30 outubro 2006

Maomé e a Guerra Santa

... parte IX

Queda de Jerusalém

A partir daqui, tudo seria demasiado rápido para qualquer tentativa bizantina de reconquista. Com a ajuda dos cristãos hereges e com a apoio entusiasta dos judeus, o inimigo avançou depressa. Todas as cidades da Síria, à excepção de Cesareia e de Jerusalém, acolhiam o invasor de bom grado. Em Jerusalém, o patriarca Sofrónio, assim que soube da derrota no Rio Yarmuk, mandou reforçar as muralhas, preparando-se para um longo cerco. Mandou também para a costa, para serem levadas para Constantinopla, as relíquias de Cristo.
As tropas árabes, ainda inexperientes em cercos, nada puderam fazer quando chegaram às muralhas de Jerusalém. Esta cidade era sem dúvida a mais bem protegida de ataques, mas ao fim de um longo ano os mantimentos começaram a escassear e Sofrónio começou os preparativos para a rendição, pois não queria ser responsável pela morte de civis.
A cidade cai em Fevereiro de 638, e o califa Omar entra calmamente em Jerusalém, montado num camelo branco. Os seus exércitos, perfeitamente disciplinados, seguem-no pacificamente. Não há ataques à população e a rendição é perfeitamente ordeira. Omar pede ao patriarca para ver os lugares santos, e este leva-o à Igreja do Santo Sepulcro, o lugar mais sagrado da Jerusalém cristã.
Como se aproxima a hora da oração, Omar pergunta a Sofrónio onde pode estender o seu tapete. O patriarca insiste em que ele o estenda logo ali, no interior da Igrja, mas este recusa a oferta, deslocando-se para o exterior e estendendo o tapete no átrio, com a justificação de que, mais tarde, esse seu acto faria com que os muçulmanos reclamassem a posse daquela igreja.
Sem grande dificuldade, Sofrónio consegue a protecção de culto para os crentes do livro, ou seja, para os cristãos, judeus e zoroastrianos. Estes não podem aumentar em número, mas podem continuar a praticar a sua fé livremente. Têm contudo de pagar um imposto, a jizya, e não podem ter armas nem cavalos. Estas condições, bem mais favoráveis para os hereges que as impostas pelo império, são aceites de boa vontade.
Sofrónio consegue ainda que Omar permita que os oficiais do imperador e as suas famílias saiam livremente da cidade e se dirijam para Cesareia, a única cidade importante que ainda resiste, protegida pela armada bizantina. Por mais uma ano, Cesareia resiste ao cerco, porém já não era mais que um núcleo isolado numa região totalmente ocupada pelos árabes. Toda a região do istmo do Suez à Anatólia estava já em poder dos muçulmanos. A Pérsia tinha sido entretanto praticamente aniquilada pelos árabes. Em 637, estes já controlavam o Iraque, e um ano mais tarde, o planalto iraniano.
continua...

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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