01 outubro 2006

Idosos mal amados pelos governos

Dia Mundial do Idoso – 1 de Outubro 2006
Idosos em Portugal: Retrato a preto e cinzento escuro
"Os velhos têm a obrigação de morrer, para não sobrecarregarem afamília, Segurança Social e Sistema de Saúde".
Este é um postulado da Baronesa Mary Warnock (2004) que foi de novo aflorado e defendido por uma apresentadora da BBC (Jenni Murray) em Agosto deste ano.
Mesmo que a Europa, dita desenvolvida, não se expresse em uníssono neste tom, na prática pratica formas, não menos cruéis de gerontofobia. A sociedade Ocidental não está preparada para e não sabe como conviver com os mais velhos.
Espera-se que um trabalhador activo e contributivo, que no dia seguinte ao da reforma, passa a ser velho, não usufrua por muito tempo dos seus contributos. Para além dos pensionistas, quem completa 65 anos de idade recebe de imediato o rótulo oficial de "idoso". Esta metamorfose, imposta oficiosamente, leva a que as pessoas tenham medo de envelhecer e os idosos tenham medo de ficar velhos.
O rótulo "idoso" em qualquer momento, sem justa causa ou por causa nenhuma, é irremediavelmente substituído por outro rótulo ainda mais estigmatizante: "velho". Velho significa inactivo, inútil e retrógrado. Velho significa perder a voz, a cor e emoções fortes. Aos velhos não são permitidas exuberâncias ou expressividades, de qualquer natureza. Pode-se gritar aos velhos, até porque coitados estão todos moucos. Não é expectável que os velhos se expressem de viva voz: primeiro porque deles se espera a quietude total, incluindo a verbal; segundo porque ninguém lhes dá voz, seja ela social oupolitica. Aos velhos é-lhes permitido expressarem carinho (dentro de círculos familiares devidamente controlados), mas nenhum velho deve ousar o amor ou (re)usar a paixão.
Não serão estas, formas tão ou mais cruéis que o decreto de eutanásiaforçada?
Serão precisos muitos mais anos para que os idosos deixem de servelhos. A revolução cinzenta já começou, mas por enquanto de forma pouco "preto no branco". Os nossos idosos ainda se debatem comconflitos de identidade.
Não é só a dita sociedade que não os compreende. São também os idosos que, não se percebem e não assumem o que podem ser por direito. Por enquanto é o rótulo estereotipado da sociedade que prevalece, protegido pela hipocrisia das verdades estatísticas: Os velhos são pobres e analfabetos. Em pleno século XXI mais de 1 milhão de idosos em Portugal, vive com um rendimento mensal inferior a 300 euros; 30% está em risco de pobreza; 26% são analfabetos (42% a partir dos 75anos); 94,3% não concluiu o 3º ciclo do ensino básico.A pobreza monetária e literária retira aos velhos a força que a sua vantagem numérica lhes poderá conferir: representam 17% da sociedade e mais de 20% do eleitorado.Quando se fala de envelhecimento em Portugal, fala-se de pobreza ou das questões que gravitam em torno da falta de riqueza, como sejam os custos com cuidados continuados de saúde e a sustentabilidade da Segurança Social.
O combate à pobreza parece mais difícil do que a sua prevenção. Os esforços para produzir "mais e melhores anos de vida" devem concentrar-se me medidas prática e não em exercidos demagógicos ou de lamentação infrutífera.
A Comissão Europeia decretou 2007 como sendo o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para todos. È legitimo desejar que os idosos sejam incluídos na Agenda Politica e nas Prioridades Nacionais, porque uma sociedade que se diz desenvolvida não pode continuar a manter vivos, sem expectativas de vida, aqueles que contribuíram para a sua evolução e desenvolvimento.

Teresa Almeida PintoPresidente da Associação VIDA*

*A Associação VIDA ( Valorização Intergeracional e Desenvolvimento Activo) é representante em Portugal da Plataforma Europeia das PessoasIdosas, gere o Projecto TiO (Terceira Idade Online) que desde 1999,tem desenvolvido iniciativas para a inclusão digital dos Idosos epromoção da solidariedade Intergeracional. Contactos: Fax: 227410134 Telef: 227410133 934131140 email:vida@viver.orgOutras Informações: População Idosa em Portugal – Dados Estatísticos

3 comentários:

Anónimo disse...

OUTONO DA VIDA

Oh! Este Outono!
Repleto de histórias,
Este Outono…
Repleto de saberes
E de memórias.
Continuas a ser dono,
De experiências e glórias!?
Vá!
Desabrocha tua graça,
Ao novo tempo que passa.
Como foram as Primaveras
Que viveste e percorreste?
Esta vida já esqueceu
Esse tempo que foi teu.

Conta-nos Outono,
Como outrora se viveu;
Quando eras Primavera
E o Verão era só teu!

Não deixes ver-se perder
O que só tu tens p’ra oferecer!
Dá testemunho à tua gente!
Ainda a luz tens que ser
Da Primaveras presente

Anónimo disse...

Caro João Soares,fantástico este tema.
Os "idosos" são como os deficientes,um mal para a sociedade presente,um lucro para as empresas "lares",um gasto para o estado depois de uma vida de contribuições e desenvolvimento do país...
Triste realidade!

Caro José Faria,o amigo Victor Simões já o convidou para escrever no blog,venha até nós com o seu saber da vida.

Apareça!

abraços

Anónimo disse...

Bom Dia Amigo Mário Relvas.
Acabei de enviar o e-mail ao amigo Vitor.
Obrigado. Bom Domingo!

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Atribuído Pela nossa querida amiga e colaboradora deste espaço, a Marcela Isabel Silveira. Em meu nome, e dos nossos colaboradores, OBRIGADO.

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