15 outubro 2006

Igualdade perante a lei

Há dias o Sr. Primeiro Ministro disse que a lei é igual para todos e que ninguém está acima da lei. Achei muita graça. Se estamos em democracia, tal afirmação é desnecessária, supérflua, redundante e, portanto, inútil. Então porque é que ele, sendo efectivamente inteligente afirmou tal coisa com a sua ênfase habitual? A resposta é: por uma questão de marketing ou de propaganda, pois, sendo mentira, é preciso repetir muitas vezes para entrar no cérebro das pessoas menos atentas.

Ora vejamos se a lei é igual para todos. Há poucos meses, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, fez a viagem do Algarve para Lisboa a mais de 200 Km/h, só porque marcou a hora de partida a contar com a capacidade do carro e do motorista para cobrir o percurso, dentro do tempo que mediava para uma reunião que ia ter em Lisboa. Será que qualquer cidadão pode fazer tal percurso a tal velocidade impunemente? A lei na verdade não é igual para todos.

Há poucos dias, o ministro da Economia viajou na A1 no sentido Sul-Norte a 212 Km/h, devido a ter saído de casa a horas que contavam com o excesso de velocidade; um caso parecido com o do Juiz do STJ. O que acontece a um cidadão não político que circule a essa velocidade?

Outro caso curioso: o ministro da Economia, o tal dos 212, disse há dois dias que «Eu acho que a crise acabou totalmente». Isto não é uma frase de ministro mas um palpite de cidadão de meia tigela. Não afirma, apenas acha que. Mas a crise acabou mesmo? Então para que adjectivá-la com o «totalmente». Então para que se esconder atrás do «acho que»? Resumindo, o ministro não afirmou, não disse nada de concreto. Portanto, é mais um problema de marketing para iludir os cidadãos mais distraídos, como aquele que atrás referi.
Andamos a ser enganados. As mentiras das promessas eleitorais continuam, embora não se esteja em campanha de mendigar votos. É pena que não possamos acreditar nos políticos; peço perdão por esta generalização a eventuais políticos que não costumem mentir.
Mas se o ministro acha que, isto é, diz um mero palpite, porque é que, sendo a lei igual para todos, não podem os cidadãos e os jornalistas, em especial, dizer as suas opiniões? Porque é que o 24 horas não pode referir-se ao envelope 9?

E quanto a este, aplica-se uma afirmação de um elemento do programa «O Eixo do Mal» que dizia que a defesa da privacidade serve apenas de conivência à hipocrisia, para ocultar os podres de gente com visibilidade, que da sua vida privada quer publicitadas as eventuais virtudes e aquilo que considera normal, mas quer silenciadas as trafulhices, os pecados e os tráficos de influência ou de outras mercadorias.

A vida está muito difícil! Está mesmo! Apesar de o ministro achar que...

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro A. João Soares.Venho saudá-lo por nos trazer sempre textos bem alinhavados e coerentes.
A democracia para alguns é escrever só um lado da história.Para os Homens é olhar os dois ou mais lados com isenção e sentido de dever.
A bem do pluralismo não deixe de comentar os temas mais escaldantes.

Um abraço
Mário Relvas

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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