relvas, boa noite. Se por acaso a direcção entender fazer isso aos nossos leitores, a sua ideia é brilhante, mas quando acabar vou pedir ao Victor, caso haja pessoas interessadas.
Amigo Relvas, não sabe a satisfação que me dá em falar de uma pessoa que penso ter estado com ela em Angola. Pergunte-lhe, se me faz o favor, se ele conheceu o Cadilhe, o Lamelas, o Fernando Santos, não sou eu é outro, o cantinflas, o Furriel Cardoso, o Alferes Moreira da Siva, o primeiro cabo Anibal Barata Alves, o Taborda, o Furriel Lamas que é daí dos vossos lados, mais nunca mais vi, só sei que é professor, se o Vinagre conheceu um destes homens, tem de me conhecer a mim e eu a ele.
Faça esse favor, amigo Relvas.

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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