21 setembro 2006

SER PROFESSOR

Viva, como estão?
Em primeiro lugar quero deixar bem claro que SOU PROFESSOR.
A opinião pública está completamente intoxicada com a propaganda negativa que foi efectuada pelo M.E. no ano lectivo anterior. Senão vejamos:
- Os professores são incompetentes? Todos os dias vejo excelentes professores a exercerem a sua profissão sem as mínimas condições de trabalho, segurança, autoridade, respeito e solidariedade.

Vou agora voltar 20 anos atrás...
... quando eu era pequenino os professores eram respeitados por mim e pelos meus pais. Se eu fazia asneiras era castigado com a concordância dos meus pais. Se eu tinha negativas era pq não estudava.
Tudo isto se passava assim pq os professores tinha autoridade...

... Hoje em dia:
- a maioria das escolas tem as mesmas condições de à 20 anos;
- os professores não tem na legislação poder para castigar, uma pena máxima de castigo são 10 dias em casa (férias!!!). À dois anos na minha escola um "meninão" repetente do 8º tentou violar no WC uma menina do 5º. Não cumpriu trabalho cívico nas escola pois o papá não deixou. Foi "apenas" de férias 8 dias. Se ela fosse minha aluna eu nunca mais dava aulas pois esse fdp e o seu progenitor teriam levado uma trepa valente. E se fosse minha filha... ia preso (eu);
- A maioria dos professores trabalha para a escola muitas horas fora do seu horário laboral. Eu proponho o seguinte: 35 horas de trabalho no horário mas os testes, trabalhos, avaliações, planificações, etc serão efectuados apenas nesse horário. Vamos ter LISTAS DE ESPERA!
- Muitos professores fazem kms e kms para chegarem às suas escolas, sem o mínimo apoio social para as suas famílias. Eu faço 280 km por dia e a minha mulher (prof tb) 140 km. Temos 3 filhas (6, 5 e 2). Pago impostos mas tenho que pagar (250€/mês) para as minhas filhas estarem na escola pública até ás 18:00. Mais de metade do meu ordenado gasto para trabalhar.

Já estou farto... mas só dou aulas à 8 anos... quero a reforma... ups não sou deputado!

Há maus professores? SIM
Há bons professores? A grande maioria não são bons, são uns heróis.

P.S. - Desculpem mas vou descançar pois já são 0:50 e eu apesar de aos 31 anos sofrer de ensónias e stress tenho aulas amanhã às 08:30. Saio às 06:45.

Um abraço do vosso amigo professor

6 comentários:

Mário Margaride disse...

Boa noite Tiago! Concordo consigo, que hoje a bandalheira que se instalou nas escolas, se deve ao facto do sistema não permitir que se castigue os alunos, como por exemplo, no meu tempo! Na longínqua década de sessenta.
Tudo isso é verdade. Mas...não é só culpa do sistema!
É acima de tudo culpa dos "paizinhos" modernos! Que em casa desde pequenos, permitem que os filhos, façam o que lhes apeteçe, sem regras!
Ora depois...quem leva com a indisciplina, e com a falta de educação dos meninos! São de facto os professores.
Digo-lhe caro Tiago! Se hoje eu fosse professor! Se algumas situações que são do conhecimento público, de agressões, insultos, e todo o tipo de indisciplina que todos sabemos! Lhe garanto, que a alguns...principalmente já espigadotes do secundário! Lhes pregava um par de tabefes bem aviados. Porque se todos os professores agissem...se calhar, isto não estaria tão descontrolado.
Um abraço! Mário

Anónimo disse...

De acordo caro Tiago,temos sido aqui acérrimos defensores de um plano de estudo verdadeiramente a pensar nos alunos.Já aqui escrevi que os professores não podem arcar com as culpas,pois há realmente profssores incompetentes como os há em tds as profissões.É necessário que se pense numa política de futuro em relação ao ensino em Portugal.Sempre a mudar de escolas,de livros ,alterações de matérias,de fracos recursos materiais,de falta de força (alguns são demasiado moles),desolocações longínquas e distorção do ambiente familiar!Nãoéuma profissão fácil,mas é preciso vocação para tal.

Boa sorte e força!

david santos disse...

É verdade, Tiago. Não é fácil levar a vida dentro desta sociedade. É ingrata e muito injusta. Não há interesse em corrigi-la, mesmo naquilo que ela possa ter de mais fácil e necessário. A verdade é que alguém pode estar a tirar partido do seu desespero e indignação. Desde que as reformas vitalícias e lugares públicos começaram a ser tomados pelas castas partidárias, a situação ficou muito complicada para os honestos e competentes.
Só lhe peço uma coisa: não entre em pânico nem desmoralize. Os seus filhos são uma fortuna sem preço. Por isso, meu amigo, não pode quebrar. Quebrar poderia ser fatal para aqueles a quem mais ama: os seus três pequeninos. Eu sei bem que custa. É muito duro, mas os nossos filhos não podem ser beliscados pela cobardia de governantes sem carácter e afastados da dignidade. Calma, muita calma, Tiago.
Um grande abraço.

Anónimo disse...

Parabéns senhor professor Tiago Carneiro, por essa luta, coragem e paciência, para poder levar por diante a sobrevivência profissional e familiar que hoje é exigida aos professores.
Sinceramente não consigo entender como muitos de vós, professores, conseguem manter o sangue frio perante tantos alunos matulões, a partir do secundário, que passeiam os livros, quando os levam para a escola, e que vivem a escola como um passatempo. E quantos numa de gozo e de indiferentes, se mostram arrogantes, mal criados, quando não passam ao insulto ou agressão física como a imprensa tem noticiado.
A educação começa na casa de cada aluno, na família, que é ou deve ser enriquecida e complementada com a formação escolar para os alunos que se esforçam em aprender.
Mas quando a educação não funciona, não há espaço para a formação. E como diz o amigo Mário Margaride, a culpa da má educação de muitos jovens estudantes e de muitos matulões que só perturbam o meio escolar, é da sua família, “dos paizinhos” ou papás que lhes dão tudo, menos a educação.
Se muitos tivessem a educação igual à de muitos dos nossos concidadãos, como eu, que ainda com 11 anos nas férias da escola primária (3.ª classe) já trabalhava na construção civil, alinhando depois aos 14 na mesma área nem sequer tinham tempo para disparates, má educação e vícios, tatuagens ou clipes nas orelhas, primeiro estava o trabalho. Mas muitos nem sabem o que é trabalho.
Entrei para a função pública com 16 anos, como paquete e se quis mais, tive que estudar à noite, fiz a tropa e voltei a ir estudar à noite, trabalhando de dia.
Pois, porque a barriga manda a perna. Mas hoje não lhes falta nada, somente a educação. Por acaso ainda na primária levei algumas reguadas por coisas simples, como por ir para o recreio da escola da parte da manhã, quando só tinha aulas de tarde, ou por não fazer os deveres de casa por falta de tempo.
E do meu pai também tive alguns tabefes. Ai de mim se dissesse merda à frente dele.
Mas hoje é diferente: Viram-se aos pais, viram-se aos professores. Não têm maneiras de ser e de estar.
Mas o sistema também tem algumas culpas em não saber separar o são do podre.
Parabéns professor por resistir!

Tiago Carneiro disse...

Caros amigos
Eu nunca vou desistir!
Nem tenho medo de alunos. Tenho 1,90m e 115kg!!! hé hé hé. Não é fácil ser indisciplinado comigo.
Falo do geral. A carreira docente não é fácil e todos os estudos o comprovam. Só os mineiros sofrem mais stress do que um professor.

O problema dos pais modernos é que os pais que hoje tem meninos nas escolas básicas e secundárias em média tem 45 anos. Logo, no 25 de Abril eram adolescentes e passaram de um momento para o outro a ter uma liberdade "descontrolada". Não sabem educar.

A escola é um local de ensino, de transmissão de conhecimentos. O grande problema é que nós (profs) passamos a vida a tentar EDUCAR meninos. Por isso não há resultados pois só se ensina educação. Não há tempo para mais porque os pais não querem saber.

O próprio nome dos meus patrões está errado. Se querem resultados deverá ser Ministério do Conhecimento e não M. da Educação. Essa é da responsabilidade dos pais. Claro que a escola deve ser um parceiro dessa educação mas nunca o principal educador.

Abraço

Anónimo disse...

Como professor deveria saber que "dou aula á 8 anos", tem H antes do a.

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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