Num comentário ao «post» de título «Armas Nucleares», foi aqui recordada a crise dos mísseis soviéticos instalados em Cuba com a intenção de, na estratégia da Guerra Fria vigente na época, constituir uma ameaça da URSS mais próxima e real aos EUA. Quando, em 1962, os serviços secretos descobriram o caso, os EUA intimaram a URSS a retirá-los, gerando-se um período de grande tensão que tirou a respiração ao mundo, com receio de uma guerra nuclear entre as duas grandes potências. Durante toda a Guerra Fria, qualquer erro poderia desencadear um conflito de consequências incalculáveis, pelo que tinha de ser usada toda a prudência diplomática, sempre à beira do abismo. Havia plena consciência, de ambas as partes de que, em caso de um disparo nuclear, gerava-se um situação em que, no final, os estragos seriam tantos que não haveria vencedores nem vencidos.
Em 1985, tive o prazer de ouvir uma série de lições sobre «Preparação da Decisão» pelo professor Joaquim Aguiar, que utilizou a análise escalpelizada deste caso para ilustrar a teoria da decisão. Durante os dias da crise, houve no Pentágono e na Casa Branca um trabalho intenso e permanente de cuidadosa avaliação das informações obtidas por todos os «órgãos de pesquisa» quer diplomáticos quer da Marinha e da Força Aérea, com vista a tomar decisões sucessivas, assentes nas vantagens e inconvenientes das possíveis modalidades de acção. Não podia haver «cobardia» nem ousadia, pois qualquer precipitação seria de grande inconveniência, com o risco do apocalipse nuclear. O bom senso, a prudência de ambas as partes, neste jogo de ameaça, de avanços e recuos, de forma muito controlada resultou a reconsideração da União Soviética que parou o envio de mais mísseis e retirou os já instalados. O mundo respirou fundo, aliviado do pesadelo que o impedia de dormir durante vários dias.
Possivelmente, o bom senso de J F Kennedy neste caso não foi imitado recentemente por G W Bush nos casos do Afeganistão e do Iraque. Quanto ao caso do Iraque, houve nas negociações prévias sinais de êxito, estando quase decidida a saída de Saddam Hussein para um de dois palácios já preparados para um exílio dourado com larga comitiva de sua escolha. Mas, neste tipo de negociações, qualquer informação ou simples indício errado pode estragar tudo. E neste caso o sinal errado foi dado pela ida a Bagdade de dois aviões franceses com empresários do petróleo, o que deu a Saddam a convicção de que toda a deslocação de forças americanas para a região não passava de «bluf», e por isso usou de arrogância que, naquele momento em que se estava à beira do ponto de não retorno, não seria aceitável, e o conflito foi desencadeado. Foi estranha a irreflexão da França, que outrora fora mestre e modelo de arte diplomática.
Com isto, apenas quero sublinhar que nas relações internacionais, as decisões são sempre orientadas para o interesse nacional e muito reflectidas, embora possam correr o risco de um erro na avaliação das variáveis e da importância relativa de cada uma delas. Valeria a pena recordar também o caso do avião de reconhecimento americano que os chineses obrigaram a aterrar em Hainan.
Em 1985, tive o prazer de ouvir uma série de lições sobre «Preparação da Decisão» pelo professor Joaquim Aguiar, que utilizou a análise escalpelizada deste caso para ilustrar a teoria da decisão. Durante os dias da crise, houve no Pentágono e na Casa Branca um trabalho intenso e permanente de cuidadosa avaliação das informações obtidas por todos os «órgãos de pesquisa» quer diplomáticos quer da Marinha e da Força Aérea, com vista a tomar decisões sucessivas, assentes nas vantagens e inconvenientes das possíveis modalidades de acção. Não podia haver «cobardia» nem ousadia, pois qualquer precipitação seria de grande inconveniência, com o risco do apocalipse nuclear. O bom senso, a prudência de ambas as partes, neste jogo de ameaça, de avanços e recuos, de forma muito controlada resultou a reconsideração da União Soviética que parou o envio de mais mísseis e retirou os já instalados. O mundo respirou fundo, aliviado do pesadelo que o impedia de dormir durante vários dias.
Possivelmente, o bom senso de J F Kennedy neste caso não foi imitado recentemente por G W Bush nos casos do Afeganistão e do Iraque. Quanto ao caso do Iraque, houve nas negociações prévias sinais de êxito, estando quase decidida a saída de Saddam Hussein para um de dois palácios já preparados para um exílio dourado com larga comitiva de sua escolha. Mas, neste tipo de negociações, qualquer informação ou simples indício errado pode estragar tudo. E neste caso o sinal errado foi dado pela ida a Bagdade de dois aviões franceses com empresários do petróleo, o que deu a Saddam a convicção de que toda a deslocação de forças americanas para a região não passava de «bluf», e por isso usou de arrogância que, naquele momento em que se estava à beira do ponto de não retorno, não seria aceitável, e o conflito foi desencadeado. Foi estranha a irreflexão da França, que outrora fora mestre e modelo de arte diplomática.
Com isto, apenas quero sublinhar que nas relações internacionais, as decisões são sempre orientadas para o interesse nacional e muito reflectidas, embora possam correr o risco de um erro na avaliação das variáveis e da importância relativa de cada uma delas. Valeria a pena recordar também o caso do avião de reconhecimento americano que os chineses obrigaram a aterrar em Hainan.
2 comentários:
As dificuldades, existentes são devidas aos jogos de poder e interesses, os EUA, onde lhes cheirar a petróleo, estão sempre interessados, independentemente da forma usada para lá chegar... faz parte da estratégia!
Se uma das tácticas, era emprestar dinheiro e financiar países em dificuldades, de forma a que a dívida aumentasse, até ser insuportável o pagamento e então negociar contrapartidas com os EUA... passando por outras etapas que a não resultarem, arranja-se um pretexto para uma guerra!
Aqui está toda a escandaleira, e admira-me o silêncio, da ONU, será para evitar um conflito bélico à escala planetária?
Obrigado, João.
1962 foi a data do encontro entre as duas potências. Então Nikita foi sensato? Mas em 1966, como se recorda, Fidel Castro disse: Podem mandar a Ilha mar dentro, mas ficarão arranhados para o resto dos seus dias. Ainda a guerra no Vietname estava bem acesa. Considere a frase do Fidel uma interrogação, ou melhor; uma pergunta. Pode crer, João, adoro estar a falar consigo.
Um bom fim-de-semana e um grande abraço. Peço-lhe que não se ofenda com os meus desmandos. Eles não têm nada implícito. Apenas a minha maneira de ver as coisas. Sou como os pardais ladrões, poiso em todos os telhados. Daí, "SEM AMARRAS"
Até sempre.
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