09 novembro 2006

Educar é Amar!

Durante os 15 anos em que dei aulas pude conhecer vários tipos de educadores e educandos.

Apercebi-me de que, muitas vezes, ou mesmo a maior parte das vezes em que nos deparamos com rebelião e indisciplina nos alunos não de deve, em grande medida, ao próprio temperamento, mas a uma deficiente educação e encaminhamento desde o berço.

Apercebi-me de que os pais que têm filhos que dão problemas esperam que eles recebam a educação fora de casa (nas escolas ou com as experiências da vida).

Escusado será dizer que aquele ditado que diz “De pequeno é que se torce o pepino” é tão real quanto a necessidade que os seres humanos têm de ser corrigidos e ensinados, primeiro pelos pais e/ou quem os cria e só depois poderão completar a educação fora de casa.

E porque vários pais me incentivaram a escrever o que penso acerca deste assunto, resolvi escrever um pequeno livro de bolso que se intitula “Educar é amar!”, que me tem galardoado com histórias muito interessantes que vários educadores me têm enviado.

Recordo uma mãe que tem três filhos e que a mais nova tem 3 anos e é muito desobediente e rebelde.

Um dia ela dirigiu-se-me atrapalhada e de face corada:

“Sabe Alexandra acabei de ler o livro que escreveu e senti-me um bocado envergonhada. Analisei-me e cheguei à conclusão que a minha filha mais pequena tem sido mal-educada. Como ela tem um carácter muito forte e eu fico muito cansada se a confronto porque não dá o braço a torcer, vou deixando-a fazer o que ela quer para não me aborrecer. Depois de ler o seu livro apercebi-me que não a tenho educado da melhor forma.”

Interessante será dizer que a criança era insuportável e que apesar de eu gostar imenso de crianças e de ter razoável prática no ensino, tinha dificuldade de me dominar quando a criança estava por perto.

O que é certo é que durante um tempo vi aquela mãe esforçar-se para pôr em prática alguns conceitos que poderiam trazer bons frutos futuros para aquela criança, mas infelizmente foi “sol de pouca dura”.

“ É mais fácil deixá-la sossegada com as coisas dela!” – respondeu-me passado algum tempo, desculpando-se perante o comportamento que aquela criança tinha, completamente impróprio para viver em sociedade.

Como este caso pude assistir a muitos outros durante os anos que leccionei, o que me deixa algo triste pois reflecte-se naquilo que hoje e amanhã possamos vir a colher em todos os departamentos da nossa sociedade.

Não querendo deixar aqui só o lado negativo, pois é contra a minha maneira de ser, deixo aqui um agradecimento e homenagem a todos os educadores (pais ou professores), que têm vindo a fazer um bom trabalho, nunca desistindo de encaminhar seus educandos nos bons caminhos para que um dia possam vir a ser úteis à sociedade, contribuindo para um mundo melhor.

Claro que poderemos dizer: “Mas muitos educadores dão uma óptima educação aos seus filhos e eles acabam em maus caminhos.”

É verdade. Isso acontece com mais frequência do que seria de esperar.

Mas eu costumo dizer e também o pratico com minha filha: “Prefiro fazer o que é certo ensinando os caminhos rectos e dormir de consciência tranquila porque dei o meu melhor!”

Quanto aos caminhos que os filhos escolhem na idade de voarem, isso é lá com eles pois o nosso papel é de semear. Os espertos regarão as sementes e tratarão delas para que dêem bom fruto. Os tolos escolherão esquecer os ensinamentos que os educadores lhes deram e sofrerão na própria carne com as suas escolhas erradas.

Como alerta deixo aqui uma pequena lista que registei no tal livrinho de bolso. Pequena, mas que se for posta em prática resultará em bons frutos.

..............................

Guia de alerta para o educador (sobretudo pai ou mãe), em relação às atitudes a tomar com o seu educando.

(Deveria ser) Interdito hoje:

1. Fazer as vontades todas ao seu filho.

2. Rir das asneiras que ele diz e faz.

3. Não ensinar princípios morais.

4. Evitar que os filhos se cansem fazendo as tarefas que lhes competiria fazer.

5. Não ter cuidado com o que o seu filho lê ou assiste, seja em televisão, rádio, livros ou situações do dia-a-dia.

6. Discutir com outros, em frente a ele, principalmente no que diz respeito a algum castigo ou instrução que lhe tenham dado.

7. Dar sempre o dinheiro que ele pede e sempre que o solicite, não o deixando merecê-lo através de mérito próprio ou trabalho.

8. Impedir que o seu filho se sinta frustrado comprando imediatamente tudo o que ele deseja, seja em alimentação, vestuário ou qualquer tipo de conforto.

9. Quando o professor ou qualquer autoridade corrigir o seu filho, dar-lhe força e não mostrar apreço e respeito por esse professor ou autoridade.

10. Deixar o seu filho horas e horas sozinho agarrado a um computador convivendo com qualquer um, e tomando contacto com páginas nada educativas, deixando que ele se torne um estranho dentro de casa.

11. Não se preocupar com as amizades que ele tem, com quem sai, aonde vai, nem com as horas a que ele chega a casa.

12. Não estabelecer regras dentro de casa e não ensinar regras de convivência em sociedade.

13. Não demonstrar aprovação quando ele faz coisas correctas e não demonstrar desaprovação pelas coisas erradas e deixá-lo fazer o que quer sem distinguir o bem do mal.


Bem hajam

Alexandra Caracol

5 comentários:

Mário Margaride disse...

Alexandra, colocou exactamente o dedo na ferida!
Esse é que é o grande calcanhar de Aquiles, do "pais modernos". Pois deixam os meninos e as meninas, fazer o que bem lhes dá na gana, sem se preocuparem com isso!
Depois...é o que se sabe!
Nas escolas, os professores...levam com a má criação em cima!
Embora nalguns casos também sejam coniventes, diga-se em abono da verdade!
Mas de tem toda a razão nessa abordagem à educação. Ela tem que essencialmente começar, dentro de casa. Plenamente de acordo!
Um abraço
Mário Margaride.

Padre Vítor Magalhães disse...

Concordo,...

david santos disse...

Estou com a Alexandra. Mas vou dizer uma coisa que nem sei se será correto da minha parte, sim assim for, desde já as minhas desculpas.
Eu a a minha esposa, que por acaso nem é lá muito boa de aturar, tivemos três filhos, o mais novo tem 24 e a mais velha trinta, a que fica pelo meio tem 29, anos, como é óbvio.
Pois eu, david santos, nunca toquei em nenhum, para lhe dar porrada, claro, nem uma única vez. Nem aos meus netos, nunca!Pois é! Mas a minha esposa bateu, não raras vezes, e as minhas filhas que nunca levaram uma lapada do pai, não têm vergonha de, de quando em vez, sorrar os filhos.
Deixo isto aos entendidos. É que é difícil saber por onde começa uma boa ou má educação. Um simples estado de espírito pode alterar por completo uma futura conduta.
Contudo, devemos sempre procurar equilibrar situações que nos pareçam poder vir a dar mau resultado.
Até sempre.

Anónimo disse...

Assim deve ser cara Alexandra,estou totalmente de acordo.Também de acordo com o amigo David,nada há de mais traumatizante para o futuro,que "surrinhas" por dá cá esta palha..habituam-se à pancada,passam a fazer as coisas com sentido de revolta.É claro que são necessários castigos e umas palmadas,mas nada de mais...

Um abraço para todos,Alexandra,M. Margaride,Victor,David Santos.

Alguém sabe para onde emigrou o nsso Zé faria?Andou a fazer esculturas e deu com uma no...
Apareça homem!

Beezzblogger disse...

Adorei o seu post, e deixe que lhe diga que durnate vários minutos estive parado a pensar e a reflectir, tenho um filho de 6 anos, que estou a tentar educar, e lendo as suas palavras, deram-me força para continuar no caminha e sei que é o melhor, porque muita coisa que escreveu é o que tenho feito dia-a-dia, sou membro da associação de pais e lido com situações do arco da velha, tento mediar todas com racionalidade, e sei que muitos professores são alvo da má educação dos nossos filhos, muito obrigado pelo seu post.

Um abraço
beezzblogger

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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