22 outubro 2006

Os Vampiros

Zeca Afonso

No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo asasas pela noite calada
Vêm embandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
A toda a parte chegam os vampiros
Poisam nos prédios poisam nas calçadas
Trazem no ventre despojos antigos
Mas nada os prende às vidas acabadas
São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vítimas dum credo
E não se esgota o sangue da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhe franqueia as portas à chegada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada

4 comentários:

Anónimo disse...

Já há pouco que comer,caro Mário margaride.Não esquecer que este poema serviu outros tempos,mas nunca ficou tão bem aplicado como hoje!

"Lá vamos cantando e rindo,levados levados sim,pela voz do som tremendo,clamores das brumas sem fim"...

Um abraço
MR

José Faria disse...

Olá amigo Bendix!

Só pelo facto de eles continuarem a comer tudo, é que o Zeca continua sempre e sempre cada vez mais vivo.

E pouco importa catalogá-lo politicamente, ou simplesmente cantor de intervenção.

Os gatunos do povo é que o mantem vivo enquanto comerem tudo, tudo que ao povo pertence.

Um abraço.

Anónimo disse...

Desculpe lá amigo Bendix,chamei-lhe MMargaride.Foi sem intenção.
Um abraço amigo Bendix

MR

david santos disse...

Obrigado, Bendix. Os homens, mesmo os mais brilhantes, vão, não ficam. Mas o que sai da boca ou é passado ao papel pelos "patetas", desde que seja certo e chegue na hora ideal, jamais morrerá. Há-de ficar sempre e é essa a função do "pateta", para chatear uns e alegrar outros.
Parabéns amigo, bendix.
Até sempre: david santos

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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