11 setembro 2006

O subsídio de desemprego


Segundo notícia de 9 de Setembro, quem estiver a receber subsídio de desemprego e for apanhado a trabalhar pode ficar dois anos sem subsídio. Esta forma de falar é típica da sociedade actual. Repare-se que não é dito que essa sanção é aplicada a quem trabalhar, mas a quem «for apanhado». Passa-se o mesmo nas infracções rodoviárias e muitas pessoas, como sabem que têm pouca probabilidade de ser apanhadas, não evidenciam a mínima preocupação com a lei. Qual é o problema? É a pouca eficácia da acção fiscalizadora e da repressão da infracção, o que, de uma forma geral, pode traduzir-se por deficiente acção combinada da força policial e da Justiça. Enquanto as condições facilitarem o desprezo pela lei, esta não tem o efeito esperado pelo legislador e este não passa de um idealista utópico desenraizado da sociedade real.

O subsídio de desemprego merece outro tipo de reflexão, além do controlo para evitar abusos, que é relacionado com o seu quantitativo. Foi-me contado que um supermercado precisava de uma empregada que pediu ao Centro de Emprego. Uma candidata, no final da entrevista acerca das condições do trabalho, que estavam inteiramente ao seu alcance, perguntou quanto ia receber e, ao ser informada, respondeu: Por esse ordenado não conte comigo, porque o subsídio de desemprego é pouco menor do que isso e não tenho que me deslocar, cumprir horários e aturar um patrão, mas ponha aí no papel que não tenho perfil para o lugar.

Isto é impressionante, pois estamos todos a contribuir para desempregados perpétuos, apesar de haver oferta de emprego que recusam, sem perder direito ao subsídio. Há muita gente que opina contra os imigrantes, mas o certo é que se eles encontram trabalho é porque os portugueses o não querem. E, sem esses imigrantes, muitas empresas não conseguiriam funcionar.
É altura de alguns dos muitos assessores do Governo, fazerem um trabalho sério de diagnóstico deste problema e indicarem duas ou três modalidades de terapia, que estas sejam colocadas à discussão pública e, depois, seja escolhida a julgada melhor, com o consenso dos partidos representados na AR. Trata-se de um problema nacional que tem prioridade sobre o aso Mateus, por exemplo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Os índeces reais do desemprego são muito superiores aos anunciados.Há aqueles que nunca estiveram inscritos nos centros de emprego e que procuram o seu 1º emprego.Há aqueles que estiveram inscritos e já acabaram o timing do subsídio de desemprego,há-os que têm emprego precário como os que trabalham nos centros comerciais,os part-times,os desempregados de longa duração sufocam...este é o país real,não o que nos vendem na lota da peixeirada política!

Mário Margaride disse...

Meu caro amigo Soares.
O amigo concerteza nunca teve a infelicidade, de cair no fundo de desemprego, presumo!
Porque repare! Há situações em que é verdade que aqueles que estão no fundo de desemprego não querem de trabalhar. E na maioria desses casos, o subsídio que recebem é inferior ao salário que eventualmente iríam ganhar. Há com efeito casos desses.
Agora repare! Alguém que tem uma formação específica, que tem qualificações e habilitações que lhe permitem auferir, decorrente dessa qualificação, um salário na ordem dos 800 a 1000 euros. Mas devido à crise na nossa indústria foi mandado para o desemprego. Porque a empresa onde trabalhou reduziu ao pessoal, e o dispensou.
Estando o exemplo em causa, a receber o salário mínimo nacional que é 385 euros aproximadamente, alguém lhe propõe um trabalho temporário, a ganhar exactamente o mesmo, a ter que cumprir 8 horas de trabalho, e ao fim de seis meses, às tantas ser mandado embora...porque finda o contrato!
Qual a motivação que tem essa pessoa?
É capaz de dizer-me?
Isso é apenas um exemplo. Mas como este, há milhares!
Portanto há que ter cuidado na avaliação, porque uma "árvore não faz a floresta".

david santos disse...

Há algumas partes do seu texto que concordo, no pleno. Outras nem tanto. Há situações em que a manutenção do desemprego, fugindo ao posto de trabalho, é uma das armas, senão a única, a que um trabalhador se pode agarrar. Como sabe, amigo João Soares, há muitas maneiras de desgraçar a vida, aos já "desgrados" trabalhadores no desemprego.
Quantas vezes, quantas, um trabalhador desempregado chega diante duma oportunidade de trabalho e lhe é proposto: - O senhor ou senhora vem trabalhar para esta empresa, utiliza o recibo verde e ganha de duas maneiras.
Pois é! O trabalhador que caia em tal trama, fica sem qualquer recurso para o futuro.
Quantos trabalhadores que se diz não aceitarem trabalho são atingidos por tal proposta?
São muitos, meu amigo, João Soares. Mas isto eles não dizem.
Um abraço, João. Escreva sempre, adora ler os seus textos.

Luis M disse...

Veja o problema de vários ângulos antes de formar uma opinião critica.

Já pensou que as entidades empregadoras aproveitam-se do facto de pessoas estarem desempregadas para oferecerem salários exploradores, em condições muitas vezes de escravatura?

Já pensou, que uma pessoa que está a receber o fundo desemprego, descontou para ele, e este não é eterno? já pensou que o RENDIMENTO MINIMO É ETERNO e NUNCA DESCONTARAM PARA ELE?

Já pensou, que uma pessoa que aceite um salário pouco superior ao que aufere no FUNDO DESEMPREGO, vai ter despesas com o trabalho? despesas de transporte, alimentação?

Não será um DIREITO esperar por UMA PROPOSTA DE EMPREGO MELHOR?

Tenho que aceitar a primeira que me propõe?

Ja viu o site do NETEMPREGO??? pagam a pessoas com cursos superiores, exigem experiência empenho e tudo o resto e oferecem,600 euros,,,,,Ganha mais a empregada de limpeza aqui de casa.

Pense antes de ver as coisas só por um lado.

Atentamente

Luis M disse...

Veja o problema de vários ângulos antes de formar uma opinião critica.

Já pensou que as entidades empregadoras aproveitam-se do facto de pessoas estarem desempregadas para oferecerem salários exploradores, em condições muitas vezes de escravatura?

Já pensou, que uma pessoa que está a receber o fundo desemprego, descontou para ele, e este não é eterno? já pensou que o RENDIMENTO MINIMO É ETERNO e NUNCA DESCONTARAM PARA ELE?

Já pensou, que uma pessoa que aceite um salário pouco superior ao que aufere no FUNDO DESEMPREGO, vai ter despesas com o trabalho? despesas de transporte, alimentação?

Não será um DIREITO esperar por UMA PROPOSTA DE EMPREGO MELHOR?

Tenho que aceitar a primeira que me propõe?

Ja viu o site do NETEMPREGO??? pagam a pessoas com cursos superiores, exigem experiência empenho e tudo o resto e oferecem,600 euros,,,,,Ganha mais a empregada de limpeza aqui de casa.

Pense antes de ver as coisas só por um lado.

Atentamente

A. João Soares disse...

Caro Luís M,

Sem dúvida que um problema social só pode ser resolvido depois de estudado em todos os seus aspectos. Isso é dito na parte final do post.

Por outro lado, alguns dos aspectos focados na sua boa análise, apresentam hoje efeitos muito diferentes da época em que foi publicado este post, há quase 7 anos.

Cumprimentos
João

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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