28 setembro 2006

Que esperam das nossas crianças?

Tenho lido vários temas sobre o ensino, educação. Escolas que abrem outras que fecham, pais que se manifestam, o custo excessivo do material escolar.
Não quero de forma alguma, menosprezar estes problemas que se repetem todos os anos. Quero apenas prevenir de forma racional, se estarão a consciencializar as nossas crianças e adolescentes para factores reais dos nossos dias?
Ou vamos continuar a deixar que os nossos filhos pensem que a vida é uma história aos quadradinhos, a ficção que lhes vão mostrando (que tudo se resolve num toque de magia como nas novelas portuguesas).
Vamos continuar a esconder-lhes a realidade, “nua e crua” que os nossos dias teimam em calar? Sendo nós progenitores não será nossa obrigação transmitir, aprontar, alertar que nem tudo são sonhos cor-de-rosa?
Como irão elas reagir quando se depararem na vida com a:
“Pobreza, uma condição na qual a falta acesso a serviços com saúde, educação, segurança e de mínimos recursos financeiros por parte de indivíduos de determinados grupos sociais prejudica ou impossibilita a subsistência dos mesmos. Os países com o maior número de pessoas desnutridas são Bangladesh e a Etiópia. O provável país com o pior saneamento é o Haiti. As expectativas de vida menores são as de Malaui e a Botsuana”.
“Guerra, uma disputa violenta entre dois ou mais grupos distintos de indivíduos mais ou menos organizados. A guerra pode ocorrer entre países ou entre grupos menores como tribos ou facções dentro do mesmo país. Em ambos os casos, pode-se ter a oposição dos grupos rivais isoladamente ou em conjunto”.
“Trabalho infantil”
“Estimativas da UNICEF (Fundo das Nações Unidas pela Infância):
Trabalho infantil em todo o mundo - 246 milhões de crianças e adolescentes até 14 anos;
Região Ásia/Pacífico – 127 milhões (19% do total da população desta faixa etária);
Região da África Subsaariana – 48 milhões (29% da população da faixa etária);
Região da América Latina e Caribe – 17 milhões (16% da população da faixa etária);
Região do Oriente Médio e Norte da África – 5 milhões (15% da população da faixa etária);
Demais regiões – 49 milhões.
No mundo, 171 milhões trabalham em condições consideradas nocivas – dentro de minas, manuseando produtos químicos e pesticidas na agricultura ou operando máquinas e engrenagens perigosas.
70% do trabalho infantil está concentrado na agricultura
Trabalho escravo ou semi-escravo infantil, incluindo a servidão por débito - 5,7 milhões;
Tráfico de crianças - 1,2 milhão;
Prostituição e pornografia de menores – 1,8 milhão;
Recrutamento como soldado em conflitos armados – 300 mil”.

Poderia enumerar mais atrocidades, contudo não quero que me confundam com o bicho papão, é preciso que as nossas crianças sonhem, brinquem alegremente pois o mundo pertence-lhes. Embora não possamos esquecer que a realidade é esta, talvez se os nossos jovens acordarem a tempo consigam mudar o mundo de amanhã atempadamente.


Conceição Bernardino

6 comentários:

Mário Margaride disse...

Mais uma vez tem razão na abordagem que faz. Mas aqui no nosso quadradinho chamado Portugal, há muita criança mal tratada e abandonada, logo à nascença. Sem nunca ter tido essa oportunidade de ser criança, de crescer com carinho e amor, com diz no texto.
Temos de facto de refletir muito bem. Se faz sentido nascerem crianças, para depois serem abandonadas, logo que nascem!
E entregues, à sua própria sorte!
OB: Gostaria que me confirma-se, se o convite que me foi enviado, atravez do recanto das letras, foi da sua autoria. Se foi. Responda-me por favor, via email, obrigada.
Um abraço Mário.

Mário Margaride disse...

Referia-me a um convite para participar numa sessão de poesia, na marginal de Gaia. Num local chamado (Corpus cristi) pelas 22h, de sexta feira, organizado por: Antero Monteiro. Quem convidou, foi alguém de fora do recanto, ou seja, que não escreve no recanto. De nome Conceição. Daí, que me ocorreu perguntar se tinha a minha amiga. Se não foi, peço desculpa. Só queria confirmar. Obrigada.
Um abraço Mário.

Anónimo disse...

Ha! Se as crianças do presente tivessem as carentes oportunidades de brimcarem e criarem como se brincava e criava no passado, estariam mais predispostas para fazerem frente às ousadias e às alienações e exploração da mentalidade, pelos excessos desta sociedade consumista e de valores supérfluos:


UM TOSTAOSINHO
P’RÓ S. JOÃO!

Já não vejo as cascatas
Como via antigamente,
Quando eu ainda criança,
Com a ânsia de ser gente

Improvisava na soleira
E na beira dos caminhos,
P’ra ficar forma de monte,
Com altar e os santinhos.

Ao fundo o rio, a ponte,
A latinha e os troquinhos,
O caneco lá na fonte,
O pescador, os peixinhos.

Tanta criação, talento!
Tanto orgulho na cascata;
De crianças com invento,
Tão puros de arte nata.

De bonequinho na mão,
Com alegre e choradinho,
Pediam p’ró S. João,
P’ra comprar mais um santinho.

Hoje quase se perdeu,
Pura criatividade,
De crianças como eu,
Cheias de motividade.

Sempre activas a inventar
E a criar entretimento:
Didáctico, de educar,
Por suas mãos e talento.

Já nada é como outrora,
De miúdos criadores:
Crianças ficam de fora,
Vendo adultos construtores,

De cascatas monumentos,
Com os putos só a ver;
Entusiastas, atentos,
No que não podem mexer.

Tanta festa ao S. João
E o Santo sempre ausente,
P’ra cimentar união
Respeito, educação
Das crianças que são gente!

Anónimo disse...

Tramóia de texto cara Conceição!É mesmo bonito.

abraços

david santos disse...

Parabéns, Conceição. Adorei. Aliás, como adoro tudo que escreve.
Um grande abaço. Já agora, dado que este espaço é seu, permita-me dizer-lhe que vou estar dia 11 na Universidade Fernando Pessoa, Largo 9 de Julho e para que não tenha de perder tempo, vou deixar-lhe uma colectânea de que faço parte, no Bat dos idosos, mesmo no Jardim do Largo.
Um abraço e até sempre: david santos

david santos disse...

É o Centro Cultural Arca d`água.

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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